Hoje a imprensa noticiou um superávit primário para recorde
para janeiro (link aqui). De fato, já corrigido pela inflação, o maior superávit
para janeiro até então tinha sido de R$ 38,3 bilhões em 2013, neste janeiro foi
de R$ 44,1 bilhões. A figura abaixo mostra o superávit primário para janeiro
desde 2015 quando começou o ajuste fiscal. Como o leitor pode observar o
aumento foi de mais de R$ 10 bilhões, um feito que merece registro.
Outro ponto importante é que, embora tenha ocorrido um
aumento real de 6,4% da receita líquida, houve uma redução real de 3,3% nos
gastos, ou seja, é um ajuste que depende muito das receitas, mas também tem
contribuição do gasto. A figura abaixo mostra a receita líquida e a despesa
total desde 2015. Repare que a receita líquida está no maior valor da série
para o período, o que mostra o ajuste via receitas, mas a despesa total está no
menor valor, o que mostra que o ajuste também está sendo feito via gastos. Se o
governo conseguir manter esse ritmo durante o ano talvez tenhamos um ajuste
fiscal com redução de gastos, fenômeno que não ocorreu em 2019 (link aqui e
aqui).
Olhando a composição da despesa a figura mostra que houve
redução em todos os itens com exceção dos benefícios previdenciários. A reforma
da previdência deve amenizar esse crescimento, mas não deve reduzir os gastos
dessa conta de forma que será preciso continuar ajustando nos outros itens para
manter os gastos em queda. A maior queda foi no item ”Outras Despesas
Obrigatórias”, como esse item é composto por muitas categorias não dá para detalhar
aqui. Destaque negativo para o impacto do FIES no gasto primário que foi
negativo em cerca de R$ 40 milhões em janeiro do ano passado e passou para R$ 111
milhões em janeiro deste ano e Fundo Constitucional do DF que subiu de R$ 44
milhões para R$ 85 milhões. Do ponto positivo as compensações ao RGPS pelas
desonerações caíram de R$ 1049 milhões em janeiro de 2019 para R$ 624 milhões em
janeiro deste ano.
O item “Despesas do Poder Executivo Sujeitas à Programação
Financeira” é composto por duas categorias: “Obrigatórias com Controle de Fluxo”,
que teve queda de 8,7% na comparação entre janeiro de 2019 e janeiro de 2020, e
“Discricionárias”, que teve aumento de 16,2%. A figura abaixo mostra a variação
nos componentes da despesa discricionária.
A figura mostra que na comparação entre janeiro de 2019 e
janeiro de 2020 houve aumento de gastos em saúde, defesa, transporte e
segurança pública e queda de gastos em educação, administração, ciência e
tecnologia e assistência social. Naturalmente não dá para especular sobre
preferências do governo na comparação de janeiro contra janeiro, fico devendo
um post com a comparação dos gastos discricionários e investimento nesses
setores entre 2019 e os anos anteriores.
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