Este ano tive a honra de ter sido convidado para encerrar o
ciclo de seções de conjuntura do Conselho Regional de Economia do DF
(CORECON-DF) com uma avaliação da economia em 2019. O evento ocorreu no dia
cinco de dezembro, nesse post faço um resumo do que falei. Como de costume minha
leitura tem mais foco em desafios e dificuldades do que em comemorações. Não
que não tenham ocorrido coisas boas ou que o saldo não seja positivo, mas é
porque acredito que a função de um acadêmico que resolve participar do debate
público é mostrar os perigos. Já tem muita gente dentro e fora do governo
trabalhando para animar a galera.
Antes de começar a falar de 2019 é importante contextualizar
o que vou falar na leitura que faço da economia brasileira, especificamente da
crise que estamos passando. Creio que existem duas crises econômicas, uma de
longo prazo e outra de curto prazo. A primeira está relacionada a características
estruturais da economia brasileira e se arrasta desde meados da década de 1970,
a segunda está relacionada a graves erros de política econômica que começaram
no segundo mandato de Lula e tomaram proporções gigantescas no primeiro mandato
de Dilma.
A crise de longo prazo é caracterizada pela baixa
produtividade e pelo baixo crescimento da produtividade em associação com uma
baixa taxa de investimento. Sair dessa crise é trabalho para vários governos empenhados
em uma agenda de reformas que mude profundamente a economia brasileira. Essa
agenda passa por educação, ambiente jurídico, ambiente de negócios, estrutura
tributária e de gastos do governo, modelo de financiamento da pesquisa e educação
superior, relações de trabalho e etc. Uma agenda que começou a ser implementada
em meados da década de 1990 e foi abandonada lá por 2006.
A crise de curto prazo foi inicialmente caracterizada por um
desequilíbrio fiscal com forte aumento da dívida pública e um descontrole da inflação
e foi agravada por uma política de subsídios e desonerações mal desenhada e mal
implementada. As distorções causadas por essas políticas levaram a investimento
ruins agravando o problema da produtividade e do investimento. Creio que o
maior risco para economia brasileira é um retorno aos subsídios e desonerações
que podem até gerar algum ganho de curto prazo, mas vão comprometer ainda mais
a alocação de capital e trabalho por meio de estímulos a negócios inviáveis na
ausência desses incentivos.
Grosso modo o atual governo parece ciente desse problema,
mas vez por outra nos assusta como nas desonerações do Programa Verde e Amarelo
e no uso da Caixa para tentar forçar a queda dos juros. Imagino que seja muito
difícil resistir às pressões para resultados de curto prazo, mas a capacidade de
resistir a essas pressões pode definir o rumo da economia na próxima década. Forçar
um crescimento alto no curto prazo pode ser fatal no futuro não muito distante.
Com esse pano de fundo passemos a avaliação de 2019 com
direito a algumas perspectivas para 2020. Começo pelo crescimento, a figura
abaixo mostra o crescimento do PIB brasileiro entre 1996 e 2019, as barras
mostram o crescimento trimestral e a linha mostra o crescimento em relação ao
trimestre anterior. Aqui é possível ver a economia afundando ainda no primeiro semestre
de 2014 e a recuperação em 2016.
Em 2019 o PIB seguiu um ritmo muito parecido com o de 2018, ou
seja, continua recuperação lenta iniciada em 2016. A boa notícia é que os
temores de uma nova recessão técnica não se concretizaram, a má notícia é que a
frustração pode levar a equipe econômica a acionar o uso de incentivos para
garantir um crescimento maior em 2020.
A decomposição do crescimento do terceiro trimestre de 2019
(último dado disponível) e o mesmo trimestre do ano anterior mostra que o maior
crescimento veio da agropecuária que responde por 4,3% do PIB (5,0% do valor
agregado) e cresceu 2,1% no período. Um aumento da demanda externa, notadamente
da China, pode levar a um crescimento ainda maior desse setor, mas antes de
soltar fogos lembre que ele responde por menos de 5% do PIB. O segundo setor
com maior crescimento foi o de serviços que responde por 62,5% do PIB (72,7% do
valor agregado) e cresceu 1,0% no período. Por ser o maior setor da economia tanto
do ponto de vista do PIB quanto da criação de empregos o setor de serviços tem
um papel fundamental para o crescimento econômico, porém exige cuidados por ser
um setor muito heterogêneo entrando de atividades básicas fortemente dependentes
da dinâmica econômica local até atividades de alta tecnologia. O setor que menos
cresceu foi a indústria que responde por 19,1% do PIB (22,2% do valor agregado)
e teve um crescimento de 0,96%.
