Delfim Netto colocou suas fichas no petismo e ganhou. Em vez
do ostracismo a que foram condenados os que participaram da ditadura recebeu os
mimos destinados aos nobres da corte petista. Foi conselheiro privilegiado de
Lula e de Dilma. Certamente foi um dos que desviaram o governo da agenda de
reformas para o caminho do desenvolvimentismo que como bem observou Marcos Lisboa, Secretário de Política Econômica de Lula, nos condenou a um crescimento medíocre. Tenho de reconhecer a capacidade
de Delfim de seduzir governos, seduzir aqui está no sentido de convencer alguém
a fazer o que quer. Principalmente depois da crise de 2008 a política econômica
do governo petista passou a ser quase igual à política econômica de Geisel, não
fui o único a ver e dizer isto.
Como depois de Geisel veio Figueiredo, o
governo Dilma acabou por fazer uma brutal desvalorização do real. Só não seguiu
adiante porque, ao contrário da década de 1980, vivemos uma democracia e a
população foi para rua gritar que não estava disposta a pagar a conta de outra
aventura do tipo. Ainda não se sabe se o recuo foi feito a tempo de evitar o
desastre.
Pois bem, Delfim reconhece o fracasso das políticas que foram em grande parte resultado da aplicação de suas ideias. Aparentemente ele
não se sensibilizou com os artigos recentes da FSP (ver aqui e aqui, a excelente reposta de Alexandre Schwartsman está aqui) que nos explicam que só porque o governo não atingiu os indicadores
propostos e previstos pelo próprio governo não podemos dizer que a política
econômica da presidente fracassou. Em tempo, quem afirmou que crescer 1,5% em
2012 era uma piada foi o Ministro Mantega, no mundo real o crescimento de 2012
foi de 1%.
O curioso é que os desenvolvimentistas também não concordam com o Governo. Vide opiniões do Prof. Oreiro.
ResponderExcluirEu não diria que os desenvolvimentistas não concordam com as políticas do governo, no máximo eu diria que eles estão divididos a este respeito. Basta buscar pelos artigos de Delfim, Bresser, Belluzo e outros escritos nos últimos dois ou três anos, antes de ficar óbvio que a redução forçada dos juros não seria capaz de aumentar a taxa de investimento e que a desvalorização do câmbio não salvaria a indústria. Mesmo o Oreiro, que de fato faz críticas a política econômica, saudou os resultados positivos do segundo trimestre de 2013 como resultantes da política econômica do governo e até ironizou os "economistas neoclássicos" por desconhecerem o efeito em J das políticas do governo.
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