A UnB mais uma vez terá de escolher quem será o reitor pelos
próximos quatro anos, assim como na última eleição eu decidi apoiar a
candidatura do Prof. Ivan Camargo e da Profa. Sônia Báo (link
aqui). Embora a realidade
da UnB tenha mudado muito de 2012 para cá as razões que me levaram a manter o
apoio a atual administração são basicamente as mesmas das daquela época: o
professor Ivan tem a melhor proposta de gestão para UnB, deixa claro que a
busca da excelência é seu principal objetivo e, talvez mais importante, está
cercado das pessoas mais habilitadas para administrar a UnB de forma eficiente
e buscando a almejada excelência acadêmica. Antes que alguém se precipite e
tente insinuar que meus verdadeiros motivos estão ligados à disputa política
nacional ou a minhas ideias liberais quero deixar claro, para o bem ou para o
mal, que não é o caso.
No grupo que apoia o professor Ivan existem pessoas de
várias linhas de pensamento, até defensores dos governos petistas, e dificilmente
alguém encontraria um viés liberal no grupo, nem mesmo a turma que acredita que
os tucanos são liberais. O que une o grupo é o entendimento que a gestão da UnB
tem de ter a excelência acadêmica como objetivo, a eficiência e o cuidado com
os recursos públicos como princípio e não pode ficar refém de disputas
políticas partidárias. É claro que eu gostaria de ver uma alternativa liberal
para a reitoria da UnB, confesso até que às vezes penso em ser candidato (sem
pretensões de ganhar, é claro) para poder colocar algumas ideias novas no
debate, mas a ideia sai da minha cabeça quando penso que isso poderia
atrapalhar a manutenção de uma gestão que eu acredito ser a melhor dentro das
opções realmente possíveis.
Deixemos de coisa e cuidemos do assunto. Quando digo que a
atual gestão apresentou resultados que mais que justificam a manutenção do
atual reitor falo com base em números e ações da gestão. Na lista de ações
destaco a reativação do Conselho Diretor da UnB (para ser preciso não é bem da
UnB, mas não vale à pena entrar nos detalhes, mais informações
aqui), um
conselho formado majoritariamente por pessoas de fora a universidade e que tem
como missão, entre outras coisas, cuidar do patrimônio da UnB e acompanhar a
gestão do reitor. Outra ação que merece destaque foi o enfretamento de grupos
que insistem em ocupar espaços da universidade como forma de impor determinadas
pautas, um exemplo de reação foi quando da ocupação da reitoria em 2014 (link
aqui), a partir desta invasão foram estabelecidos protocolos que incluem a
possibilidade de pedido de reintegração de posse, medida que de fato foi usada
em mais de uma ocasião. Por fim, registro as várias ações em busca de colocar
toda a universidade na legalidade. Como diretor sofri e reclamei do fim dos
contratos de trabalho irregulares, como cidadão é impossível não aplaudir as difíceis
decisões da reitoria neste sentido.
A melhor maneira de ver como essas e outras ações da
reitoria se refletira na UnB é analisando os números. Por demanda do Conselho
Diretor a reitoria teve de apresentar um relatório de ilustrado de gestão referente
ao período 2012 a 2015 (link
aqui). Uma peça que, ao contrário dos relatórios
enviados ao TCU, é simples o suficiente para que cidadãos sem doutorado em
contabilidade e/ou anos de experiência com finanças públicas possa ter uma
ideia do desempenho da UnB. Se o amigo não estava convencido da importância de
reativar o Conselho Diretor espero que o conhecimento desse tipo de demanda o
ajude a se convencer. Infelizmente não existe relatório semelhante para a gestão
anterior e buscar as informações nos relatórios oficias demandaria muito tempo
(se alguém se animar os relatórios estão
aqui), sendo assim não será possível
comparar a tendência da gestão atual com a da gestão anterior, como membro do
Conselho Administrativo da UnB sei que algumas tendências mudaram, mas não tenho
números para fazer uma análise adequada nesse post.
Comecemos pelos indicadores de resultado. Na avaliação do
MEC a UnB consegui a nota máxima pela primeira vez. Caso não goste dos
critérios do MEC, o amigo pode se interessar pelo QS World University Rankings
elaborado pela Quacquarelli Symonds, uma consultoria britânica especializada em
educação. O ranking leva em conta diversas dimensões (link
aqui) e aparentemente
é bastante difundido pelo mundo. A figura abaixo mostra a evolução da UnB nesse
ranking, saímos da 25º para 10º melhor da América Latina, atualmente estamos na
nona posição.
