Resolvi dar outra olhada na inflação pelo mundo, os dados estão no Trading Economics (link aqui). Na grande maioria dos países a inflação acumulada em 12 meses está abaixo de 10%. Nas Américas, apenas Venezuela, 2.720%, Suriname, 59,8%, Argentina, 51,4%, Haiti, 12,2%, e Brasil, 10,25%, estão com inflação acima de 10% no acumulado de 12 meses. No México a inflação acumulada em 12 meses é de 6%, na Colômbia, aqui do lado, é de 4,51%, no Chile está em 5,3%. Não vou falar da Bolívia com 0,18%, até agosto, e do Equador com 1,07% para não me acusarem de chutar na canela.
A figura abaixo mostra a inflação acumulada em 12 meses nos
países do G20. A maioria dos dados são referentes a setembro de 21, alguns
outros são de agosto e apenas a Austrália é junho. Apenas Argentina, Turquia e
Brasil estão com inflação acima de 10%.
A inflação no Brasil já passou de 10% no acumulado de 12 meses outras vezes. O pior caso desde a estabilização foi de 17,3% em maio de 2003, o mais recente foi 10,4% em fevereiro de 2016. Nas duas vezes o Banco Central retomou o controle e a inflação voltou para o intervalo da meta, da última vez voltou bem rápido. É verdade que nos dois casos uma mudança de governo deu “vida nova” ao BC e isso pode ter facilitado a controle da inflação. Nada indica que vamos ter mudança de governo nos próximos meses e esperar até uma possível mudança em 2023 pode ser uma espera muito longa.
A boa notícia é que o atual BC parece ainda ter a confiança do
mercado e tem gente de qualidade para correr atrás do prejuízo. A má notícia é que
as eleições no próximo ano podem aumentar a pressão para aliviar o ajuste dos
juros. Talvez seja a hora de descobrir se a autonomia do Banco Central vai
dizer a que veio. Um perigo que me deixa particularmente preocupado é alguém sacar
a obrigação de perseguir o pleno emprego, cavalo de Tróia na lei da autonomia do
BC, para tentar intimidar o Copom.