Dois anos da manifestação que deu início a caminhada que levou
ao impeachment de Dilma. Muitas histórias já foram e ainda serão contadas dessa
e das manifestações que vieram nos meses seguintes. Uma das que mais gosto é a
história do pato, ele não estava na manifestação de 13 de março de 2015, chegou
depois, bem depois. Aliás, o pato não foi o único, muitos dos que depois se
juntaram à causa do impeachment não estavam nas manifestações do dia 13/03,
alguns chegaram a garantir que não daria em nada e o melhor a fazer era se
conformar com Dilma, outros chegaram a fazer graça, mas essas são outras
histórias.
O pato não teve a importância no Pixuleco, nem perto, mas teve
sua graça, mais pelos desenrolar dos fatos do que pela participação dele nas
manifestações. O pato simbolizava uma campanha da FIESP que dizia que não
pagaria a conta. Que conta? Aqui que a história do pato fica interessante e
ganha potencial de suplantar o Pixuleco no longo prazo. A referida conta era,
em grande parte, de políticas feitas por Dilma e por Lula para transferir renda
para turma da FIESP. Não é a primeira vez que governantes comprometem as contas
públicas apostando na tese que dar dinheiro dos pagadores de impostos aos muito
ricos é uma boa maneira de ajudar os pobres, infelizmente, pelo que vejo, não
será a última. Alguém mais cínico diria que se não ajuda os pobres o dinheiro
dado aos muito ricos ajuda os políticos que defendem a tese, mas essa também é
outra história. O que interessa é que a história em si não é nova, Adelino Moreira
diria que é uma história vulgar, o que torna a história particularmente
interessante é o pato.
Como já disse o pato apareceu simbolizando a campanha da FIESP
para não pagar a conta das políticas de Dilma que beneficiaram a turma da
FIESP. Parte da turma de DIlma, ao que parece nessa parte estava a própria,
ficou indignada com a "traição" da FIESP, bobagem, empresário quer
lucro e não pagar a conta pode ser bem lucrativo. Outros viram no pato um
simbolismo. Que simbolismo? Imagino que a maioria das pessoas veria o pato como
uma provocação a quem deu dinheiro esperando apoio futuro e viu o suposto
aliado se juntar aos que pediam o impeachment, mas a seita é composta por
pessoas peculiares e conseguiram ver o contrário, como parte do delírio que
confunde impeachment com golpe viram no pato uma alusão aos que estavam nas
ruas dizendo que também não iam pagar o pato.
A história do pato começa com um governo mandando centenas de
bilhões de reais para a festa de empresários amigos. Na seqüência a festa
compromete as contas públicas trazendo a usual combinação de inflação, cortes
de gastos e elevação de impostos, para piorar o mau uso do dinheiro é peça
fundamental para jogar o pais em no que talvez tenha sido a maior crise de
nossa história. O povo revoltado sai às ruas pedindo o fim do governo, os
empresários amigos se juntam aos manifestantes dizendo que não vão pagar a
conta da festa. Para simbolizar a "mudança de lado" mandam o boneco
de um pato para animar as manifestações. Apoiadores da presidente afastada entendem
o pato como uma referência aos manifestantes. Difícil imaginar uma história que
represente melhor que a do pato o final do governo Dilma.
Se pelo a história servir para futuros patos governantes
não financiarem a festa dos empresários amigos...
Mal saiu o post e já apareceu o Sapo da Fiesp querendo se apropriar das medidas que o Banco Central já vinha implantando desde 2016 para diminuir o spread bancário...
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