tag:blogger.com,1999:blog-20557561486838824432024-03-12T19:40:39.355-07:00Blog do Roberto ElleryBlog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.comBlogger433125tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-84815491040916678362022-08-09T16:21:00.001-07:002022-08-09T16:21:12.070-07:00O preço dos alimentos subiu em julho, mas a variação do IPCA foi negativa.<p>Este mês o IPCA teve variação negativa, a turma das redes
sociais já saiu para festa ou ataque de acordo com as cores políticas de cada
um. De um lado parecem esquecer que a queda no IPCA foi por conta de uma
intervenção para lá de polêmica da União nos impostos cobrados pelos estados. O
custo da intervenção pode cair no colo da União mais cedo do que se pensava
agravando o problema fiscal. A última vez que vi quatro estados (Alagoas, Maranhão,
São Paulo e Piauí) já tinham conseguido liminares do STF para suspender
pagamentos da dívida com a União por conta das perdas com a redução do ICMS. Do
outro lado, há quem fale dos perigos da deflação e coisas do tipo. Não apenas
esses perigos, se é que existem mesmo, podem ser bem menores do que apregoam
alguns caros colegas de profissão como o que aconteceu um julho está longe de
ser um episódio típico de deflação.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Uma olhada nos grupos que forma o IPCA ajuda a entender o
que está acontecendo. A figura abaixo mostra cada um dos nove grupos ordenados do
de menor para maior variação, em azul escuro está o índice geral. No grupo “Alimentação
e bebidas” o crescimento foi de 1,3%, acima do crescimento de 0,8% em junho,
outro grupo com crescimento maior do que 1% no mês foi o de “Despesas pessoais”
que cresceu 1,13% em julho contra 0,49% em junho. Os grupos “Vestuário”, 0,58%,
e “Saúde e cuidados pessoais”, 0,49%, também mostraram crescimento alto e
preocupante.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJOWfNrABUdwPTzpjb3VagiDyc0MSHY4tmofVZkUvtr3jzKSpODj1C3Y3OLerOShYYTrOW4nQQl_LzALbcZOIBhwteLQBULSEgeUPjl8PacVfxVVOjShX4_fVHBUpzBh-E0I8nkQSsBBRmir9E4sdu9LkK2Ki-HFavvYwp5B84juocl_6QdHt2M8-SyQ/s901/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJOWfNrABUdwPTzpjb3VagiDyc0MSHY4tmofVZkUvtr3jzKSpODj1C3Y3OLerOShYYTrOW4nQQl_LzALbcZOIBhwteLQBULSEgeUPjl8PacVfxVVOjShX4_fVHBUpzBh-E0I8nkQSsBBRmir9E4sdu9LkK2Ki-HFavvYwp5B84juocl_6QdHt2M8-SyQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Na outra ponta é possível ver a forte queda nos grupos “Transportes”
e “Habitação”, as duas quedas estão diretamente relacionadas à marretada nos preços
via corte de impostos com direito a lei obrigando postos a mostrar a variação
nos preços no melhor estilo fiscais do Sarney. Uma olhada nos componentes do
grupo “Habitação” deixa isso claro, itens como “Aluguel e taxas”, 0,86%, e “Condomínio”,
0,61%, tiveram altas significativas em julho, mesmo assim o grupo teve variação
de -1,05% por conta da forte queda em “Combustíveis e energia” que caiu 4,26%
por conta da queda de 5,78% em “Energia elétrica residencial”. Da mesma forma,
a queda de 4,51% em transportes foi puxada pela queda de 14,15% em “Combustíveis
(veículos)”. A análise dos grupos e subgrupos do IPCA deixa claro que a redução
de preços em julho está mais relacionada à intervenção pontual do governo do
que a uma redução dos desequilíbrios macroeconômicos que fizeram a inflação
disparar em primeiro lugar.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">São conhecidos os perigos de vender ilusão em economia. Friedman
dizia que a inflação é sempre e em qualquer lugar um fenômeno monetário,
Sargent mostrou que a origem desse fenômeno costuma estar em desequilíbrios
fiscais. Redução de impostos, ainda que bem-vindas, não resolvem nem o problema
monetário nem o fiscal. Na pior das hipóteses o corte de impostos agrava o problema
fiscal nos fazendo trocar um imposto muito ruim, ICMS sobre combustíveis, pelo
pior de todos os impostos que é a inflação. Na melhor das hipóteses o BC consegue
controlar a inflação, mas ao custo de taxas de juros ainda maiores do que as
que prevaleceriam em uma situação de melhor equilíbrio fiscal.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">De toda forma, se o governo está convencido que inflação é
doença dos preços e não da moeda, sugiro uma medida para limitar impostos sobre
a melancia. Vocês acreditam que o preço da danada subiu 31,26% em julho? Só
podia ser vermelha por dentro...<o:p></o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-53216684121861797972022-07-30T15:53:00.004-07:002022-07-30T15:53:45.085-07:00Outro post sobre a dívida pública no Brasil e em países emergentes<p> No passado fiz vários posts comparando a dívida pública como
proporção do PIB no Brasil com a mesma proporção observada em outros países
emergentes. A intenção dos posts era colocar água no chopp de quem estava comemorando
algum indicador como sinal de que não tínhamos um problema fiscal, sim, sou
chato e nunca neguei. De uns tempos para cá vejo que está ganhando força aquela
perigosa sensação de que o lado fiscal está deixando de ser um problema, não
está, e para colocar água no chopp de quem está comemorando voltei com um post
comparando a dívida pública do Brasil com a de outros países emergentes.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Começo com a versão atualizada de um gráfico que consta em
outros posts em várias apresentações que fiz para mostrar que a dívida pública
do Brasil é alta quando comparada a de países emergentes. A figura abaixo
