sexta-feira, 21 de março de 2014

Lembrem de Pasadena

Chega a ser difícil escrever sobre a compra da refinaria em Pasadena, no Texas. Em resumo a Petrobras pagou U$ 360 milhões por metade de uma refinaria que um grupo belga tinha comprado por U$ 42,5 milhões. Não satisfeita em pagar oito vezes mais que o valor da refinaria para ter metade da refinaria a Petrobras assinou um contrato que a obrigava a comprar a outra metade da refinaria em caso de desavença entre os sócios. A desavença ocorreu, é claro, a Petrobras foi a justiça aparamentemente ignorando o contrato que tinha assinado, e acabou sendo obrigada a comprar a outra metade da refinaria. Incluindo os custos do processo a Petrobras pagou U$ 820,5 milhões pela outra metade da refinaria. No final do sai a Petrobras pagou U$ 1,18 bilhões de dólares por uma refinaria que tinha custado U$ 42,5 milhões aos belgas.

A operação é tão absurda que não tem como criticá-la sem ser repetitivo ou ofensivo. Em qualquer uma destas sociais democracias que servem de modelo para os petistas não revolucionários os responsáveis pela compra, inclusive a presidente Dilma, então presidente do conselho administrativo da Petrobras, estariam banidos da vida pública, alguns estariam presos. Naturalmente os sociais democratas do PT vão esquecer desta história em outubro e continuarão nos dizendo que querem transformar o Brasil em uma bem sucedida social democracia enquanto votam em uma das responsáveis pela transação descrita acima. É sobre não esquecer que vou escrever.

Em 1836, neste mesmo Texas, aconteceu uma batalha crucial para o destino dos EUA e, por consequência, para o destino do mundo. O General Santa Anna, ditador de plantão no México, atacou a missão do Álamo. Naquela época o Texas pertencia ao México e os que estavam na missão, em grande parte americanos, resistiam ao ditador. Os eventos ficaram conhecidos como Batalha do Álamo e são descritos em livros, filmes e outras formas de mídias. Para resumir o que aconteceu basta dizer que foi um massacre, o exército mexicano atacou com força total e os americanos resistiram até o fim. A derrota heróica acabou por chamar atenção e fortalecer a causa do Texas. Com o tempo Santa Anna foi derrotado pelos texanos e teve de ceder a independência do Texas em troca da própria vida. Após a independência o Texas se juntou aos EUA. O que me fez lembrar desta história, além de ter ocorrido no Texas, é o lema "remember the Alamo" (lembrem do Álamo) que inspirou os texanos na luta contra Santa Anna. O grito "remember the Alamo" trazia a memória os que lutaram contra todas as chances e mesmo perdendo foram capazes de inspirar tantos outros até a vitória final.
Não temos no Brasil de hoje um Santa Anna nem ninguém teve de morrer em defesa da liberdade. Mas temos no governo um grupo capaz de qualquer coisa para desmoralizar os opositores e os que ousam criticá-los. Até outubro provavelmente ninguém será assassinado por este grupo, mas muitas reputações serão. Não apenas políticos, mas delegados, juízes, colunistas, economistas, artistas e quem quer aponte os erros do governo serão acusados de traidores, sabotadores, alarmistas, serviçais das elites e outros impropérios. Nesta hora, quando seu amigo petista tiver acusando você é as pessoas com quem você se indentifica de todas estas coisas, quando tiverem distorcendo os fatos e esquecendo a verdades inconvenientes lembrem de uma única frase: lembrem de Pasadena.


2 comentários:

  1. Menos Roberto... A batalha do Álamo foi entre o governo mexicano que era contra a escravidão e fazendeiros anglos que queriam lutar pelo direito de expandir a escravidão em território mexicano. No final das contas, as forcas anti-liberdade venceram e o Texas virou um estado escravocrata. Precisou o Sant'Ana de Illinois, um tal de Lincoln, dar um cacete monumental no Sul para abolir tal pratica abominável.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Véi, de boa, você chamou Lincoln de Santa Anna de Illinois e me pediu "menos", confere? Cada um com suas comparações, mas o fato é que o John Wayne estava do lado dos texanos.

      Excluir