Mês passado o Ministério da Fazenda publicou o Relatório
Anual da Dívida Pública Federal relativo ao ano de 2017 (link aqui). No
relatório estão muitas informações essenciais para entender o tamanho do
problema fiscal em que estamos, uma informação me pareceu resumir o tamanho do
problema e, por isso, resolvi compartilhar com os leitores do blog. A figura
abaixo está na apresentação (link aqui) que acompanha o texto principal e mostra
as projeções da dívida bruta do governo geral.
No parágrafo anterior a versão da figura que aparece no
texto principal (pg. 8) está a seguinte explicação:
“Considerando-se o espectro de risco, as simulações mostram
a DBGG estabilizando-se ao redor de 80% do PIB nos cenários centrais, cujo
cenário base incluem como premissas o cumprimento do teto dos gastos e os
parâmetros macroeconômicos divulgados pela Secretaria de Política Econômica
(SPE). Nas situações em que as reformas sejam implementadas integralmente, a
DBGG tende a assumir trajetória estável. Por outro lado, a ausência de reformas
promotoras da consolidação fiscal pode resultar em cenários mais adversos, nos
quais a DBGG poderia superar 90% do PIB.”
Da figura e do parágrafo citado aprendemos que se tudo der
certo e o governo conseguir respeitar o teto de gastos a dívida bruta vai
estabilizar em 80% do PIB. Se o governo não conseguir respeitar o teto a dívida
pode ultrapassar 90% do PIB sem garantia que vai estabilizar em algum ponto.
Sejamos otimistas para além do razoável, o próprio governo parece estar
desanimado em relação a aprovação da reforma da previdência que é fundamental
para conseguir respeitar o teto de gastos nos próximos anos, e fiquemos com a
hipótese que a dívida estabiliza em 80% do PIB. Quão razoável é esse patamar?
Para responder a pergunta peço que o leitor repare na figura
abaixo, nela estão listadas a relação entre dívida pública e PIB nos países emergentes
(emergentes da Europa, América Latina e Caribe, emergentes da Ásia e Comunidade
dos Estados Independentes) com mais de dez milhões de habitantes que estão na
base de dados do FMI, para evitar efeitos pontuais foi usado o valor médio dos
anos de 2015, 2016 e 2017. Repare que apenas a Ucrânia tem uma dívida bruta
superior a 80% do PIB. O valor médio da dívida como proporção do PIB é de 41%,
a mediana é de 36% e apenas nove dos trinta e um países da amostra apresentam
dívida brita acima de 50% do PIB. A Rússia tem uma dívida de 16% do PIB, a
China de 44%, a Índia de 69%. Na América Latina a Argentina deve 55% do PIB, o
Chile 21% e o México 55%.
A conclusão é preocupante: se tudo der certo no esforço fiscal
proposto pelo governo vamos ser o país mais endividado da América Latina e, com
a possível exceção da Ucrânia, também vamos ser o mais endividado dos emergentes.
Mas pode ficar tranquilo, um economista falou no rádio que nossa dívida é baixa
quando comparada a de países como Japão, França e outros do clube dos ricos...
Volto a dizer que a reforma previdenciária, se houver, será a possível e não a necessária (ou desejável, como preferir). São muitos grupos de interesses contrariados que farão pressão e o governo não suprimirá "direitos adquiridos". Aliás, fala-se do peso dos militares no rombo da Previdência e o próprio Jungmann, ministro de Temer, disse que não haveria alteração em relação aos benefícios previdenciários da turma da caserna.
ResponderExcluirNão escaparemos do desastre. Haverá a necessidade de demissão em massa de funcionários públicos no próximo quadriênio e, talvez, já vejamos o reflexo de nossa omissão enquanto sociedade e de 13 anos de incompetência petista numa elevação geral de preços.
Aff.. fico doido com esses economistas que querem comparar dívida de País rico com a do Brasil. Parece que não sabem que a dívida aqui se dá por políticas progressistas, péssimos investimentos, corrupção e afins.
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