Jonathan Wheatleh escreve no FT uma defesa do BNDES (link aqui). Começa reconhecendo as razões dos críticos do banco e depois passa a destacar o papel do BNDES como financiador do investimento no Brasil. A figura abaixo, extraída do texto do autor, resume a defesa do BNDES.
A baixa taxa de investimento no Brasil já deveria ser um sinal que o BNDES está fazendo algo errado, é difícil explicar porque enquanto o BNDES aumenta o volume de recursos para financiar o investimento a taxa de investimento insiste em cair. Onde estão os tais efeitos multiplicadores?
Mas o problema é ainda mais grave. O FT se junta aos muitos que apontam o BNDES como solução em um país onde por várias razões o mercado financeiro não apresenta produtos para financiar o investimento de longo prazo. É fato que existem muitas razões para isto, mas certamente a existência do BNDES é uma destas razões. Como concorrer com um banco que empresta a juros reais negativos? Neste ponto a ausência de mercado para financiar crescimento de longo prazo é semelhante a escassez de boas universidades privadas no país. Como concorrer como as federais e estaduais que não cobram mensalidades dos alunos?
Um último ponto freqüentemente esquecido pelos defensores do BNDES é a questão política. Um banco como BNDES é uma ameaça à democracia. Como fazer oposição a um governo que controla o financiamento do investimento? Já disse aqui várias vezes que sou crítico do BNDES, sou crítico da política industrial e mais crítico ainda das políticas de campeões nacionais. Mas se é para ter tudo isso que seja dada autonomia do BNDES nos moldes que querem dar ao Banco Central. Talvez por vício de formação acredito que as distorções no investimento causadas pelo uso político do BNDES causam mais estragos de longo prazo do que a inflação acima da meta.
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