Com um número de votos maior do que o esperado o texto-base da
reforma da previdência foi aprovado na Câmara em primeiro turno, enquanto
escrevo os deputados discutem e votam os destaques de forma que não dá para
falar sobre o texto final aprovado. De toda forma vale registrar alguns aspectos
da distribuição de votos por estados e por partido bem como destacar alguns deputados
que, para o bem ou para o mal, divergiram de seus partidos. Os dados foram
obtidos junto ao G1 (link aqui) e excluem os votos dos deputados Bacelar
(PODE-BA), General Girão (PSL-RN) e Luiz Carlos Motta (PL-SP) que lamentavelmente
estavam ausentes na votação.
Comecemos pelos partidos. A figura abaixo mostra os votos
por cada partido, em vermelho os votos contrários ao texto-base e em azul os votos
favoráveis. O partido que deu mais votos para aprovação do texto base foi o PSL
(52 votos), na sequência vieram PL (37 votos), PP (36 votos), MDB (34 votos) e
PSD (34 votos). Na outra ponta PT (54
votos), PSB (21 votos), PDT (19 votos), PSOL (10 votos) e PCdoB (8 votos) foram
os partidos que mais deram votos contrários ao texto-base da reforma. Fica
claro que a esquerda petista votou em peso contra reforma, mostrando que essa
esquerda não apenas existe como está articulada.
Uma outra forma, talvez mais justa, de avaliar o compromisso
de cada partido com a reforma da previdência é pela proporção de votos
contrários e favoráveis de cada partido. A figura abaixo resume essas
proporções. Cidadania, DEM, MDB, Novo, Patriota, PHS, PODE, PSL, PTB deram todos
os votos a favor da aprovação do texto-base da reforma da previdência. Já o
PCdoB, PMN, PSOL, PT e Rede deram todos os votos contra o texto-base da reforma
da previdência. Mais uma vez fica clara a relação entre os partidos que
apoiaram o PT no segundo turno das últimas eleições e os partidos contrários à
reforma da previdência.
Considerando a votação por unidades da federação chama
atenção quem em todas o percentual de votos favoráveis ficou igual ou maior que
50%. No Ceará, estado governado pelo PT e com forte presença do PDT de Ciro
Gomes, o total de votos contrários foi igual ao de votos favoráveis, na sequência
aparecem Pernambuco (56% de votos favoráveis), Amapá (62,5%), Sergipe (62,5%),
Bahia (65,8%), Alagoas (66,7%) e Paraíba (66,7%), em todas as outras unidades
da federação o percentual de votos favoráveis ficou acima de 70%. Grosso modo
me parece válido dizer que o texto-base da reforma da previdência teve um amplo
apoio nacional.
Por fim registro os deputados que destoaram de seus
partidos. No primeiro grupo estão os deputados que votaram a favor do
texto-base mesmo estando em partidos com maioria contrária, foram oito do PDT
(Alex Santana, Flávio Nogueira, Gil Cutrim, Jesus Sérgio, Marlon Santos, Silvia
Cristina, Subtenente Gonzaga e Tábata Amaral), onze do PSB (Átila Lira,
Emidinho Madeira, Felipe Carreas, Felipe Rigoni, Jefferson Campos, Liziane
Bayer, Luiz Flávio Gomes, Rodrigo Agostinho, Rodrigo Coelho, Rosana Valle e Ted
Conti) e, por fim, dois do PV (Enrico Misasi e Leandre). No segundo grupos estão
os deputados que votaram contra o texto-base mesmo estando em partidos com
maioria favorável, foram três do PP (Eduardo da Fonte, Fernando Monteiro e
Mário Negromonte Jr), um do Avante (André Janones), um do PL (Tiririca), dois
do PRB (Aline Gurgel e Hugo Motta), dois do PROS (Capitão Wagner e Clarissa
Garotinho), um do PSC (Valdevan Noventa), dois do PSD (Expedito Netto e
Wladimir Garotinho), um do PSDB (Tereza Nelma) e um do SD (Paulo Pereira da
Silva).
Para o primeiro grupo eu registro meu agradecimento e parabenizo
pela coragem de enfrentar o ranço de seus partidos e votar pela aprovação de
uma reforma que mesmo não sendo a ideal é urgente e necessária. Em relação ao
segundo grupo eu dispenso comentários, imagino que tenham suas razões, mas considero
que cometeram um erro grave em um momento crucial para o país e nem mesmo
possuem o argumento de fazer parte de uma oposição de princípios ao governo
Bolsonaro.
O resumo é que o texto-base da reforma teve apoio na maioria
dos partidos, exceção aos partidos da órbita do PT por razões, e teve suporte
em todas as unidades da federação com o menor apoio vindo do Ceará que mesmo
assim deu 50% dos votos a favor do texto. Na condição de quem acompanha o
debate sobre reforma da previdência há cerca de vinte anos o apoio expressivo à
reforma foi uma boa surpresa, daquelas que não apenas anima o dia como renovam
a esperança no Brasil.
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