Ontem fiz um post desmentindo uma das teses da propaganda do
PT: a de que em 2015 estávamos em crise por conta de fatores externos (link
aqui). Hoje o foco vai para outra tese ainda mais absurda e ofensiva: a de que
em 2016 ocorreu um golpe que tinha como um de seus objetivos cortar gastos
sociais. Segundo a propaganda petista vivíamos em um país maravilhoso até que
em 2015 uma crise causada por fatores externos abateu nossa economia e
golpistas malvados derrubaram Dilma com o objetivo de fazer o povo sofrer. Na
tese delirante os golpistas começaram a cortar gastos sociais, especialmente em
saúde e educação, tão logo chegaram ao poder e isso fez com que o Brasil
voltasse a ser um país cheio de injustiças e miséria.
Fora da fantasia petista os cortes começaram ainda no
governo Dilma e foram causados pelo mais elementar motivo para cortes de
gastos: o dinheiro acabou. Anos de políticas econômicas irresponsáveis com bilhões
em desonerações e subsídios para empresários amigos do governo, investimento
sem retornos também em parceria com empresários amigos e programas mal
planejados inviabilizaram as políticas do governo federal. Para ilustrar o
ocorrido peguei os dados de despesas discricionárias do Ministério do
Desenvolvimento Social, do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação. Os
dados estão na página da Secretaria do Tesouro Nacional (STN, link aqui), usei
o acumulado em doze meses com valores deflacionados para agosto de 2017. Usei
os gastos discricionários porque são os que costumam ser cortados em caso de
ajustes, cortar gastos obrigatórios exige mudanças na legislação e/ou um longo
período de ajuste para que a inflação faça o trabalho. A figura abaixo mostra
os dados.
Repare que todos os gastos começaram a cair antes da posse
de Temer como presidente interino. De fato, após a posse de Temer, observamos
um aumento do gasto discricionário do Ministério da Saúde e estabilidade no
gasto discricionário do Ministério do Desenvolvimento Social. Ambos vinham em
tendência de queda no final dos governos petistas, expressão usada na
propaganda do partido, e tiveram a tendência revertida no governo de Temer. O
gasto discricionário do Ministério da Educação foi o único que teve queda no
período, mas tal queda apenas continua a tendência herdada de Dilma.
Ao PT não bastou mentir na propaganda, foram além,
insistiram em dividir o país entre apoiadores do partido e golpistas
ressentidos com melhoras na vida dos mais pobres que o partido, a despeito das
evidências internacionais, insiste em creditar a si mesmo e a liderança messiânica
de Lula. Não parou aí, a propaganda teve ataques e a justiça que estariam
agindo em aliança com os tais golpistas que povoam a versão petista para o
ocorrido nos últimos anos. Enfim, ontem o PT mostrou sua pior face: mentiras,
demonização dos oponentes, ataques a imprensa e as instituições e a defesa
fanática de um líder messiânico. Palocci, fundador e por muito tempo um dos
maiores quadros do PT, se referiu ao partido como uma seita, pode ser, não
tenho o mesmo conhecimento do PT que ele, o que vi ontem não pareceu uma seita,
pareceu um partido fascista.
Acho a mesma coisa dos petistas (expressão deles), e isso não significa que estou defendendo os que estão aí.
ResponderExcluir