Na semana passada comparei a dívida pública de diversos
países para mostrar que considerando nosso PIB per capita a dívida pública
brasileira é alta. Hoje vou aproveitar a base de dados da semana passada e
comparar a inflação e o crescimento do Brasil com a inflação e o crescimento dos
países da amostra. Para os que não lembram e estão com preguiça de checar o
post anterior a amostra é composta pelos países da OCDE, pelos BRICS e por
países selecionados da América Latina (Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia,
Equador, México, Paraguai, Peru e Uruguai), tirei a Venezuela para não
distorcer os gráficos. Para fins de comparação entre grupos Chile e México, que
pertencem a OCDE, foram considerados no grupo América Latina. A figura abaixo
mostra a inflação e o crescimento previsto para 2015 pelo FMI para todos os
países da amostra.
É possível perceber que a inflação brasileira é uma das mais
altas da amostra, perde para Rússia (15,8%) e para Argentina (16,8%), e que
nosso crescimento também é um dos menores da amostra, apenas a Rússia (-3,8%)
está prevista para crescer menos que o Brasil em 2015. Não estamos mal em
absoluto e bem em relação a outros países, estamos mal em termos absolutos e em
termos relativos, sendo assim é difícil comprar a tese que nossa crise é consequência
do que acontece no resto do mundo. Nenhum dos países da OCDE, incluídos Grécia
e Itália, deve crescer menos que o Brasil em 2015, no grupo da América Latina,
uma região famosa por conviver com altas taxas de inflação, apenas a Argentina
tem inflação prevista para 2015 maior que o Brasil. A verdade é que ao abrir
mão do controle da inflação para buscar mais crescimento o Brasil ficou sem crescimento
e com muita inflação.
Outro ponto interessante, perdoem os amigos econometristas e
estatísticos, é a inclinação negativa da reta de regressão. É claro que para
afirmar alguma coisa com mais seriedade seria preciso uma amostra maior e
técnicas mais sofisticadas de análise estatística, porém não posso deixar passar
batido que a relação entre crescimento e inflação é negativa e significativa,
ou seja, em 2015 os países da amostra que controlaram melhor a inflação vão
crescer mais do que os que descuidaram da inflação.
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