sexta-feira, 6 de março de 2015

6 de março de 2015

De setembro a outubro do ano passado vivemos uma campanha eleitoral intensa que provocou vários debates a respeito do Brasil. Como não podia deixar de ser um dos temas mais acalorados foi o estado da economia. De um lado economistas governistas afirmavam que tudo estava bem e que a economia não precisava de ajustes, a própria presidente, que é economista, afirmou que a inflação estava controlada e em queda e que os indicadores de antecedentes apontavam para recuperação da economia. De outro lado vários economistas sem vínculos políticos e economistas ligados à oposição diziam que estávamos à beira de um abismo e que a crise era inevitável. A turma do "está tudo bem" não apenas negava a crise como afirmava que o outro lado estava inventando uma crise para tomar medidas duras tais como aumento da taxa de juros e elevação dos preços dos combustíveis. Um momento marcante desta estratégia foi a propagando governista mostrando como o aumento dos juros tirava a comida da mesa dos pobres.

Pois bem, eu estava na turma do "existe uma crise". Na realidade estou alertando que caminhamos para uma crise desde 2006 quando o governo abandonou a agenda de reformas e aderiu ao desenvolvimentismo. Como parte da turma contra o governo de plantão passei a ser considerado adversário do estado e inimigo do povo (sim, o partido passou a encarnar o estado e o povo... e o fascista era eu). Me disseram que eu estava inventando uma crise por ser vendido ao grande capital (peço ao grande capital que entre em contato para que eu mande a conta), ou por ser idiota e não perceber que tudo que estudei de economia nos últimos 25 anos é uma invenção de homens maus para maltratar o povo ou ainda por ser eu mesmo um homem mau que gosta de ver o povo passar fome. Pois bem, Dilma foi reeleita e hoje, 6 de março de 2015, resolvi mostrar para os leitores do blog o que aconteceu com algumas variáveis que foram citadas nos debates de 2014.

Comecemos com a inflação. A presidente garantiu que a inflação estava em queda e que quem dizia o contrário estava plantando inflação para colher juros. Economistas que insistiram em mostrar que a queda era por conta do período do ano e que a inflação voltaria a subir forma taxados de ignorantes e de não entenderem de Brasil. Pelos dados parece que os ignorantes que não entendem de Brasil estavam certos.




E os juros? A figura abaixo mostra o que aconteceu. Nunca foi tão verdade que um governo plantou inflação e colheu aumento de juros. O governo que acusou os críticos de propor sacrificar crescimento para combater inflação conseguiu reduzir o crescimento, aumentar a inflação e ainda subir os juros.



Uma turma que falou que a vitória de Dilma seria seguida de uma rápida desvalorização do Real. Terroristas econômicos! Gritaram os governistas. Quem apostar no dólar vai quebrar a cara bradou o ministro. Não sabem de nada e são lacaios dos bancos gritou a massa governista furiosa. A figura abaixo mostra o que aconteceu com o dólar. Espero que as hordas governistas não tenham acreditado no que diziam, não os quero mal... apenas não os quero mais.





E teve o "tarifaço", Dilma acusou a oposição de estar preparando um aumento da energia e dos combustíveis. Não soube da oposição ter ganho, mas o aumento da energia e dos combustíveis está em todos os jornais. A figura abaixo mostra o preço da gasolina. Ou os dados são de uma dimensão paralela onde Aécio é presidente ou Dima usou a máxima leninista de "acuse-os do que você faz, xingue-os do que você é". Não duvido que algum leitor que ainda mantém simpatia ao governo prefira acreditar na tese da dimensão paralela....



Por fim o salário mínimo. Reza o credo oficial que Dilma será a única capaz de garantir as conquistas dos trabalhadores e manter o poder de compra do salário mínimo. Quem me acompanha sabe que não compro esta tese, é o justo contrário, reduzir o salário em moeda forte é considerado pelas teses desenvolvimentistas com condição necessária para retomada do crescimento. Dilma é adepta do desenvolvimentismo. Liguei os pontos na figura abaixo e coloquei o salário mínimo em dólares (usei o câmbio da figura acima).




Para resumir o que foi o começo do governo Dilma fiz o gráfico abaixo com índices das variáveis que comentei. Todas parte de 100 em agosto de 2014 e sobem ou descem de acordo com a variável original. Como o leitor pode reparar tudo subiu, menos o salário mínimo em moeda forte.




Após fazer os gráficos fiquei com a impressão que os dados e os fatos se juntaram aos inimigos do povo na cruzada contra o governo popular e democrático dos trabalhadores brasileiros. A impressão passou rápido, não é isso que os números dizem, o que a realidade nos mostra é a mistura de incompetência e cinismo que toma conta do governo Dilma, mistura que passou dos limites do suportável durante a campanha de 2014.





Um comentário:

  1. Existe a mínima chance desse cenário mudar com as novas medidas anunciadas pela fazenda e planejamento?

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