Saíram os números referentes às Contas Nacionais relativos
ao primeiro trimestre de 2014 (link aqui). O resultado que mais chamou atenção foi
o baixo crescimento do PIB, no trimestre em questão o PIB cresceu 0,2% na série
com ajuste sazonal. Em relação ao primeiro trimestre de 2013 o crescimento foi
de 1,9%. Outro número relativo ao PIB que chamou atenção foi a revisão para
cima do crescimento de 2013, o valor original de 2,3% foi revisto para 2,5%. A
revisão não muda o diagnóstico que fiz aqui no blog quando do lançamento dos
números originais (link aqui).
A análise do PIB pela ótica da produção mais uma vez mostra
a agricultura como o setor que mais cresce no Brasil, cresceu 3,6% no período.
A indústria decresceu, mostrando mais uma vez o fracasso da mudança na política
econômica em atingir um dos objetivos que mais desejava, qual seja: aumentar a
participação da indústria no PIB. Na comparação com o primeiro trimestre de
2013 a indústria cresceu 0,8%, menos da metade do crescimento do PIB. Porém a
indústria de transformação, objeto maior das políticas industriais defendidas
por Dilma e sua equipe, teve uma redução de -0,5%. O resultado positivo da
indústria foi devido a indústria extrativa mineral que cresceu 5,4%.
Pela ótica da demanda a queda do investimento também aponta
para o fracasso da mudança de política econômica. Queiram ou não os defensores da
Nova Matriz Econômica (ainda existe algum defensor?), os principais objetivos
da nova matriz, recuperar a indústria e aumentar a taxa de investimento, não
foram alcançados, pelo contrário. Não estou surpreso, acreditar que a
manipulação de alguns preços vai resolver os problemas da economia brasileira
sempre esteve além das minhas capacidades. A verdade é que se a nova matriz
tivesse funcionado estaríamos vivendo um racionamento de energia, não o paraíso
sonhado pelos que acreditam que o problema é o câmbio ou os juros.
Como desgraça pouca é bobagem a crença que a política de estímulo à
demanda, a queda dos juros e a desvalorização do câmbio despertariam o espírito
animal dos empresários e nos levariam a um ciclo de aumento do investimento e
de crescimento não apenas reduziu a taxa de investimento como levou a taxa de
poupança ao patamar mais baixo dos últimos anos. A figura abaixo, retirada do
relatório do IBGE, mostra as taxas de poupança e investimento no Brasil. Poupamos
12,7% da renda contra 17% que poupávamos quando Dilma começou a nos governar.
Sem poupança e com a necessidade urgente de aumentar a taxa de investimento o
caminho é apelar cada vez mais para poupança externa, ou seja, vamos nos endividar
ainda mais com o resto do mundo. Tudo fica mais grave porque, ao contrário do
cantando em prosa e verso pela turma do câmbio, a desvalorização do câmbio veio
acompanhada por uma redução no saldo comercial, na realidade no primeiro
trimestre de 2014 o valor das importações de bens e serviços foi maior que o
das exportações de bens e serviços.
A necessidade de financiamento da economia brasileira chegou
a R$ 66 bilhões no primeiro trimestre de 2014, no primeiro trimestre de 2009,
quando a crise financeira deixava o mundo em pânico, a necessidade de
financiamento foi de R$ 14 bilhões e no primeiro trimestre de 2011, logo após a
posse de Dilma, a necessidade de financiamento era de R$ 28 bilhões. É difícil
encontrar exemplos de política econômica com resultados tão ruins como a política
econômica de Dilma. Uma política anunciada como a salvação da indústria de
transformação teve a indústria, particularmente a indústria de transformação,
como maior vítima. Uma política anunciada como a que ia gerar o maior ciclo de
investimento das últimas décadas viu a taxa de investimento despencar. A
presidente que começou o governo afirmando que seria lembrada como a presidente
do PIBão viu nos seu governo uma das menores taxas de crescimento da história.
Se pelo menos ela aprendesse com os erros...