Centro das atenções durante o período desenvolvimentista e corriqueiramente
apontado por alguns economistas como o eixo dinâmica da economia a indústria
merece uma atenção especial. Não por suas supostas propriedades mágicas, mas
porque a análise dos grandes setores da indústria pode me ajudar a explicar
minha leitura do atual momento da economia brasileira. A figura abaixo mostra o
crescimento da construção civil, da indústria extrativa e da indústria de
transformação.
O setor industrial que mais cresceu foi a construção civil
com crescimento de 4,4%, é um setor importante que costuma sinalizar crises e
recuperações e com impacto no emprego. Ocorre que também é um setor sensível a
taxas de juros. O quanto desse crescimento está relacionado a queda da taxa de juros?
O quanto está relacionado a ação de bancos públicos? O quão sustentável é a
queda dos juros? São as perguntas básicas para avaliar as perspectivas do
setor. Infelizmente não tenho as respostas, pelo menos não com a segurança
necessária para compartilhar aqui. De toda forma vale registrar que se o
crescimento da construção resultar de juros artificialmente baixos podemos
estar recebendo o tipo de cavalo de Troia a que me referi quando falei dos
riscos que a equipe econômica venha a sucumbir à pressão por resultados de
curto prazo. Na cola da construção civil vem a indústria extrativa com
crescimento de 4,03%. Esse setor da indústria costuma estar relacionado ao
setor externo, mas é muito possível que a recuperação da Vale após o desastre
de Brumadinho seja responsável por esse crescimento, repare a queda do setor nos
períodos anteriores.
A indústria de transformação encolheu 0,54% no período. Se
meus colegas que creditam a esse setor propriedades únicas para puxar o crescimento
de longo prazo e a produtividade estiverem corretos esse é um número para lá de
preocupante. Como não faço parte desta turma vejo o número com outra preocupação.
Enquanto o desempenho da construção civil pode estar relacionado a estímulos e
o da indústria extrativa pode estar relacionado a recuperação de um choque e
efeitos externos o desempenho da indústria de transformação está mais relacionado
à dinâmica interna da economia. A não recuperação da indústria de transformação
deve acender uma luz amarela sobre quão sólida é a retomada do crescimento.
Naturalmente não é o caso de estimular a indústria de transformação para ter um
crescimento sólido, isso seria o equivalente a tentar emagrecer manipulando a
balança. A ideia é que um bom ambiente econômico levará a um quadro de
crescimento da produtividade com expansão da indústria de transformação e da economia
como um todo. A receita para esse bom ambiente econômico é complicada, mas
certamente passa por mais liberdade para que empresas e famílias tomem decisões
adequadas sem medo das incertezas jurídicas e coisas do tipo.
Alguns colegas dentro e fora do governo estão com uma
leitura bem mais otimista que a minha, boa parte deles está olhando o PIB pelo
lado da demanda. No lugar de olhar a composição do PIB entre atividades produtivas
como agropecuária, serviços e indústria olham para a distribuição do PIB em categorias
como consumo do governo, consumo das famílias e investimento. Há um extenso
debate entre economistas a respeito do quando esse tipo de análise, também chamada
de análise pela ótica da despesa, explica o crescimento de uma economia. Até o
ponto onde seja possível falar de consenso ele aponta para que tais efeitos, se
existem, são de curto prazo. Exceção óbvia para o investimento que além de
representar um elemento da despesa representa aumento da capacidade futura de
produção. É por essa última característica, e não por ser um elemento de despesa,
que o investimento pode afetar o crescimento de longo prazo.
A figura abaixo mostra o crescimento dos principais
elementos da despesa (consumo das famílias, investimento e consumo do governo).
O otimismo deriva da ideia que como o consumo das famílias cresce mais que o
consumo do governo a economia estaria sendo puxada pelo setor privado. Não
compartilho desse otimismo que chega a ter ares de euforia. Primeiro porque não
acredito que consumo algum puxe o crescimento, possível exceção para situações
muito específicas e mesmo assim no curto prazo, e segundo porque não há nada
novo no crescimento do consumo das famílias ser maior que o crescimento do
consumo do governo.
