Foi divulgado o ranking de competitividade elaborado pelo
Centro Mundial de Competitividade (link aqui). O centro é ligado ao IMD (link
aqui) e o ranking é divulgado a quase vinte anos. A primeira vez que o Brasil
foi apareceu no ranking foi em 1997 ocupando a 34º posição em um total de 46
países. Em 2010 estávamos em 38º de 59 países, perdemos quatro posições, porém
apareceram 13 países novos na lista. Na versão de 2016 ficamos em 57º, de 2010
a 2016 caímos 19 posições e só entraram 3 países no período. De fato, a partir
de 2010 o Brasil começou uma tendência de queda no ranking, ficamos em 44º em
2011, 46º em 2012, 51º em 2013 e 56º em 2015. Essa queda é mais uma evidência
do erro que cometemos lá por 2006 quando abandonamos a agenda de reformas e
voltamos a adotar práticas desenvolvimentistas.
Olhando o quadro geral é possível observar que somos
competitivos que países com renda per capita semelhantes à nossa. A figura
abaixo ilustra esse ponto, para evitar distorções no gráfico retirei Qatar e
Luxemburgo da lista, ambos possuem PIB per capita superior a $100.000. O Brasil
é representado pelo ponto vermelho, repare que vários países com PIB per capita
próximos ao nosso apresentam uma pontuação superior à nossa. A pontuação média
dos países com PIB per capita menor que o do Brasil é 57.246, a pontuação do
Brasil foi 51.676, ou seja, baixa renda não é desculpa para nossa falta de
competitividade.
A figura abaixo mostra os dez piores classificados no
ranking. Abaixo e quase empatada conosco aparece a Croácia, depois vem Ucrânia,
Mongólia e Venezuela. A Argentina, que ano passado estava pior que o Brasil, já
começa a abrir vantagem. Nunca é demais lembrar que a Ucrânia quase teve uma
guerra civil e um conflito militar com a Rússia, a Venezuela foi destruída por
uma ditadura, a Croácia ficou independente após uma guerra violenta que
terminou em 1995 e hoje está envolvida com a crise humanitária dos refugiados
do Oriente Médio e a Mongólia é um país que foi governado pelo mesmo partido, Partido
Revolucionário Popular Mongol, de 1921 a 2010 em um regime que até 1990 era de
partido único. É difícil explicar o que o Brasil está fazendo no meio desta
turma.
É verdade que temos sérios problemas de curto prazo para
resolver, mas também temos de dar a devida atenção a nossa competitividade. A
boa notícia é que resolver os problemas de curto prazo não exclui políticas que
aumentam a produtividade no longo prazo, pelo contrário, medidas como melhoria
da gestão no setor público, privatizações e redução da burocracia podem
simultaneamente ajudar no ajuste fiscal e no crescimento da produtividade. Por
outro lado, aumentos de impostos, principalmente com os impostos ruins que
temos no Brasil, podem até ajudar a resolver o problema fiscal, mas complicam o
crescimento da produtividade a médio e longo prazo. Estamos em um momento
crítico, podemos retomar o caminho das reformas desta vez prestando mais
atenção ao lado fiscal ou podemos tentar aumentar arrecadação para manter
privilégios de grupos de interesse. A escolha que fizermos vai definir como
estaremos nos próximos dez anos.