mostra o PIB per capita (corrigido por PPC) a dívida pública como proporção do
PIB em países emergentes da Europa, emergentes da Ásia, da Comunidade Estados
Independentes e da América Latina em Caribe. Estão listados 44 países, foram excluídos
os países com menos de cinco milhões de habitantes e, por óbvio, os que não
tinham dados disponíveis.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiaawZtDPdyE96RDG7xfT95HtfsyYXoqm0AE51HbbTUwGnfaSThKf0Ft2ygByf7vjhuFAJ78nCgZEdnNNuxes5xMCkTpooJ5_y9jEEMnhIamW4skts4_o8RxpBq9h2GCs5RXI7-tGzhzMFnr801xTjryBQxLeK1kfdzh5V7OXq-Jv_X0z9Or3IKPBZqw/s901/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiaawZtDPdyE96RDG7xfT95HtfsyYXoqm0AE51HbbTUwGnfaSThKf0Ft2ygByf7vjhuFAJ78nCgZEdnNNuxes5xMCkTpooJ5_y9jEEMnhIamW4skts4_o8RxpBq9h2GCs5RXI7-tGzhzMFnr801xTjryBQxLeK1kfdzh5V7OXq-Jv_X0z9Or3IKPBZqw/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Dos 44 países apenas no Sri Lanka e no Laos a dívida pública
é maior como proporção do PIB do que no Brasil. Em 2021 a média das dívidas
como proporção do PIB nos países da amostra foi de 53,6%, a mediana foi de
50,3%, no Brasil foi de 93%. Alguém pode dizer que o grupo de comparação para o
Brasil deveria ser o dos países ricos, onde a dívida pública costuma ser muito
maior como proporção do PIB, não creio que seja o caso. Não somos um país,
rico, nem chegamos perto, repare que nosso PIB per capita está no “meião” da
turma dos emergentes.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Se nossa dívida é tão alta de onde vem a ideia de que o
problema fiscal está sendo resolvido? A dívida como proporção do PIB caiu? Seria
razoável observar uma queda da dívida, afinal em 2020 o PIB teve uma queda
histórica e os gastos foram para o espaço por conta da pandemia. De fato, em
2020 a dívida como proporção do PIB foi maior do que em 2019 para todos os
países da amostra com exceção do Haiti e do Turcomenistão, em 2021 houve queda
de dívida como proporção do PIB em 20 dos 44 países da amostra. O Brasil é um
dos vinte.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Essa queda talvez seja a razão da sensação que o problema
fiscal está controlado, o problema é que 2020 está longe de ser um bom ano de
referência. Se considerarmos a dívida como proporção do PIB em 2019, quando o
atual governo reconhecia a existência de um grave problema fiscal, tão grave
que motivou envio de PECs para tratar de emergência fiscal, a dívida como
proporção do PIB aumentou de 87,9% para 93%. Entendo que a queda, que continua
em 2022, dê uma sensação de alívio, mas é preciso lembrar que assim como a
disparada em 2020, quando a dívida chegou a 98,7% do PIB, a queda atual deve ser
vista no contexto da pandemia.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A figura abaixo mostra a variação da dívida como proporção do
PIB e do PIB per apita (o PIB ficaria melhor, mas eu já tinha pegue o PIB per
capita para a primeira figura...) entre 2019 e 2021. Apenas cinco países da
amostra tiveram queda na dívida como proporção do PIB (Vietnam, Ucrânia, Haiti,
Turcomenistão e Argentina), em todos os outros a dívida foi maior em relação ao
PIB em 2021 do que em 2019. O Brasil fica bem no quadro, com um crescimento do
PIB próximo da mediana (linha pontilhada vertical), ficamos com a sétima posição
no quesito menor crescimento da dívida como proporção do PIB. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEht4vPf7iLr_aH5hfSC4Q4QTXwgaE8xFSxRixjHwJBRBRVPl7UKm7ObxpVy9m3rfCg4U-e2dEldnqOiHAhsfgC5vmycjkohLU2yrrqy7bdvxXU3bfPNBqB5lJaj6oKB95Tbef2nVkU6SGfG3mOw1Yl8eoTEi3idfb030SwlNul0J25RImsvL3C7uWszjg/s901/fig2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEht4vPf7iLr_aH5hfSC4Q4QTXwgaE8xFSxRixjHwJBRBRVPl7UKm7ObxpVy9m3rfCg4U-e2dEldnqOiHAhsfgC5vmycjkohLU2yrrqy7bdvxXU3bfPNBqB5lJaj6oKB95Tbef2nVkU6SGfG3mOw1Yl8eoTEi3idfb030SwlNul0J25RImsvL3C7uWszjg/s320/fig2.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">O problema, sempre tem um, é que a segunda melhor no ranking
é a Argentina! Como pode? Um possível candidato para explicar o bom desempenho
da Argentina é a inflação descontrolada por lá. Se isso for verdade a inflação de
mais de 10% em 2021 pode explicar também nossa boa posição, afinal nossa inflação
em 2021 foi a oitava maior na lista de 44 países.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Estabelecer causalidade em macroeconomia é tarefa de gincana,
e das difíceis, não vou tentar fazer isso em um post. Apenas como curiosidade,
mais para provocação, fiz uma regressão entre a variação na dívida como proporção
do PIB e o logaritmo da inflação em 2021. Deu uma relação negativa e
significativa, ou seja, quanto maior a inflação, menor a variação da dívida como
proporção do PIB. A figura abaixo mostra a regressão.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc66THzhSuxfLIeqFt-yUsKe6dVdBN1FdupBcrNm3OdrySWROs6GvbLAmr-SxCIYygSaOMQ1-36-gOEO068NrQcN9Zo3C8bQzygs7r_rSRbP8XfVdEfCX_kf2Pw3ZYGwKWlrgPlDmM-u7No5aLEP2abjZpgpjFqCi6dO5GiYwWdVfkFe5KlKm5-9-NZA/s901/fig3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc66THzhSuxfLIeqFt-yUsKe6dVdBN1FdupBcrNm3OdrySWROs6GvbLAmr-SxCIYygSaOMQ1-36-gOEO068NrQcN9Zo3C8bQzygs7r_rSRbP8XfVdEfCX_kf2Pw3ZYGwKWlrgPlDmM-u7No5aLEP2abjZpgpjFqCi6dO5GiYwWdVfkFe5KlKm5-9-NZA/s320/fig3.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Isso significa que nosso bem desempenho, no sentido de
pequena variação da dívida como proporção do PIB, é por conta da inflação? Não.