O crescimento do investimento pode ser uma boa notícia, mas
é preciso cuidado. Na década passada ocorreu um forte crescimento do
investimento que desaguou na crise gigantesca que estamos vivendo. Como já
disse em outros lugares investir mal é muito pior do que não investir, para
apontar o crescimento do investimento é necessário analisar com cuidado para
onde está indo esse investimento. Essa análise está fora do escopo desse post,
mas aviso que se o investimento for em estruturas que só foram compradas por
conta de estímulos como as reduções de juros da Caixa no longo prazo não vamos
ter muito o que comemorar, pelo contrário.
Alguns colegas respondem meus alertas apontando para a estimativas
de crescimento superior a 2,0% para 2020. Com sou chato e chuto canela sem cerimônia
registro que desde o começo da crise, com exceção de 2017, o pessoal do mercado
superestimou o crescimento da economia no começo do ano. Na figura abaixo a
linha azul claro mostra as expectativas de crescimento no começo de cada mês e
a reta azul escuro mostra o crescimento que ocorreu no ano. É claro que 2020
pode repetir 2017, mas o registro do passado recente sugere que o crescimento
de 2020 deve ficar abaixo do que dizem as previsões de janeiro.
A outra variável fundamental para avaliar uma economia é a
inflação. Em 2019 a inflação deve ficar dentro do intervalo da meta e abaixo do
centro da meta. O Boletim Focus de 20 de dezembro, último antes desse texto ser
escrito, projetava uma inflação de 3,98% para este ano, se consideradas as previsões
dos “Top 5” a inflação deste ano vai ficar em 4,04%. Nos dois casos está abaixo
da meta, porém não é baixa, a meta que é alta. O pico de inflação em novembro
que parece vai se repetir em dezembro deveria ligar o sinal de alerta no Banco Central.
É fato que as previsões para 2020 apontam um IPCA na casa de 3,6%, mas se há
mesmo uma mudança de regime como sugeriu Paulo Guedes essas previsões têm pouco
valor. A figura abaixo mostra a inflação nos últimos anos com destaque para
impressionante habilidade da equipe econômica do governo Temer, com Ilan Goldfajn
à frente do BC, em controlar a inflação. Note que a linha pontilhada mostra a meta atual que é menor que a meta vigente no governo Dilma.
Muito provavelmente o desempenho do câmbio vai ser a peça-chave
para a inflação e para os juros em 2020. A redução da taxa de juros diminui o
prêmio de comprar títulos do Brasil, isso tende a fazer com que ocorra uma
saída de dólares do país. Com essa saída ficam menos dólares no país e o preço do
dólar, que é a taxa de câmbio, aumenta. É por isso que Paulo Guedes falou de um
novo regime de juros baixos e câmbio alto. A figura abaixo mostra a taxa de
juros no Brasil e nos EUA e ilustra de forma clara a queda da diferença, ou
seja, a queda do prêmio de colocar dinheiro no Brasil.
Qual o efeito da redução do prêmio na saída de dólares? Qual
o efeito da saída de dólares no câmbio? Qual o efeito do câmbio na inflação?
Essas são as perguntas fundamentais para política monetária em 2020. Estudos
para o Brasil mostram que o efeito do câmbio na inflação é pequeno, ocorre que
esses estudos foram feitos com dados do regime de juros altos e câmbio baixo e
hoje, segundo o próprio Paulo Guedes, estamos mudando para um regime de juros
baixos e câmbio alto. Uma das principais lições da macroeconomia dos anos 70 é
que resultados obtidos com dados de um regime podem não valer quando muda o
regime, desta forma estamos no escuro em relação às perguntas acima,
especialmente em relação a última. Por isso tenho recomendado cautela e pedido
cuidado com a redução dos juros, manda o juízo que dirigindo no escuro andemos
devagar.
O ajuste fiscal de longo prazo ganhou um grande reforço com
a aprovação da reforma da previdência. Não vou entrar em debates sem fim sobre
o déficit da previdência, tratei disso em várias outras oportunidades, a figura
abaixo deve ser suficiente para deixar claro a importância da reforma para o ajuste
fiscal. Nela estão os principais componentes na despesa primária do governo
central. É visível que o gasto com previdência é o maior, o que mais cresce e o
único que não foi controlado com os esforços de ajuste iniciados no final de
2014. Não seria possível controlar o gasto da União sem controlar o gasto com
previdência.
