Com a votação da reforma da previdência ficando mais próxima
começam a aparecer aqui e ali sugestões que não temos um problema com a dívida
pública, via de regra a conclusão segue de uma comparação da dívida pública do
Brasil com a de países ricos. Ocorre que o Brasil não é uma país rico, somos um
país emergente com vários dos problemas típicos desses países. Já mostrei em
outros posts que comparada com a dívida de países emergentes nossa dívida é
alta, na verdade esse é um tema recorrente aqui no blog.
Como muita gente boa parece não ficar convencida resolvi
mostrar o problema da dívida no Brasil de outra forma. No lugar de comparar
pontos no tempo vou mostrar a dinâmica da dívida bruta como proporção do PIB nos
últimos anos e as previsões feita pelo FMI para o Brasil e outros países. Para
fins de comparação peguei os países classificados como Emergentes da Ásia,
Emergentes da Europa, Comunidade de Países Independentes e da América Latina e
Caribe, ou seja, praticamente toda a turma dos emergentes. Retirei da amostra
países com menos de cinco milhões de habitantes, também retirei a Consta Rica,
por falta de dados, e a Venezuela por motivos óbvios. Naturalmente não foi
possível m arcar todos os países no gráfico, mas fica fácil ver como o Brasil
se destaca dos outros países.
A figura deixa claro que a dívida bruta como proporção do
PIB no Brasil destoa da dos outros países. O Brasil é o único país da amostra
a ter uma dívida superior a 90% do PIB, fica pior, de acordo com as previsões
do FMI estamos nos distanciando dos outros. Não entendo como olhar para esses
dados e não concluir que temos um problema sério de dívida pública que está
ficando mais grave. Não entendo como olhar para esses dados e não concluir que
precisamos desesperadamente de um conjunto de reformas que consiga pelo menos
estabilizar o gasto do governo como proporção do PIB. Conjunto de reformas que
inevitavelmente passa pelo ajuste do componente do gasto que não apenas é o
maior como é o mais difícil de controlar, qual seja, o gasto com previdência.
Precisamos rever os gastos mínimos setoriais estabelecidos pela CF/88 para desengessarmos (não sei se essa palavra existe, mas é legal) a gestão do orçamento e incrementar o investimento público. Tornar o gasto público de alguma forma mais racional e eficiente.
ResponderExcluirOlá Professor, os países que reduziram o endividamento fizeram alguma reforma previdenciária, ou tomaram outras medidas?
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