Como disse acima estabelecer causalidade em macroeconomia é complicado, além do
mais quem chegou até aqui já deve estar cansado saber que correlação não
implica causalidade. Teoricamente a inflação pode ser o motivo da pequena variação
da dívida como proporção do PIB no Brasil, afinal com inflação alta é mais
fácil controlar o gasto para que cresça menos do que a receita. Isso não é
suficiente para estabelecer a causalidade, mas, a justificativa teórica somada
a correlação da figura acima, são boas para colocar lenha na fogueira. O
objetivo do post era colocar água no chopp, mas uma lenha na fogueira, ainda
mais em ano eleitoral, é oportunidade que não posso deixar passar.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-20636278384646179312022-07-17T07:29:00.001-07:002022-07-17T07:29:14.828-07:00Turma do "meião": queda e recuperação do PIB no Brasil em comparação com outros países.<p>Talvez por conta das revisões para cima nas previsões de
crescimento para o Brasil em 2022, tenho reparado uma certa euforia com a
recuperação da economia. Curioso com tanta animação resolvi dar uma olhada nos
dados de crescimento de outros países entre o primeiro trimestre de 2019, um
ano antes da pandemia, e o primeiro trimestre de 2022, o último com dados
disponíveis.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Obtive as informações que precisava na base de dados da
OCDE. O primeiro exercício foi pegar as taxas de crescimento para todos os
países com dados disponíveis para todos os trimestres do período de interesse,
fiquei com 47 países. A figura abaixo mostra o resultado, repare que o Brasil
(em azul) está bem próximo da mediana (em laranja) na maioria dos períodos.
Ficar próximo da mediana significa que cerca de metade dos países teve taxa de
crescimento maior do que a nossa, logo na maioria dos períodos ficamos no
“meião”. Não é um desastre, mas também não é motivo de festa, salvo se o Brasil
quer ser personagem daquele meme do pódio.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLvRMZQVmTnagVN-QMrgExV2OuZmSpQrC3dfc8U4Noh0vpKEOET2a3-xz90IU_PcDR7FjvV5KvqQsvdOtSq3NHl5cAHTW-SsMI4EXA1FwWxoxh6vu0_hf1LlF6xm5kU1EdvYT4Hvl7qZX_k95WWm4BwEb_zP79yfkKkbtArAOyEr-XONkZggS5ZP0QKw/s901/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLvRMZQVmTnagVN-QMrgExV2OuZmSpQrC3dfc8U4Noh0vpKEOET2a3-xz90IU_PcDR7FjvV5KvqQsvdOtSq3NHl5cAHTW-SsMI4EXA1FwWxoxh6vu0_hf1LlF6xm5kU1EdvYT4Hvl7qZX_k95WWm4BwEb_zP79yfkKkbtArAOyEr-XONkZggS5ZP0QKw/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal">Comparações com vários países são interessantes, mas não
estão livres de riscos. Existem vários fatores que podem comprometer a
comparação. Por exemplo, países ricos podem ter uma tendência de crescer mais
do que países pobres, nesse caso um país emergente crescer a taxas semelhantes
à dos países ricos pode ser um mal sinal para o país emergente. Para reduzir
esses riscos, refiz o exercício comparando o Brasil com os países do BRICS e da
América Latina que estavam na amostra. O resultado está na figura abaixo. Na
maioria dos períodos ficamos na turma do “meião”, destaque para o segundo
trimestre de 2020, o pior de todos, quando é visível que nossa queda foi bem
menor do que a queda mediana, ou seja, ficamos bem na foto.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSZSXiSE2TfZRGFfwkz7R1jLJVCduV1oYmoi2Et2061IHYyqWi8KZCuzSYHxvHLRmnbpFuQfOcn2XNz7T2tREgpTGnyaaFI_1CJq1SjLbnssEdC47ERoq9-a8WEvp8jgQyDdJYpJN0XxPqWi2JddXbex0GQT_-Pi9IFYKIt5R60BvM0ClJFOoNf0IcXg/s901/fig2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSZSXiSE2TfZRGFfwkz7R1jLJVCduV1oYmoi2Et2061IHYyqWi8KZCuzSYHxvHLRmnbpFuQfOcn2XNz7T2tREgpTGnyaaFI_1CJq1SjLbnssEdC47ERoq9-a8WEvp8jgQyDdJYpJN0XxPqWi2JddXbex0GQT_-Pi9IFYKIt5R60BvM0ClJFOoNf0IcXg/s320/fig2.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">As taxas período a período podem não passar uma boa ideia do
que aconteceu no acumulado de todo período, não é fácil perceber em um gráfico
quando as taxas maiores compensaram, ou não, as taxas menores. O segundo
exercício do post apresenta a taxa média de crescimento durante o período, isso
resolve o problema porque essa taxa leva em conta o crescimento acumulado no
período. A mediana foi um crescimento de 0,36% por trimestre, na Brasil tivemos
0,23%, ou seja, no acumulado ficamos na metade com pior desempenho. A média foi
0,47%, mas não é um bom indicador especialmente por conta do crescimento muito
alto da Irlanda.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPU7btwok1NCfj_3mvxsdUlFOf-2cDAUuVCg3wTSWqA909kZhtnVAnTRSd7G4Ju6aqvfCS2B8XXXXU_XT5qkBvMxjFhysXwpurJ-IdnWtLzsW1FIBx0WT1d3P8K0VtERMVHRfLNCV-Sn28Wp-evx8dMqjX7hXXvtcfLdWmCkuJ3rA76IlFA4H07jo3xA/s901/fig3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="700" data-original-width="901" height="249" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPU7btwok1NCfj_3mvxsdUlFOf-2cDAUuVCg3wTSWqA909kZhtnVAnTRSd7G4Ju6aqvfCS2B8XXXXU_XT5qkBvMxjFhysXwpurJ-IdnWtLzsW1FIBx0WT1d3P8K0VtERMVHRfLNCV-Sn28Wp-evx8dMqjX7hXXvtcfLdWmCkuJ3rA76IlFA4H07jo3xA/s320/fig3.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Para terminar o exercício acima foi refeito apenas para os
países do BRICS e América Latina disponíveis na amostra. Apenas México e África
do Sul tiveram um desempenho pior do que o nosso no acumulado entre o primeiro
trimestre de 2019 e o primeiro trimestre de 2022. A mediana do grupo ficou em