O Plano Mais Brasil traz outros reforços para a política
fiscal, desta vez no controle da folha de pagamento da União e dos estados.
Como é possível ver na figura acima o gasto com pessoal e encargos é a segunda
maior despesa primária da União, não apresenta uma tendência crescente como o
gasto com previdência, mas é alto. Nos estados e municípios a situação é bem
mais complicada. A figura abaixo mostra o comprometimento dos estados com
pessoal em 2017, repare que em vários estados o gasto com pessoal e encargos ultrapassa
60% da receita corrente líquida.
Não bastasse os valores altos a tendência dos gastos com
pessoal como proporção da receita corrente líquida é de crescimento em vários
estados e na média dos estados. A figura abaixo ilustra esse fato.
Para controlar a despesa com pessoal e encargos o Plano Mais
Brasil traz um conjunto de medidas, das quais destaco:
• Proibição
de promover funcionários (com exceções), dar reajuste, criar cargos,
reestruturar carreiras, fazer concursos e criar verbas indenizatórias
• Suspenção
criação de despesas obrigatórias e de benefícios tributários
• Permissão
para redução de 25% da jornada do servidor com adequação dos vencimentos
Por mais antipáticas que sejam são medidas importantes. A
aplicação dessas medidas depende de condições específicas definidas nas PECs
encaminhadas pelo governo. Uma pena que o governo tenha comprometido o discurso
da necessidade de ajuste na folha ao conceder aumentos generosos aos militares
que também ficaram de fora de medidas como a proibição de progressão funcional
em períodos de emergência fiscal. Fica difícil pedir sacrifícios para os outros
quando se distribui bondades para os seus.
Outra medida importante e polêmica do Plano Mais Brasil é que
em 2020 e 2021 o salário mínimo será corrigido apenas pela inflação, ou seja,
não haverá ganho real. É um assunto delicado dadas as diversas implicações da
medida, mas alguns fatores devem ser considerados. O primeiro é que nos últimos
anos o salário mínimo cresceu bem mais que a produtividade do trabalho, isso
está ilustrado na figura abaixo.
Alguém pode dizer que isso acontecer para ajustar as perdas salariais
ocorridas na década de 1990 ou mesmo desde a década de 1970. É difícil tratar
desse assunto, mas a figura abaixo mostra que o salário mínimo cresceu bem mais
que a renda média do trabalho. Isso sugere que de fato o salário mínimo cresceu
muito e um freio de arrumação é necessário.
Uma outra medida importante do Plano Mais Brasil é suspender
repasses do FAT para o BNDES quando de emergências fiscais, quem me acompanha
por aqui ou no FB sabe o quanto defendo esse tipo de medida. A revisão dos fundos
que foi objeto de PEC específica também parece ser uma boa medida.
Para além do ajuste fiscal e já chegando na crise de longo
prazo o governo aprovou a MP da Liberdade Econômica e anunciou um “revogaço”. O
quanto dessas medidas se tornarão realidade ou terão efeitos práticos é algo
que só o futuro dirá, mas reconhecer o problema de excesso de regulação e tentar
melhorar o ambiente de negócios sempre merece registro positivo. A figura
abaixo ilustra o tamanho do problema. Saber que dentre os países de renda média-alta
apenas na Venezuela é mais difícil pagar impostos do que no Brasil e que apenas
na Venezuela e na Bósnia-Herzegovina é mais difícil conseguir permissão para
construções do que no Brasil deveria assustar quem quer que pense na capacidade
do Brasil retomar o crescimento econômico.
No começo do ano o governo prometeu uma forte agenda de
privatizações, chegamos ao fim do ano sem privatizar nem mesmo a Eletrobras. Em
respeito ao Salim Mattar vou esperar mais um pouco antes de tirar conclusões mais
fortes, mas devo dizer que em 2019 o ousado programa de privatizações que traria
um trilhão de reais ficou que nem o caviar da música: “Nunca vi, nem comi, eu
só ouço falar”. Outro front onde eu gostaria de ver mais avanços em 2020 é na abertura da economia.
