sábado, 31 de maio de 2014

Retrato do Desastre Econômico no Governo Dilma

Saíram os números referentes às Contas Nacionais relativos ao primeiro trimestre de 2014 (link aqui). O resultado que mais chamou atenção foi o baixo crescimento do PIB, no trimestre em questão o PIB cresceu 0,2% na série com ajuste sazonal. Em relação ao primeiro trimestre de 2013 o crescimento foi de 1,9%. Outro número relativo ao PIB que chamou atenção foi a revisão para cima do crescimento de 2013, o valor original de 2,3% foi revisto para 2,5%. A revisão não muda o diagnóstico que fiz aqui no blog quando do lançamento dos números originais (link aqui).

A análise do PIB pela ótica da produção mais uma vez mostra a agricultura como o setor que mais cresce no Brasil, cresceu 3,6% no período. A indústria decresceu, mostrando mais uma vez o fracasso da mudança na política econômica em atingir um dos objetivos que mais desejava, qual seja: aumentar a participação da indústria no PIB. Na comparação com o primeiro trimestre de 2013 a indústria cresceu 0,8%, menos da metade do crescimento do PIB. Porém a indústria de transformação, objeto maior das políticas industriais defendidas por Dilma e sua equipe, teve uma redução de -0,5%. O resultado positivo da indústria foi devido a indústria extrativa mineral que cresceu 5,4%.

Pela ótica da demanda a queda do investimento também aponta para o fracasso da mudança de política econômica. Queiram ou não os defensores da Nova Matriz Econômica (ainda existe algum defensor?), os principais objetivos da nova matriz, recuperar a indústria e aumentar a taxa de investimento, não foram alcançados, pelo contrário. Não estou surpreso, acreditar que a manipulação de alguns preços vai resolver os problemas da economia brasileira sempre esteve além das minhas capacidades. A verdade é que se a nova matriz tivesse funcionado estaríamos vivendo um racionamento de energia, não o paraíso sonhado pelos que acreditam que o problema é o câmbio ou os juros.

Como desgraça pouca é bobagem  a crença que a política de estímulo à demanda, a queda dos juros e a desvalorização do câmbio despertariam o espírito animal dos empresários e nos levariam a um ciclo de aumento do investimento e de crescimento não apenas reduziu a taxa de investimento como levou a taxa de poupança ao patamar mais baixo dos últimos anos. A figura abaixo, retirada do relatório do IBGE, mostra as taxas de poupança e investimento no Brasil. Poupamos 12,7% da renda contra 17% que poupávamos quando Dilma começou a nos governar. Sem poupança e com a necessidade urgente de aumentar a taxa de investimento o caminho é apelar cada vez mais para poupança externa, ou seja, vamos nos endividar ainda mais com o resto do mundo. Tudo fica mais grave porque, ao contrário do cantando em prosa e verso pela turma do câmbio, a desvalorização do câmbio veio acompanhada por uma redução no saldo comercial, na realidade no primeiro trimestre de 2014 o valor das importações de bens e serviços foi maior que o das exportações de bens e serviços.



A necessidade de financiamento da economia brasileira chegou a R$ 66 bilhões no primeiro trimestre de 2014, no primeiro trimestre de 2009, quando a crise financeira deixava o mundo em pânico, a necessidade de financiamento foi de R$ 14 bilhões e no primeiro trimestre de 2011, logo após a posse de Dilma, a necessidade de financiamento era de R$ 28 bilhões. É difícil encontrar exemplos de política econômica com resultados tão ruins como a política econômica de Dilma. Uma política anunciada como a salvação da indústria de transformação teve a indústria, particularmente a indústria de transformação, como maior vítima. Uma política anunciada como a que ia gerar o maior ciclo de investimento das últimas décadas viu a taxa de investimento despencar. A presidente que começou o governo afirmando que seria lembrada como a presidente do PIBão viu nos seu governo uma das menores taxas de crescimento da história. Se pelo menos ela aprendesse com os erros...

Um comentário:

  1. Ótimo post. Enquanto lia, pensei que, pelo menos pelo lado monetário, o BC voltou a corrigir a taxa base. Chega a ser hilário ver a curva em "U" do juros. Isso que dá mudar economia na marra sem bases para tanto. Mas isso deixará nosso financiamento interno mais caro e lá fora a curva do juros está começando a subir também.

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