0,58% e a média em 0,49%. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijjeYr2qzyE2KxjYb4GKOdM9VVQ5LvC4oEVtwuUKpIJPvpN8_ltmBrnadnj9Vybmo7hTFkFaLzB2YhRNj9kUyIgU1akR1SjlHXTnYME8xqdc-inFZcQhhrvgVboqJVCl1i9QzBxAEwAYymFrj39eSyX36hs41juuyHLs9Erj5PyNuy6MevUfB2XcO3Qw/s901/fig4.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijjeYr2qzyE2KxjYb4GKOdM9VVQ5LvC4oEVtwuUKpIJPvpN8_ltmBrnadnj9Vybmo7hTFkFaLzB2YhRNj9kUyIgU1akR1SjlHXTnYME8xqdc-inFZcQhhrvgVboqJVCl1i9QzBxAEwAYymFrj39eSyX36hs41juuyHLs9Erj5PyNuy6MevUfB2XcO3Qw/s320/fig4.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Os dois exercícios apontam na mesma direção: o Brasil não
apresenta um crescimento maior do que o da maioria dos países, o quadro fica
pior quando comparado aos países do BRICS e América Latina. O principal motivo
para as revisões para cima nas previsões de crescimento, creio eu, é que a
turma superestimou o efeito da elevação dos juros na atividade econômica. Se foi
isso mesmo, o erro é da mesma natureza que levou a turma a não ver a inflação
chegando, qual seja, usar modelos de demanda para explicar/prever uma crise
associada principalmente à oferta.<o:p></o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-11600168896539986722022-07-10T12:19:00.003-07:002022-07-10T12:19:20.753-07:00PIB do Brasil e da América do Sul segundo os dados do FMI e do Banco Mundial<p>Esta semana teimou em aparecer na minha linha do tempo um
mapa da América do Sul destacando que o Brasil respondia por mais de 50% do PIB
do continente. Fiquei curioso e resolvi checar quanto foi essa proporção em
outros anos.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O problema começou na escolha dos países da América do Sul,
segundo a Wikipédia, além dos suspeitos de sempre, constam Bouvet Island, uma
ilha de 49 km<sup>2</sup> que pertence à Noruega que me pareceu mais perto da
Antártida do que da América do Sul, as Ilhas Falkland, que os Argentinos chamam
de Malvinas e já deu guerra com a Inglaterra e Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich
do Sul que também são da Inglaterra. Na Britânica estão os suspeitos de sempre:
Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana,
Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. Como as pequenas ilhas que estão
na Wikipédia pouco contribuem para o PIB do continente e não encontrei os dados
de PIB delas no FMI nem no Banco Mundial fiquei com a lista da Britânica.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Outra razão para excluir as ilhas é que não são países, mas
sim territórios de países europeus. A mesma razão leva a retirar a Guiana
Francesa, que também não tem dados disponíveis nas bases que consultei. Até
aqui tudo bem, tenho um critério consistente e que me ajudou na obtenção dos
dados. Até que reparei que o Banco Mundial não tem dados de PIB para Venezuela
nos últimos anos, aqui complicou porque a Venezuela (ainda) é um país e tem
dados disponíveis nos primeiros anos. Para driblar o problema resolvi
apresentar dados do FMI (com a Venezuela) e do Banco Mundial (sem a Venezuela).<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Definidos os países da amostra, faltava definir o indicador.
Para evitar brigas useis o PIB em dólares e o PIB com correção por paridade de
poder de compra. A figura abaixo mostra a participação do Brasil no PIB da América
do Sul, com correção por PPC, entre 1990 e 2021. Tanto nos dados do FMI quanto
nos dados do Banco Mundial o valor mais alto ocorre em 1990, no século XXI o
pico ocorre em 2002, também nos dados do FMI e do Banco Mundial. Nas duas
séries é possível observar o efeito da crise iniciada em 2014 ainda no governo
Dilma, na série do FMI o menor valor ocorre em 2017 e na série do Banco Mundial
ocorre em 2021. Em nenhuma das séries é possível observar uma tendência de
aumento da participação do PIB do Brasil no PIB da América do Sul, pelo
contrário.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><br /></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuhyabTxU1QwFQbx7OFvy5aCx8qeJwJ4S-8LebwHrTWRn8lqQV0mzRnPKk_LdG1G0eAf4NNiBABWUMwNmWj-eyOTMjRkLf3PrKK40GMngr-sUTg8sysJ3-9Izr_LovhMJ3HdBL1ZiaGmHd9g4k7z_YxXdPb7rYocMASCneqyj5aOmMEpZil6b6gOB6bA/s901/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuhyabTxU1QwFQbx7OFvy5aCx8qeJwJ4S-8LebwHrTWRn8lqQV0mzRnPKk_LdG1G0eAf4NNiBABWUMwNmWj-eyOTMjRkLf3PrKK40GMngr-sUTg8sysJ3-9Izr_LovhMJ3HdBL1ZiaGmHd9g4k7z_YxXdPb7rYocMASCneqyj5aOmMEpZil6b6gOB6bA/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal">Como era de se esperar, a série em dólares tem mais sobe e
desce, alguns dizem que é mais volátil, do que a série com correção por poder
de compra. Depois da estabilização ocorre uma queda que vai até 2001, a partir
daquele ano começa uma trajetória de alta. É curioso notar como a trajetória de
alta da série em dólares contrasta com a trajetória em queda da série com
correção por poder de compra, é provável que parte do fenômeno decorra da
valorização do real no período. Depois de 2010 começa uma trajetória de queda
que ganha força em 2014, a reversão começa em 2015, talvez por conta da
valorização do real. Em 2019 ocorre nova queda que também é parcialmente
explicada por movimento no câmbio.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkB8eB6f_KGujp-EMxe3wXdjkapTUoUSsqsfT-OzGO9ByGfnDgXryCn88jW00Z3tWzTjReIGpfUy9hLA3DZMAF8lu-L5icGM0xDBDnJ7lm4QRPQ6hM_Sx43w2xKBFUSfYyj79ZV1AR6voN8e1MJ2QbgsiJNtNrL5poI3FEeUuht_R1olGVM_jebnpzOA/s901/fig2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkB8eB6f_KGujp-EMxe3wXdjkapTUoUSsqsfT-OzGO9ByGfnDgXryCn88jW00Z3tWzTjReIGpfUy9hLA3DZMAF8lu-L5icGM0xDBDnJ7lm4QRPQ6hM_Sx43w2xKBFUSfYyj79ZV1AR6voN8e1MJ2QbgsiJNtNrL5poI3FEeUuht_R1olGVM_jebnpzOA/s320/fig2.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">As duas figuras mostram que não há razão para o maior país
