Com a divulgação do índice de desenvolvimento humano
municipal brasileiro (IDHM) ganhamos mais um indicador do desempenho da
economia brasileira pós-reformas. Depois de pelo menos quarenta anos de
políticas desenvolvimentistas o Brasil resolveu dar uma oportunidade as
reformas pró-mercado. Longe de ter sido uma escolha espontânea a opção pelas
reformas foi tomada por falta de qualquer outra opção disponível após o colapso
da estratégia desenvolvimentista na década de 1980. É importante ressaltar este
ponto, pois ajuda a explicar a razão de não termos investido a fundo nas
reformas, fizemos o mínimo de reformas necessárias para tirar a economia
brasileira do atoleiro em que estava. Mas fizemos, e vinte anos depois é possível
ver como este modesto ímpeto reformista mudou a economia brasileira.
A figura (tirada do Atlas de Desenvolvimento Humano Municipal Brasileiro) mostra o IDHM em 1991, 2000 e 2010. Temos
um retrato dos municípios brasileiros no início das reformas, no meio e no
final do período de revisão (mas não reversão) das reformas. Em 1991 o IDHM do
Brasil como um todo era 0,492, o Brasil era então um país de muito baixo
desenvolvimento humano, em 2000 o IDHM era 0,612, dez anos de reforma o Brasil
já era um país de médio desenvolvimento humano, por fim, em 2010, o IDHM era de
0,727. Em vinte anos de reformas o Brasil deixou de ser um país de
desenvolvimento humano muito baixo (a pior classificação) e passou a ser um
país de médio desenvolvimento humano (a segunda melhor classificação). Entre
1991 e 2000 o IDHM aumentou 24,4%, entre 2001 e 2010 aumentou 18,8%,
considerando o período como um todo o IDHM aumentou 47,8%.
Ao contrário do crescimento concentrador de renda pessoal e
regional que ocorreu no período desenvolvimentista o crescimento do IDHM
beneficiou todas as regiões brasileiras e abarcou todos os indicadores
considerados no IDHM. A expectativa de vida ao nascer subiu de 64,7 para 73,9
anos. A população com idade de 5 a 6 anos que frequenta escola subiu de 37,3%
do total em 1991 para 71,5% em 2000 e chegou a 91,1% em 2010. Em 1991 85,8% dos
municípios brasileiros tinham desenvolvimento humano muito baixo, esta
percentagem caiu para 41,8% em 2000 e incríveis 0,6% em 2010. Na outra ponta
não tínhamos municípios com desenvolvimento humano alto ou muito alto em 1991,
em 2010 estes municípios somaram 34,7% do total de municípios (33,9% de alto
desenvolvimento e 0,8% com desenvolvimento muito alto).
Os números são acachapantes. Por qualquer critério usado no
índice de desenvolvimento chega-se a conclusão que vinte anos após as reformas
o Brasil está muito mais desenvolvido do que quando as reformas começaram. Lembrem
destes números toda vez que alguém falar que as reformas só beneficiaram os mais
ricos e quebraram o Brasil, foi o contrário. A partir de 2006 o governo
brasileiro começou a abandonar a agenda de reformas e a partir de 2011, com
Dilma, começou uma agenda de contra reformas. Proteger a indústria voltou a ser
mais importante que proteger os cidadãos. A quem interessa o abandono das
reformas? Quem ganha com isto? Pensem nisto.