quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Jogo no pano... jogo... feito!

Delfim Netto colocou suas fichas no petismo e ganhou. Em vez do ostracismo a que foram condenados os que participaram da ditadura recebeu os mimos destinados aos nobres da corte petista. Foi conselheiro privilegiado de Lula e de Dilma. Certamente foi um dos que desviaram o governo da agenda de reformas para o caminho do desenvolvimentismo que como bem observou Marcos Lisboa, Secretário de Política Econômica de Lula, nos condenou a um crescimento medíocre. Tenho de reconhecer a capacidade de Delfim de seduzir governos, seduzir aqui está no sentido de convencer alguém a fazer o que quer. Principalmente depois da crise de 2008 a política econômica do governo petista passou a ser quase igual à política econômica de Geisel, não fui o único a ver e dizer isto.

Como depois de Geisel veio Figueiredo, o governo Dilma acabou por fazer uma brutal desvalorização do real. Só não seguiu adiante porque, ao contrário da década de 1980, vivemos uma democracia e a população foi para rua gritar que não estava disposta a pagar a conta de outra aventura do tipo. Ainda não se sabe se o recuo foi feito a tempo de evitar o desastre.

Pois bem, Delfim reconhece o fracasso das políticas que foram em grande parte resultado da aplicação de suas ideias. Aparentemente ele não se sensibilizou com os artigos recentes da FSP (ver aqui e aqui, a excelente reposta de Alexandre Schwartsman está aqui) que nos explicam que só porque o governo não atingiu os indicadores propostos e previstos pelo próprio governo não podemos dizer que a política econômica da presidente fracassou. Em tempo, quem afirmou que crescer 1,5% em 2012 era uma piada foi o Ministro Mantega, no mundo real o crescimento de 2012 foi de 1%.

Se é verdade que ficha do governo caiu, quem acompanha o que eu escrevo sabe que eu já tinha apontado esta possibilidade, resta saber agora o que mais vai cair. O que vai acontecer com quem convenceu o governo de colocar as fichas no desenvolvimentismo? Vão continuar boicotando as reformas de dentro do governo ou vão ser mandados para casa enquanto um novo time tentará mais uma vez recuperar o tempo perdido na busca de soluções mágicas para problemas que pedem soluções reais? O tempo dirá. Espero que Marcos Lisboa e/ou outros do mesmo porte estejam disponíveis para o trabalho.



2 comentários:

  1. O curioso é que os desenvolvimentistas também não concordam com o Governo. Vide opiniões do Prof. Oreiro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu não diria que os desenvolvimentistas não concordam com as políticas do governo, no máximo eu diria que eles estão divididos a este respeito. Basta buscar pelos artigos de Delfim, Bresser, Belluzo e outros escritos nos últimos dois ou três anos, antes de ficar óbvio que a redução forçada dos juros não seria capaz de aumentar a taxa de investimento e que a desvalorização do câmbio não salvaria a indústria. Mesmo o Oreiro, que de fato faz críticas a política econômica, saudou os resultados positivos do segundo trimestre de 2013 como resultantes da política econômica do governo e até ironizou os "economistas neoclássicos" por desconhecerem o efeito em J das políticas do governo.

      Excluir