Se o governo tem méritos inegáveis por tentar tocar uma
agenda de reformas com vitórias importantes como a reforma da previdência também
há uma agenda de contrarreformas que vez por outra dá as caras e assusta. As
idas e vindas com a CPMF ou com a versão digital que apareceu no final do ano
são um exemplo dessa agenda ruim. Até agora Bolsonaro aguentou firme em não
bancar a volta desse tipo de imposto, mas a fixação de Paulo Guedes em taxar
transações é algo inexplicável e um tanto quanto preocupante.
O uso da Caixa para reduzir juros é outra política da agenda
de contrarreformas, o expediente foi tentado sem sucesso no governo da Dilma e
até agora parece não ter dito a que veio no governo de Bolsonaro. Para uma equipe
econômica classificada de ultraliberal é no mínimo intrigante entender a razão
de no lugar de estarmos discutindo a privatização ou pelo menos a abertura de capital
da Caixa estarmos discutindo mais uma tentativa de usar o banco para colocar
mais distorções o mercado de crédito. No campo financeiro tivemos também um
tabelamento dos juros no cheque especial, essa nem o Mantega tentou. Sei que
bons economistas defenderam a medida, tenho muitas dúvidas se defenderiam a mesma
medida se tomada por Tombini, mas eu não compro. Para não falar de uma estranhíssima
elasticidade preço da educação financeira usada para justificar a decisão
registro que o pessoal de economia comportamental, muito evocada para
justificar a medida do BC, costuma falar de medidas pequenas. Confesso acompanhar
esse campo apenas como curioso, mas se era para tabelar, fazer isso com valores
próximos ao de mercado e reduzir o teto aos poucos com avaliações de impacto a
cada redução está muito mais próximo do que se discute na área do que fixar do
nada um teto que é metade do valor praticado pelo mercado.
As últimas duas contrarreformas que quero registrar são o
Programa Verde e Amarelo e os incentivos para construção civil principalmente
via Caixa. O primeiro é uma versão piorada das infames desonerações do governo
Dilma com o agravante de tentar cobrar dos desempregados parte da conta dos
direitos trabalhistas de quem está empregado. A alternativa seria a CPMF
digital que, entre outras distorções, cobraria de quem está no setor informal
os custos dos direitos trabalhistas dos empregados formais. Os incentivos a construção
civil também foram tentados no governo Dilma, o que parecia ser um sucesso virou
um problema. Todo cuidado é pouco para não repetir essa história, creio que melhor
seria deixar o setor terminar de se ajustar.
Alguém poderia classificar os saques do FGTS como contrarreforma,
não concordo que sejam. Primeiro porque trata-se de devolver aos legítimos donos
um dinheiro retirado para bancar um fundo com retornos ridículos. Uma
expropriação mal disfarçada de benesse, qualquer devolução de recursos do FGTS
terá meu apoio com a única crítica da devolução não ter sido maior. Segundo
porque existe no pacote onde está a medida um esforço legitimo e necessário para
reduzir custos de demissão o que deve reduzir a rotatividade com possíveis efeitos
positivos na produtividade do trabalho.
Encerro com um pequeno resumo desse post gigante. Em 2019 o
PIB teve um comportamento semelhante ao de 2017 e 2018 mostrando uma recuperação
lenta e sólida. Pode parecer frustrante, mas é muito melhor do que outra rodada
de crescimento turbinado por estímulos. A inflação é alta, mas está na meta,
portanto não posso falar de perda de controle ou de luz vermelha, mas a luz
amarela está acesa e nervosa. O governo bancou uma agenda de reformas
importante com destaque para a reforma da previdência e para a MP da Liberdade Econômica.
Existe uma agenda de contrarreformas que até agora não comprometeu as reformas,
mas demanda atenção máxima. O perigo está na esquina.
Concordo contigo em quase tudo, porém gostaria que você falasse sobre os acordos comerciais com outros países e como eles poderiam afetar nossa economia (para pior ou melhor).
ResponderExcluirMuito bom, como todos textos seus que tenho lido (não sou economista mas me interesso em aprender). Pediria apenas, se possível, para que os gráficos tivessem melhor visibilidade; como estão é muito difícil analisa-los.Obrigada por compartilhar seus conhecimentos.
ResponderExcluirMuito bom.
ResponderExcluir