O G1 divulgou resultados de pesquisas a respeito da aprovação do presidente Bolsonaro em todas as capitais de estados com exceção de São Luís do Maranhão (link aqui). Fiquei curioso em saber qual a relação dessa aprovação com o desempenho de Bolsonaro nas eleições de 2018. A ideia é saber se a aprovação é maior ou menor do que a votação que Bolsonaro recebeu, ou seja, quero saber se o percentual da população que aprova o governo é maior ou menor que o percentual da população que votou no Presidente da República.
Para fazer o exercício considerei a votação no primeiro turno
por considerar que é uma medida mais adequada da proporção de eleitores que queriam
Bolsonaro no Planalto. A natureza do segundo turno faz que o candidato receba
votos de quem não aprova, mas acredita que é uma opção melhor do que a única alternativa.
Considerei duas medidas de aprovação: na primeira considerei apenas quem
avaliou o governo como ótimo ou bom, na segunda acrescentei quem avaliou o
governo como regular. Os dados foram obtidos no G1 (link aqui e aqui) relativos
a pesquisas do Ibope e a apuração das eleições de 2018.
A figura abaixo mostra a aprovação (ótimo/bom) e a votação
no primeiro turno de 2018, também estão na figura uma reta de 45º em azul
escuro (pontos nessa reta significam que a provação é igual à votação em 2018,
abaixo da reta significa aprovação menor do que votação e acima da reta significa
aprovação maior do que votação) e uma reta de regressão em azul claro (pontos
na reta significam que a aprovação é igual a prevista considerando apenas a
votação em 2018, acima significa aprovação maior do que a prevista e abaixo significa
aprovação menor do que a prevista). Repare que Aracaju é a única capital onde a
aprovação de Bolsonaro não é menor que foi a votação. Também é relevante notar
que em todas as capitas do Sudeste a aprovação é menor do que a sugerida pela
votação em 2018.
A figura abaixo mostra a diferença entre a aprovação de
Bolsonaro, medida pelas avaliações com ótimo ou bom, e a votação em 2018. Como
era de se esperar a diferença é negativa em todas as capitais com exceção de
Aracaju, a maior queda ocorre no Rio de Janeiro (24,3%) seguida pelas quedas em
Curitiba (22,1%) e Rio Branco (21,4%).
Como não podia deixar de ser, a situação melhora para o
governo quando é considerada medida de aprovação que inclui os que avaliam
Bolsonaro como regular. A figura abaixo reproduz a primeira figura do post usando
essa nova medida de aprovação, a interpretação das retas é a mesma. Note que apenas
em Florianópolis a aprovação é menor do que a votação, em todas as capitais do
Sudeste a aprovação ficou acima da votação em 2018, porém abaixo da aprovação
esperada considerando apenas a votação em 2018.
As maiores diferenças entre aprovação e votos em 2018 foram
observadas em Teresina (25,4%), Macapá (21,5%) e Aracaju 19,1%). Entre as cinco
capitais com maiores diferenças entre aprovação e votação quatro são de estados
do Nordeste, as dez maiores diferenças estão todas em capitais do Norte ou do
Nordeste.
As figuras acima me parecem interessantes, por isso resolvi
compartilhar com os leitores do blog, mas não oferecem uma conclusão clara a
respeito do desempenho de Bolsonaro em 2018 e atual. A depender da medida a
aprovação do presidente pode ter caído ao aumentando em relação a votação no
primeiro turno de 2018. Um resultado que parece comum nas duas medidas é que a boa
vontade com Bolsonaro cresceu mais, ou caiu menos, no Norte e no Nordeste.
Não recomendo o uso dos exercícios desse post para especular
sobre o que vai acontecer em 2022. Estamos em um momento de muita tensão e
incerteza, uma combinação que deixa o futuro ainda mais imprevisível do que
costuma ser. Como vai ficar o novo Bolsa Família? Como vai ficar a economia, especialmente
desemprego e inflação? Quais os efeitos da incorporação do Centrão ao governo
na percepção de corrupção envolvendo Bolsonaro? Vamos te ruma segunda onda da pandemia
como está acontecendo em partes da Europa? As respostas a essas perguntas estão
no futuro e, creio eu, são mais decisivas para 2022 do que a aprovação atual de
Bolsonaro.