No post apresento e comento os dados referentes aos resultados das eleições para prefeitos das capitais dos estados brasileiros. Das vinte e cinco capitais que foram às urnas, Macapá ficou de fora por conta dos problemas com energia elétrica, sete já definiram seus prefeitos. Alexandre Kalil (PSD) foi eleito em Belo Horizonte com 63,36% dos votos válidos, Marquinhos Trad (PSD) foi eleito com 52,58% dos votos válidos de Campo Grande, Rafael Greca (DEM) teve 59,74% dos votos em Curitiba, Gean Loureiro (DEM) teve 53,46% dos votos em Florianópolis, Álvaro Dias (PSDB) ganhou com 56,58% dos votos em Natal, Bruno Reis (DEM) teve 64,20% dos votos de Salvador, em Palmas, que não tem segundo turno por ter menos de duzentos mil habitantes, Cinthia Ribeiro (PSDB) ganhou com 36,24% dos votos válidos. Nas demais capitais só conheceremos os prefeitos após o segundo turno. Considerando os prefeitos já eleitos nas capitais o DEM está na dianteira com três prefeitos, seguindo pelo PSD e PSDM com dois prefeitos cada.
Goiânia e Curitiba tiveram dezesseis candidatos cada e foram
as capitais com maior número de candidatos à prefeitura. A capital com menos
candidatos a prefeito foi Rio Branco com sete candidatos. Das cinco capitais
mais populosas a que teve mais candidatos foi Belo Horizonte, 15, seguida pelo
Rio de Janeiro, 14, São Paulo, 13, Fortaleza, 11, e Salvador, 9. A figura
abaixo mostra o número de candidatos a prefeito em cada capital.
O PSOL foi o partido com mais candidatos a prefeitos nas
capitais, 22, depois aparece o PT com 20 e o PSTU com 16 candidatos. O MDB
aparece em quarto com 14 candidatos e o PCO em quinto com 13 candidatos. A curiosa
presença do PCO e do PSTU na lista dos cinco partidos com mais candidatos talvez
mereça alguma atenção. Minha primeira impressão é que a listo mostra uma
estratégia da extrema esquerda de usas estruturas partidárias para divulgar ideias,
em uma leitura positiva, ou abocanhar mais verbas do governo, em uma leitura que
não é positiva, mas talvez seja mais realista.
O quadro muda completamente quando consideramos os votos dos
partidos nas capitais. O partido que mais recebeu votos, foram considerados
todos os candidatos listados pelo TSE, foi o DEM, com pouco menos de 2,69
milhões de votos. Na sequência aparecem PSDB, cerca de 2,45 milhões de votos,
PT, 1,73 milhões de votos, PSOL, 1,70 milhões, e REPUBLICANOS, 1,48 milhões. O PCO,
apesar de ser o quinto partido em número de candidatos, teve pouco mais de três
mil votos nas capitais ficando à frente apenas do PMN, que teve dois
candidatos, e do PDB, que teve apenas um candidato. O PSTU ficou um pouco
melhor que o PCO, os dezesseis candidatos do partido tiveram somados 16,4 mil
votos, pouco mais da metade dos votos dos dois candidatos do PTB.
A capital onde o DEM teve mais votos foi o Rio de Janeiro
onde Eduardo Paes teve cerca de 975 mil votos, um número de votos maior que os
de Bruno Reis que levou Salvador com 64,2% dos votos (cerca de 780 mil votos).
O maior número de votos do PSDB foi em São Paulo com Bruno Covas (1,75
milhões), a capital paulista também deu o maior número de votos para o PSOL, Guilherme
Boulos com cerca de 1,08 milhões, e para o PT, Jilmar Tatto com 462 mil votos.
O REPUBLICANOS, assim com o DEM, teve sua maior votação no Rio de Janeiro com
Marcelo Crivella (577mil).
Os votos nas capitais reforçam a ideia de que o PSOL está em
condições de desafiar a hegemonia do PT na extrema esquerda (se não gostou do
termo pode substituir por esquerda bolivariana, esquerda democrática e popular
ou qualquer nome que diferencie o PT e suas antigas linhas auxiliares de uma esquerda
no estilo dos tucanos ou do PSB). A dificuldade do PT com os eleitores das
capitais também aparece nos apenas dois candidatos do partido que disputam
segundo turno, Marilia Arraes em Recife e João Coser em Vitória, com chances
reais do PT ficar fora das prefeituras em todas as capitais do país.
Não sei o quanto esses resultados podem influenciar nas
eleições de 2022. Os protagonistas da corrida presidencial em 2018 ficaram
apagados nas capitais, se os problemas de Bolsonaro não aparecem nas figuras do
post é porque o Presidente sequer tem um partido. Por outro lado, creio que é razoável
concluir que o resultado das eleições mostram que os eleitores das capitais perderam
o encanto com o projeto de poder do PT, que quase fez de Lula um Perón
brasileiro, e de Bolsonaro, que nunca me pareceu capaz de ir muito além do que
chegou em 2018. Isso é bom!