A balança comercial brasileira apresentou um resultado positivo
e alto nos primeiros meses de 2017. Como registrou o Estadão, no primeiro trimestre
de 2017, o Brasil teve o maior saldo comercial de todos os países do G20 (link
aqui). A Agência Brasil e o G1 destacaram o superávit recorde na balança
comercial entre janeiro e abril de 2017 (link aqui, aqui e aqui). O tal saldo
comercial positivo decorreu em grande parte do aumento das exportações
ilustrado na figura abaixo.
Tudo muito bem, tudo muito bom, mas realmente, mas
realmente, não há o que festejar. De saída vale lembrar que lugar saldo
comercial positivo, a princípio, não é bom nem ruim e deve ser visto em um
contexto mais amplo. Dito isso cabe registrar que o aumento das exportações
decorreu de aumento de preços de commodities. A figura abaixo mostra o valor das
exportações de produtos básicos, manufaturados e semimanufaturados do Brasil
entre janeiro e abril entre os anos de 1998 e 2007. Repare o aumento considerável
no valor das exportações de produtos básicos.
Se tal aumento fosse todo decorrente de um aumento das
vendas de tais produtos poderia ser até o caso de esperar a persistência desse
resultado, particularmente se decorresse de uma conquista de mercado pelos
produtores nacionais e não apenas de um aumento na demanda mundial por tais
produtos. Ocorre que o aumento no valor das exportações decorreu mais de um
aumento nos preços das commodities do que de um aumento da quantidade vendida,
pior, tal aumento de preços não parece sustentável nem mesmo no médio prazo. Na
prática isso significa que deve ocorrer uma redução da entrada de dólares no
Brasil. Somada com a incerteza política, particularmente em relação a aprovação
das reformas e a viabilidade do ajuste fiscal, essa redução pode levar a uma
desvalorização do real com eventuais efeitos na inflação.
A valorização do real ajudou um bocado o Banco Central a
trazer a inflação para níveis menos escandalosos, a questão é saber se o Banco
Central vai continuar conseguindo manter a inflação abaixo de 5% ao ano em caso
de uma desvalorização de nossa moeda, ou, dito de outra forma, a questão é
saber se o Banco Central vai focar na inflação mesmo que tenha de interromper
ou reverter a queda dos juros ou se o Banco Central vai voltar a estratégia de
abrir mão do combate à inflação para evitar um aprofundamento da recessão. Tal
estratégia, vale lembrar, foi usada recentemente e, ao acreditar que escolhia
entre inflação e recessão, o governo nos deixou com os dois.
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