do continente ficar espantado em ter o maior PIB do continente, não há nada
novo aqui. De fato, as duas séries mostram 2021 pior que 2020 e, bem mais
preocupante, as séries com correção por paridade de compra mostram um declínio
de longo prazo enquanto as séries em dólares mostram declínio em relação ao
começo da estabilização e ao inicio da década passada.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Naturalmente toda essa discussão é meio maluca, não há como
comparar o PIB do Brasil, com mais de 210 milhões de habitantes com o PIB do
Uruguai, com menos de 3,5 milhões de habitantes, ou mesmo com a Argentina com cerca
de 45 milhões de habitantes. A medida adequada de comparação seria o PIB per
capita, mas aí é melhor deixar para outro post... este já bateu a cota de jogar
água no chopp.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-80636259971338339612022-07-01T13:54:00.000-07:002022-07-01T13:54:02.957-07:00A PEC Kamikaze não é só ruim, é muito pior<p>Vejo muita gente, na verdade nem tanta, sugerindo que o problema fiscal está controlado ou algo do tipo. Da parte do governo, a crença no fim do problema fiscal parece ser grande o suficiente para lançar “pacotes de bondades” atropelando regras fiscais e eleitorais. A verdade é que o crescimento da inflação costuma gerar alívio fiscal, o aumento de preços chega nas receitas do governo antes de chegar nas despesas, mas esse alívio é ilusório.</p><p>Uma maneira de olhar o esforço de ajuste fiscal é pelo comportamento da despesa. Isso porque o aumento de despesas hoje será retirado da renda de famílias e empresas para pagar a conta. Essa retirada pode ser na forma de mais impostos, mais dívida ou mais inflação. Em qualquer dos casos, pagadores de impostos, presentes ou futuros, vão pagar a conta. </p><p>A figura abaixo mostra o comportamento da despesa total do governo central desde 2017 quando começou a valer o Teto de Gastos. Repare que há uma estabilidade até o final de 2019 quando ocorre um salto. Esse aumento está relacionado a capitalização de estatais e da cessão onerosa (as explicações estão aqui), em março de 2020 as ações do governo para amenizar os impactos econômicos da pandemia mandam a despesa para o espaço. Com o fim dessas políticas a despesa começa a cair, mas não volta ao patamar anterior e, mais preocupante, parece começar uma tendência de crescimento.</p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVWjO-Myjg0Z-9E0o8CWmL7FhNEgbpGRwEcnkyLJc06hYFX2smuewAkaDShmpj4Qi8fZIgvC02VQFnn4gHPvBMZgCM4BfzRMnbEPr1SbrAW-wVYUZIfLrWMICoR1gBOMQvJLalhKN-r4HnKNAGHC3g7bS3ur3xPk37U0-cEknQZlBGlnZTV7zs7xYttQ/s901/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVWjO-Myjg0Z-9E0o8CWmL7FhNEgbpGRwEcnkyLJc06hYFX2smuewAkaDShmpj4Qi8fZIgvC02VQFnn4gHPvBMZgCM4BfzRMnbEPr1SbrAW-wVYUZIfLrWMICoR1gBOMQvJLalhKN-r4HnKNAGHC3g7bS3ur3xPk37U0-cEknQZlBGlnZTV7zs7xYttQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /><p>A próxima figura reforça o ponto da anterior destacando a despesa em maio de cada ano. Em maio de 2020 a despesa foi de R$ 218 bilhões, em maio de 2021 ficou na casa de R$ 150 bilhões, menor do que em 2020, mas maior do que a observada entre 2017 e 2019. Em maio de 2022 a despesa ficou em R$ 161 bilhões, maior do que em 2021.</p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsJgpxyG8T2QaCvVhxRNTjiavYdbkD2WsDgRzdM5VGka3DzWll-aR41SvWMg8XEuOb5-GOh9JZq8_r6PHr0bkJ9FD560NKq_gr4WT0lw39vvk2LqIcsrkcG5ew8Xpyv2wTGyA8Qm3IgU5yQnH6uD6_sj3L7NEceM8jjC4EEpaXIK_F1EJIqtutdG2MaA/s901/fig2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsJgpxyG8T2QaCvVhxRNTjiavYdbkD2WsDgRzdM5VGka3DzWll-aR41SvWMg8XEuOb5-GOh9JZq8_r6PHr0bkJ9FD560NKq_gr4WT0lw39vvk2LqIcsrkcG5ew8Xpyv2wTGyA8Qm3IgU5yQnH6uD6_sj3L7NEceM8jjC4EEpaXIK_F1EJIqtutdG2MaA/s320/fig2.png" width="320" /></a></div><p><br /></p><p>Aumentos pontuais de despesa podem ser resolvidos sem causar maiores estragos na economia, o mesmo não pode ser dito de aumentos permanente e, mais grave, de tendências de crescimento da despesa. A medida aprovada no Senado ontem, não por acaso chamada de PEC Kamikaze, é um forte indício que voltaremos a trajetória de gastos crescentes. É grave, mas não tão grave como voltarmos a uma época em que não tínhamos regras fiscais capazes de limitar a ação de governantes em busca de se perpetuar no poder. Temos sombrios...</p><div><br /></div>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-50224194632292668362021-12-02T14:57:00.004-08:002021-12-02T14:57:39.000-08:00Conta Nacionais o terceiro trimestre de 2021: estagnação com inflação.<p class="MsoNormal">O IBGE divulgou as contas nacionais referentes ao terceiro
trimestre de 2021 (link <a href="https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/32388-pib-varia-0-1-no-3-trimestre-de-2021" target="_blank">aqui</a>). A recuperação da queda causada pela Coviv-19 no
primeiro semestre de 2019 continua perdendo fôlego. Em relação ao trimestre
anterior o PIB teve uma queda de 0,1%, o resultado traz dúvidas pertinentes a
respeito do desempenho da economia. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O índice de PIB com ajuste sazonal chegou a 171,8 no primeiro
trimestre de 2021 contra 171,3 no quarto trimestre de 2019 o que caracterizou a
recuperação em “V”, porém nos trimestres seguintes houve queda, 171,2 no segundo
e 171,2 no terceiro trimestre deste ano. A dinâmica da economia brasileira fica
cada vez mais parecida com a esperada após um choque negativo de oferta, queda
