Conforme prometido no penúltimo post (link aqui) segue a
comparação das despesas do governo central por área entre 2018 e 2019. Como o
objetivo é avaliar as prioridades do governo foram consideradas apenas as
despesas discricionárias, não que o governo tenha controle total sobre essas
despesas, mas são as que podem ser ajustadas com mais facilidade (ou menos dificuldade). Por conta das
distorções relativas à cessão onerosa para os leilões do pré-sal não será usado
o total de despesas discricionárias (ver explicação aqui). Desta forma serão consideradas
as despesas discricionárias em saúde, educação, defesa, transporte, administração,
ciência e tecnologia, segurança pública e assistência social.
A figura abaixo mostra cada uma destas despesas em 2018 e
2019. A despesa discricionária em defesa de R$ 16,2 bilhões para R$ 19,7 bilhões
e em assistência social subiu de R$ 3.5 bilhões para R$ 4 bilhões, todas as
outras tiveram queda. Em termos absolutos a maior queda ocorreu na educação que
foi de R$ 26.5 bilhões em 2018 para R$ 22,3 bilhões em 2019, uma perda de pouco
mais de R$ 4 bilhões. Saúde, com R$ 29,8 bilhões, Educação, com R$ 22,3 bilhões,
e defesa, com R$ 19,7 bilhões, foram as áreas com maiores despesas discricionárias
em 2019.
A figura abaixo mostra a variação percentual em cada grupo
de despesa. Assim como em termos absolutos a defesa foi onde ocorreu o maior
aumento percentual da despesa discricionária, 22,1%, na assistência social o
aumento foi de 11%. A maior queda percentual ocorreu nos transportes, 17,1%,
seguida por administração, 16,9%, e educação, 16%. Ciência e tecnologia, 12%,
fecha o grupo dos que tiveram queda de mais de 10%. Os dados de despesas discricionárias
sugerem que o governo prioriza a defesa, não chega a ser uma surpresa, e para
aumentar gastos nessa área sacrificou nas outras, com exceção de assistência social,
sendo educação a maior perdedora.
Uma outra forma de avaliar as prioridades do governo é por
meio do investimento. Os dados da STN detalham o investimento do governo federal
por órgão, lá estão listados os investimentos realizados por cada ministério.
Como houve criação, fusão e extinção de ministérios no começo de 2019 acompanhar
o investimento de cada um dá um certo trabalho. Para evitar esse problema considerei
apenas os investimentos dos ministérios da Saúde, Educação e Defesa, áreas com
maior volume de gastos discricionários.
A figura abaixo mostra o investimento desses três
ministérios em 2018 e 2019. O único que teve aumento de investimento foi o
Ministério da Defesa que passou de R$ 12,1 bilhões em 2018 para R$ 16,5 bilhões
em 2019, um aumento de R$ 4,4 bilhões. O Ministério da Educação reduziu investimentos
em R$ 1,2 bilhões e o da Saúde reduziu em R$ 3 bilhões.
A figura abaixo mostra a variação do investimento entre 2018
e 2019 em cada um dos ministérios. Na defesa o crescimento foi de 44,9%, a
queda do investimento do Ministério da Saúde foi de 44,9% e no Ministério da
Educação foi de 23,7%. Mais uma vez os números mostram que o governo prioriza a
área de defesa.
Um ano é pouco tempo para avaliar as prioridades de um
governo, mas, feita essa ressalva, os números sugerem que há uma preferência do
governo pela área de defesa e uma disposição para sacrificar recursos em outras
áreas, notadamente educação, para financiar o aumento de gastos com defesa. É
uma escolha, resta saber qual vai ser a reação dos prejudicados pelo remanejamento
de recursos, tanto as corporações como os cidadãos que usam serviços dessas
áreas. Isso só o tempo dirá.
Saude e educação são os que mais precisam e são os mais punidos.
ResponderExcluirOnde é esse gasto da defesa? Eles explicam em algum lugar professor?
Obrigado pelo post!