Outro indicador de qualidade é a produção científica, entre
2012 e 2015 as publicações em periódicos internacionais foram de 1.854 artigos
para 5.039 artigos, se olharmos artigos por professor a média foi de 0,64 para
1,36, isso mesmo, a publicação internacional por professor na UnB mais que
dobrou em quatro anos. A figura abaixo ilustra a evolução da produção docente.
As cores representam o ano e o número de professores, as alturas das barras a
produção por docente e o número em cada barra é o total de artigos publicados
em periódicos internacionais no ano em questão. É fácil ver que o aumento da
produção foi bem maior que o aumento do número de professores.
Outros indicadores de qualidade são o aumento da nota média
dos programas de pós-graduação na avaliação da CAPES, foi de 4,34 para 4,46, e
o aumento de cursos com cinco estrelas no Guia do Estudante da Editora Abril.
Não houve melhora no ranking da Folha de São Paulo, de fato a UnB caiu uma
posição nesse ranking indo da 8ª para 9ª posição. Considerando apenas os cursos
da FACE precisamos trabalhar a percepção do mercado em relação a nossos alunos,
é difícil porque o critério e elaborado a partir de entrevistas com recrutadores
de São Paulo que não conhecem bem nossos alunos, difícil, mas não impossível.
Considerando apenas ensino a UnB está na 4ª posição no ranking da Folha. Um
último indicador de resultado, que é apresentado na figura abaixo, é aumento da
proporção de alunos que se formam em relação ao total de alunos matriculados.
Alguém poderia imaginar que a melhora nos resultados
decorreu de uma redução no tamanho da universidade, se fosse o caso seria razoável
argumentar que a melhora decorre de uma seleção mais restritiva e, portanto,
teria um potencial de excluir potenciais alunos. Não foi isso que aconteceu, entre
2012 e 2015 aumentou o número de aluno na graduação, no mestrado e no
doutorado. A figura abaixo ilustra esse aumento.
Além de crescer em número de aluno a UnB cresceu em número
de servidores. O número de professores foi de 2.880 para 3.029 e o de técnicos
administrativos foi de 2.770 para 3.111, ou seja, além de ser uma universidade
melhor a UnB também é uma universidade maior. A figura abaixo mostra o
crescimento no número de professores e técnicos administrativos.
As ações sociais da UnB também aumentaram. A figura abaixo
mostra a evolução do número de alunos que recebem bolsa permanência, um
programa destinado a estudantes com renda familiar per capita igual ou menor a
um salário mínimo (link
aqui). O total de alunos assistidos subiu de 2.604 para 4.816, para
ser justo é preciso dizer que o programa é financiado pelo governo federal, o
mérito da UnB estaria em implementar o programa para nossos alunos.
Um indicador particularmente impressionante diz respeito ao
Restaurante Universitário (RU), a figura abaixo mostra o número de refeições servidas
no RU do campus Darcy Ribeiro, o maior campus da UnB. Repare que o número de refeições
servidas quase triplicou. Se o aumento nos números da assistência estudantil
deve ser creditado em sua maior parte as ações do governo federal, o aumento
nas refeições servidas no RU decorre quase que exclusivamente de ações dos
gestores da UnB. A mudança do modelo de administração direta por um modelo de concessão
foi a chave para a transformação do RU.
Além do aumento do número de refeições ouço relatos
corriqueiros de alunos afirmando que a qualidade da refeição também melhorou.
Não bastasse o aumento da quantidade e da qualidade o RU também ficou regular,
antigamente o RU passava meses fechado por fatores como greve de técnicos administrativos
ou problemas técnicos. Com o modelo de concessão isso mudou, manter a
regularidade é do melhor interesse da empresa que administra o RU. Também foi
na a atual gestão que o RU chegou nos campi avançados no Gama, Ceilândia e
Planaltina e na Fazenda Água Limpa. Aqui é preciso fazer um registro: a decana
responsável pelo Decanato de Assuntos Comunitários pela maior parte do período,
profa. Denise Bomtempo, também está na disputa pela reitoria e tem todo direito
de reivindicar méritos pelo sucesso de políticas que ela esteve à frente. Não
sei dizer porque a profa. Denise Bomtempo optou por candidatura própria em vez
de seguir com a atual gestão, seja lá qual for a razão eu respeito, mas espero
que em breve possamos estar novamente no mesmo lado em sentido estrito, porque
em sentido amplo sempre estivemos.