do PIB e aumento no nível de preços. Nesse caso as políticas de expansão da :demanda,
especialmente no caso da política monetária, são pouco úteis para estimular a
economia, porém são fatais para o controle da inflação.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A figura abaixo mostra o crescimento da economia desde 1996, as
barras mostram o crescimento em relação ao trimestre anterior (com ajuste
sazonal) e a linha mostra o crescimento acumulado em quatro trimestres. No
acumulado houve um crescimento de 3,9%, o número reflete o forte crescimento do
final de 2020.que refletia a recuperação da grande queda do primeiro semestre e
não mudanças estruturais da economia brasileira.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-yORZmJPpG9M/YalOVubm39I/AAAAAAAAMx0/9veAr2mjLREylby13JilxCvKTSHeWONFQCNcBGAsYHQ/s901/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-yORZmJPpG9M/YalOVubm39I/AAAAAAAAMx0/9veAr2mjLREylby13JilxCvKTSHeWONFQCNcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Como é tradição no blog a análise será feita pelo lado da
produção. A análise da despesa, preferida por vários colegas de profissão, é
interessante para entender como foi a distribuição do PIB. A figura
abaixo mostra o crescimento dos grandes setores da economia. No acumulado de
quatro trimestres a agropecuária, que no terceiro trimestre de 2021 respondeu
por6,6% do valor agregado e 5,6% do PIB, cresceu 0,2%; o setor de serviços, 69,2%%
do valor agregado e 58,8% do PIB, cresceu 3,3%; finalmente, a indústria, que
responde por 24,2% do valor agregado e 20,6% do PIB, cresceu 5,1%. Na
comparação com o trimestre anterior a agropecuária teve queda de 8,0%, a
indústria ficou estagnada e nos serviços o crescimento foi de 1,1%. A forte
queda da agropecuária, relacionada à crise hídrica, é o destaque no comportamento
do PIB, porém a estagnação da indústria, após queda no segundo trimestre, reforça
a tese de perda de folego da recuperação da economia.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-secwbAVTHCI/YalOaa6CiOI/AAAAAAAAMx4/Wsn7rSwNfto2TSjZ3RlLsoLyqK2mp_XagCNcBGAsYHQ/s901/fig2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-secwbAVTHCI/YalOaa6CiOI/AAAAAAAAMx4/Wsn7rSwNfto2TSjZ3RlLsoLyqK2mp_XagCNcBGAsYHQ/s320/fig2.png" width="320" /></a></div><o:p> </o:p><p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #333333; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Analisando a desempenho de setores da indústria é
possível perceber que no acumulado de quatro trimestres a construção cresceu 5,6%
e a indústria de transformação cresceu 5,1%, esses números devem ter lido tendo
em mente a recuperação do final de 2020. A indústria extrativa cresceu 0,2%. Na
comparação com o trimestre anterior a construção cresceu 3,9%, a indústria teve
queda de 0,4% e a indústria de transformação teve queda de 1%. No terceiro
trimestre de 2021 a indústria extrativa correspondeu a 26,6% da indústria
total, a construção por 10,8% e a de transformação por 51,5%. Não fosse o
grande crescimento da construção o setor de indústria também teria tido queda,
isso é preocupante porque o crescimento da construção pode estar associado a
distorções como os juros (que ainda estã0) baixos e ações de bancos estatais.</span> </p>
<p class="MsoNormal"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-5f0AzcgiZEM/YalOd6LB5OI/AAAAAAAAMx8/Ax9aMVBJ920cX8WDYuQKPnIcvbc5STzlgCNcBGAsYHQ/s901/fig3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-5f0AzcgiZEM/YalOd6LB5OI/AAAAAAAAMx8/Ax9aMVBJ920cX8WDYuQKPnIcvbc5STzlgCNcBGAsYHQ/s320/fig3.png" width="320" /></a></div><div><br /></div>Nos serviços o destaque foi da “Informação e comunicação“, cresceu
9,6% no acumulado de quatro trimestres, “Transporte, armazenagem e correio”,
8%, e “Comércio”, 7,1%. Administração, defesa, saúde e educação públicas e
seguridade social teve crescimento de 0,07%. A figura abaixo mostra o
crescimento no setor de serviços. Na comparação com o trimestre anterior todos
os setores que compõem os serviços apresentaram crescimento. A recuperação do
setor de serviços é particularmente importante para a redução do desemprego. <p class="MsoNormal"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-WBiPhKZ-npw/YalOhfI7NnI/AAAAAAAAMyA/rL4si8oSnvALNDov-G7inbFZMJNj1omzgCNcBGAsYHQ/s901/fig4.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-WBiPhKZ-npw/YalOhfI7NnI/AAAAAAAAMyA/rL4si8oSnvALNDov-G7inbFZMJNj1omzgCNcBGAsYHQ/s320/fig4.png" width="320" /></a></div><span style="background: white; color: #333333; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><p class="MsoNormal"><span style="background: white; color: #333333; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></p>Por fim, passemos a análise pelo
lado da demanda, ou seja, como foi distribuída a produção do país. O
investimento, a parte do produto destinada a criar mais produto no futuro, cresceu
20,2% no acumulado em quatro trimestres. Na comparação com o trimestre anterior
o investimento caiu 0,1%. O forte crescimento no acumulado de quatro trimestres
e a queda na comparação com o trimestre anterior é mais um sinal de que a
recuperação teve pernas curtas e está mais associada à queda de primeiro semestre
de 2020 do que a mudanças estruturais.<o:p></o:p></span><p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="background: white; color: #333333; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">No acumulado de quatro trimestres o
consumo das famílias cresceu 2,1% e o consumo do governo, não confundir com o
gasto do governo, cresceu 0,4%. As exportações cresceram3,8% e as importações 10,3%.
