Seguindo o post anterior (link aqui) nesse post vou comentar
as diferenças no ambiente de negócios nos países emergentes da Ásia e nos países
da América Latina e Caribe. Para fazer essa comparação usei os dados do Doing
Business (link aqui) elaborados pelo Banco Mundial disponíveis entre 2005 e
2015 junto com a classificação de grupos de países usada pelo FMI, fiquei com
22 dos 30 países emergentes da Ásia e 28 dos 32 países da América Latina e
Caribe. Usei as variáveis de tempo por acreditar que são mais fáceis de
comparar entre países do que custos como proporção do PIB e número de
procedimentos. Desta forma useis as variáveis: tempo para construir armazém, tempo
para fazer valer um contrato, tempo para pagar impostos, tempo para resolver
insolvência e tempo para começar um negócio.
A figura abaixo mostra a média de cada uma destas variáveis
para os países emergentes da Ásia e para América Latina e Caribe. Repare que
embora a diferença não seja muito grande os países emergentes da Ásia, que
(ainda) são mais pobres do que nós, se saíram melhor em todos os itens usados
para comparação.
Para uma visualização melhor das diferenças entre os países
dos sois grupos a figura abaixo mostra o diagrama de caixa para cada grupo de
países e cada variável considerada. Repare que em todos os critérios menos o
tempo para abrir um negócio a mediana, linha vertical em negrito, da América Latina
e Caribe fica cima do mediana dos países emergentes da Ásia. Isso significa que
o país que está bem no meio da amostra da América Latina e Caribe leva mais
tempo para cada um dos procedimentos, com exceção do tempo para abrir um
negócio, que os país que está bem no meio da amostra dos emergentes da Ásia.
Isso é preocupante para “nuestra” América. Como bem sabemos aqui no Brasil em
um ambiente de negócios ruim mesmo que sejam jogados bilhões de dólares em
subsidio a investimento o resultado não é dos melhores. Nem semente boa
prospera em terra ruim. Por falar em Brasil, vejam aquele ponto que distorce
totalmente o diagrama de caixa para tempo de pagar impostos na América Latina e
Caribe, aquele país que está acima de 2000 horas enquanto a média nos países
emergentes da Ásia é de 231 horas e a média na América Latina e Caribe é de 415
horas, pois bem, somos nós.
Uma outra maneira de ver a diferença entre os dois grupos de
países é olhando a densidade das duas distribuições, densidade é um conceito
técnico que não costumo usar aqui no blog, grosso modo quanto mais para
esquerda estiver cada grupo melhor, pois estar à esquerda significa mais países
com menos tempo para cada um dos critérios usados. Repare que no tempo para
construção de armazéns, no tempo para fazer valer um contrato e no tempo para
pagar impostos os países emergentes da Ásia aparecem com mais frequência nos
valores mais baixos, esquerda do gráfico. No quesito tempo para resolver
insolvência os países emergentes da Ásia dominam a posta esquerda e a ponta
direita, ou seja, alguns estão muito bem e outros estão muito mal, a turma da
América Latina e Caribe fica pelo meio. Por fim, no tempo para começar um
negócio os dois ficam bastante próximos, com a América Latina e Caribe se
saindo melhor quando consideramos a mediana e os emergentes da Ásia se saindo
melhor quando o critério é a média. Isso acontece por conta de um país que “puxa”
a distribuição da América Latina e Caribe para direita, aquela mancha verde no
final do gráfico. O país é o Suriname, mas não reclame de nossos vizinhos,
aquela mancha verde que “puxa” a distribuição do tempo de pagar impostos na
América Latina e Caribe somos nós.
Os critérios usados nesse post sugerem que os países emergentes
da Ásia possuem um ambiente de negócios mais favorável ao empreendedorismo do
que os países da América Latina e Caribe. A diferença não é tão grande, mas é
consistente entre os vários critérios. Como foi visto no post anterior, os países
emergentes da Ásia, em média, são mais pobres que os países da América Latina e
Caribe, mas estão se aproximando. Lá vimos que eles poupam e investem mais do
que nós, aqui vimos que estão com ambiente de negócios melhor que os nossos. Depois
não se espantem quando seus netos resolverem migrar para a Indonésia ou para
Índia.
Que revolução seria se o Brasil conseguisse fazer suas reformas...
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