A esta altura o leitor deve estar pensando que tudo isso foi
possível por conta de um significativo aumento do orçamento da UnB. Não foi o
caso, o orçamento de fato aumentou, foi de R$ 1.67 bilhão em 2012 para R$ 1.71
bilhão em 2015, porém o aumento foi todo na conta de pessoal. A conta de
custeio caiu de R$ 589 milhões para R$ 428 milhões e a de investimento caiu de
R$ 103 milhões para R$ 97 milhões, as quedas decorreram de corte de gastos
promovidos pelo governo federal. A figura abaixo mostra o orçamento da UnB
entre 2012 e 2015.
O ajuste feito pelos gestores da UnB fica claro quando olhamos
o custo por aluno. No relatório de gestão aparecem três definições de custo por
aluno, na figura abaixo é utilizada a do TCU incluindo o Hospital Universitário
(HUB). Nas três definições o custo médio por aluno cai entre 2012 e 2015. Na
metodologia da UnB a queda foi de 35%, na definição do TCU com o HUB a queda
foi de 19% e na definição do TCU que não inclui o HUB a queda também foi de 19%.
Aumentar a qualidade ao mesmo tempo que reduz custo não é
uma tarefa fácil, muito menos em uma universidade federal onde o gestor fica
exposto a todo tipo de pressão. Pude acompanhar parte dos esforços da administração
para conseguir esse feito, boa parte foi trabalho de formiguinha: revisão de
contrato por contrato, contas examinadas com lupa, mudanças de conceitos na
contratação de serviços e coisas do tipo. Um exemplo que ilustra o esforço da administração
da UnB é a conta de telefone. A figura abaixo mostra a despesa com
telecomunicações entre 2012 e 2015, repare na queda gigantesca. É difícil acreditar que tamanha queda foi
obtida basicamente com revisão de contratos e desligamento de linhas que não
eram usadas. Alguém pode dizer que uma redução de R$ 3.68 milhões é pouco perto
do tamanho do orçamento da UnB. É um jeito errado de pensar, como já falei em
outros lugares é preciso que o setor público troque a lógica do “dá bilhão?”
pela lógica do “é necessário?”. As linhas não utilizadas claramente não eram
necessárias e os R$ 3,68 milhões podem não impressionar quem só se impressiona
com bilhões, mas podem ser úteis em outras áreas da UnB.
A última figura do post mostra a quantidade de recursos que
a UnB conseguiu com captação própria nas alturas das barras e o quanto essa
capitação correspondia do gasto em custeio a cada ano como o número em cada
barra. A queda no valor total é lamentável, mas pode ser explicada pela crise
que vivemos, sou testemunha de como ficou mais difícil encontrar parceiros para
a UnB nos últimos anos. Porém, parte da queda pode estar associada a variáveis
que podemos controlar, é preciso focar em redução de burocracia e aumentar a
segurança jurídica de quem faz captação. É preciso aparar as arestas de forma a
deixar claro o que pode e o que não pode ser feito e qual a participação da
UnB, das unidades, dos departamentos e de quem fez a captação na divisão dos
recursos captados. Tudo isso vai facilitar, dar mais transparência e, creio eu,
aumentar o volume de recursos captados. Sendo assim lanço o desafio que daqui a
quatro anos estejamos captando 60% de nosso gasto em custeio.
Cada membro da comunidade da UnB tem suas próprias esperanças
e seus próprios desafios a lançar para todos nós, é bom que seja assim. Alguns
desafios serão vencidos e outros não, é natural, o que não podemos é nos deixar
tomar por nossas frustrações e colocar uma venda diante das várias e inegáveis
conquistas da atual administração da UnB. Quem lembra de como estávamos em 2012
e sabe como estamos hoje não pode negar os avanços. É possível especular se com
outra administração estaríamos ainda melhor? Claro que sim, sempre é, mas não
vejo indícios que seja o caso, pelo contrário, temo que uma mudança na administração
possa reverter muito dos ganhos que tivemos nos últimos quatro anos. Reduzir
custos e aumentar qualidade sem restringir os serviços é tarefa para poucos, foi
exatamente isso que o prof. Ivan Camargo, a Profa. Sônia Báo e a equipe que
tocou a UnB nos últimos anos fizeram. Está na hora de também fazermos nossa
parte e nos mobilizarmos para garantir a manutenção da administração da UnB, um
mês de esforço em troca da consciência tranquila por saber que ajudamos a
manter a UnB no caminho certo. Mais do que nunca é o momento de dizer para todo
mundo ouvir: Somos Todos Unb!