Na comparação com o trimestre anterior o consumo das famílias cresceu 0,9%l, o
consumo do governo cresceu 0,8%, as exportações e as importações caíram 9,8% e
8,3%, respectivamente.<o:p></o:p></span></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-qZ0u6a8gtc0/YalOwc24EhI/AAAAAAAAMyM/cpT0f5Fy-r4oon3vaw4vAK5zzWsHLWjPgCNcBGAsYHQ/s901/fig5.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-qZ0u6a8gtc0/YalOwc24EhI/AAAAAAAAMyM/cpT0f5Fy-r4oon3vaw4vAK5zzWsHLWjPgCNcBGAsYHQ/s320/fig5.png" width="320" /></a></div><br /><p class="MsoNormal">Os números das contas nacionais mostram que a pandemia do coronavírus
interrompeu o processo de lenta recuperação que vínhamos seguindo desde 2017,
mas que ocorreu uma boa recuperação em relação a queda causada pela pandemia. Os
números do segundo e do terceiro trimestre de 2021 sugerem que acabou o fôlego
da recuperação e que estamos entrando em uma dinâmica de estagnação ou coisa
pior.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Nos últimos posts sobre contas nacionais registrei os riscos
da inflação, o que era risco agora é fato com a expectativa da inflação medida
pelo IPCA acima de 10% para este ano. A dinâmica de um choque de oferta é muito
diferente da dinâmica de uma crise associada à retração da demanda agregada. A
queda do produto deixa de ser vista como um aumento do hiato entre produto
observado e produto potencial, que teoricamente pode ser resolvido com
estímulos à demanda, e passa a ser lida como uma queda do produto potencial,
pelo menos no curto prazo. Mais adequado seria entender que o produto é
condicionado ao choque de oferta, de forma que um choque negativo reduz o
produto sem que isso signifique um crescimento do hiato.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A devida compreensão da natureza do choque é fundamental para
evitar a insistência em políticas de expansão da demanda que só levam à
aceleração da inflação. Dado que o controle da política fiscal é muito difícil
pela fragilidade política do governo (estou sendo generoso ao supor que o
governo deseja um ajuste fiscal) e proximidade do ano eleitoral resta ao BC
acionar o freio antes que seja tarde demais.<o:p></o:p></p>
<p> </p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-65468417029605895342021-10-12T15:02:00.001-07:002021-10-12T15:02:06.821-07:00Inflação no Brasil e nos países do G20<p>Resolvi dar outra olhada na inflação pelo mundo, os dados estão
no Trading Economics (link <a href="https://tradingeconomics.com/country-list/inflation-rate" target="_blank">aqui</a>). Na grande maioria dos países a inflação
acumulada em 12 meses está abaixo de 10%. Nas Américas, apenas Venezuela,
2.720%, Suriname, 59,8%, Argentina, 51,4%, Haiti, 12,2%, e Brasil, 10,25%,
estão com inflação acima de 10% no acumulado de 12 meses. No México a inflação acumulada
em 12 meses é de 6%, na Colômbia, aqui do lado, é de 4,51%, no Chile está em
5,3%. Não vou falar da Bolívia com 0,18%, até agosto, e do Equador com 1,07%
para não me acusarem de chutar na canela.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A figura abaixo mostra a inflação acumulada em 12 meses nos
países do G20. A maioria dos dados são referentes a setembro de 21, alguns
outros são de agosto e apenas a Austrália é junho. Apenas Argentina, Turquia e
Brasil estão com inflação acima de 10%.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-ckRYkzRnIk0/YWYFlwllg2I/AAAAAAAAMu8/emLAzrpMQcEKW1hWDmTb0twuX4I07ZqnwCLcBGAsYHQ/s901/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-ckRYkzRnIk0/YWYFlwllg2I/AAAAAAAAMu8/emLAzrpMQcEKW1hWDmTb0twuX4I07ZqnwCLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /> A inflação no Brasil já passou de 10% no acumulado de 12 meses
outras vezes. O pior caso desde a estabilização foi de 17,3% em maio de 2003, o
mais recente foi 10,4% em fevereiro de 2016. Nas duas vezes o Banco Central
retomou o controle e a inflação voltou para o intervalo da meta, da última vez
voltou bem rápido. É verdade que nos dois casos uma mudança de governo deu “vida
nova” ao BC e isso pode ter facilitado a controle da inflação. Nada indica que
vamos ter mudança de governo nos próximos meses e esperar até uma possível
mudança em 2023 pode ser uma espera muito longa.<p></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A boa notícia é que o atual BC parece ainda ter a confiança do
mercado e tem gente de qualidade para correr atrás do prejuízo. A má notícia é que
as eleições no próximo ano podem aumentar a pressão para aliviar o ajuste dos
juros. Talvez seja a hora de descobrir se a autonomia do Banco Central vai
dizer a que veio. Um perigo que me deixa particularmente preocupado é alguém sacar
a obrigação de perseguir o pleno emprego, cavalo de Tróia na lei da autonomia do
BC, para tentar intimidar o Copom.<o:p></o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-14252373765074031732021-09-22T18:18:00.003-07:002021-09-22T19:23:16.425-07:00A Selic sorriu outra vez, isso é triste.<p>Em janeiro de 2014 fiz um post aqui no blog onde comentei o
sorriso da Selic (link <a href="https://rgellery.blogspot.com/2014/01/sorrisos-ou-se-o-cavalo-morrer-de-sede.html" target="_blank">aqui</a>). Usei a expressão para comentar o processo de
queda e alta da Selic que ocorreu naquela época. O ponto do post era que para
reduzir a Selic seriam necessárias reformas que tornassem a economia brasileira
compatível com baixas taxas de juros, especialmente reformas que ajustassem a
trajetória do gasto, a um equilíbrio que dispensasse o Banco Central de manter
juros altos (conceito delicado, mas creio que dá para entender) sem pressionar
a inflação.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Quando o BC começou a reduzir juros em 2016, ainda com Ilan
Goldfjan no comando, pensei que repetiríamos a trajetória de juros com o jeito
de sorriso. Estava errado, minha explicação é que na época subestimei o impacto
do novo regime fiscal (aka teto de gastos ou PEC do fim do mundo) na formação
de expectativas. O teto realmente “vendeu” a ideia de mudança para um regime
onde seria possível manter a inflação controlada com juros mais baixos. O BC
viu muito melhor e mais longe do que eu, é do jogo, passei a brincar dizendo
que Ilan ‘Chuck Norris’ Goldfjan não precisava baixar a inflação, era a
inflação que se baixava quando ele passava.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Em 2019 o BC voltou a uma trajetória de redução de juros, eu
voltei a alertar para o risco de repetir a experiência do governo Dilma e aparecer
um novo sorrido da Selic. Amigos me alertaram que a reforma da previdência podia
ter mudado o equilíbrio, era uma hipótese, mas não me convenci completamente.
Minha leitura era que a reforma da previdência tinha sido “precificada” quando
da aprovação do teto de gastos. Com a pandemia a situação fiscal piorou muito.
O aumento de gastos era inevitável, mas isso não muda o fato de que a situação
fiscal, que já era ruim, foi agravada. A resposta inicial do BC me incomodou,
mas havia uma boa causa em defesa da continuidade da redução de juros, ninguém
sabia bem o que era a pandemia e, no primeiro momento, o “fique em casa” retraiu
a demanda. O efeito imediato dessa retração foi a queda de preços em abril e
maio do ano passado.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Com o passar do tempo foi ficando mais claro que a maior
parte do que estávamos vivendo era um choque de oferta, a insistência do BC em
segurar os juros em um patamar muito baixo começou a me incomodar mais a cada
reunião do Copom e eu fiquei mais vocal sobre o assunto. Infelizmente, como em
2012/14 e ao contrário de 2016/18, desta vez a Selic sorriu. A figura abaixo
mostra Selic desde 2011 e destaca os dois sorrisos com um círculo vermelho.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-aqlb1P99ssY/YUvVtq93UMI/AAAAAAAAMtY/j4RB9VLks5EMNEavH3Dbx9KAgM1b2aF6ACLcBGAsYHQ/s901/fig1.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-aqlb1P99ssY/YUvVtq93UMI/AAAAAAAAMtY/j4RB9VLks5EMNEavH3Dbx9KAgM1b2aF6ACLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /> <p></p>
<p class="MsoNormal">O que acontece daqui em diante? A resposta depende dos rumos
da política econômica, já sabemos que com o teto é possível controlar a
inflação com a Selic em torno de 6,5% ao ano. Com a piora da situação fiscal
imagino que seja necessária uma Selic um pouco maior. A questão central é se
será possível manter o teto de pé, especialmente com a proximidade de eleições
presidenciais. Caso não seja, a meta da Selic para manter a inflação controlada
deve ser bem maior que 6,5%, tanto maior quanto maior for o rombo do lado
fiscal. Para complicar ainda mais, o risco de dominância fiscal é bem maior do
que era em 2017, é possível que a elevação da Selic tenha um teto mais baixo do
que o necessário para controlar a inflação.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Em qualquer caso é fundamental que a sociedade acredite que
o BC vai levar a meta da Selic onde for preciso para controlar a inflação,
mesmo que isso signifique voltar a faixa de 14% pré-teto ou ainda mais alto.
Como o BC vai fazer para passar essa credibilidade diante do risco de explosão
da dívida e dominância fiscal? Não sei. Talvez seja melhor acelerar para 10%
agora do que esperar para ver até onde vai dar para chegar.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-18298557503343227502021-09-10T17:49:00.006-07:002021-09-10T17:49:39.670-07:00É prudente guiar a política monetária pela expectativa de inflação para o ano seguinte?<p>Tenho visto alguns analistas de mercado e pessoas do BC
argumentando que a inflação deste ano já era, mas as previsões de inflação para
2022 estão dentro do intervalo da meta. Não que eu goste de ser chato (mentira,
eu gosto), mas tenho lá minhas dúvidas se expectativas para inflação do ano
seguinte são um bom guia para política monetária. Por conta dessa dúvida
resolvi dar uma olhada no Relatório Focus para dar avaliar a relação entre expectativa
de inflação na última semana de agosto de cada ano e a inflação do ano
seguinte. Sei que já estão disponíveis dados para setembro, mas, como além de
chato sou velho, guardo os dados do Focus em uma planilha Excel com a última
semana de cada mês. Um dia vou atrás de usar os pacotes do R que pegam dados do
Focus, até lá sigo com minha velha planilha.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A figura abaixo mostra a previsão de inflação na última
semana de agosto e a inflação do ano seguinte. A relação é positiva, mas não
impressiona muito. Em uma regressão entre as duas variáveis não foi possível rejeitar
a hipótese que não existe relação entre previsão de inflação no ano anterior e
inflação no ano seguinte, o coeficiente estimado deu 1,12 (positivo, como é
possível ver na figura), mas o p-valor foi de 0,172. Em português isso significa
que a previsão de inflação na última semana de agosto não ajuda a saber quanto
vai ser a inflação no ano seguinte. A correlação entre as duas variáveis é 0,33,
usando o teste t padrão do R não foi possível rejeitar a hipótese que a
correlação seja zero. O intervalo de confiança para a correlação vai de -0,15 a
0,68, repare que o zero está no intervalo.</p><p class="MsoNormal"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-DMXCmLjR2wc/YTv8Ilbi3BI/AAAAAAAAMrw/2kZYqW3sdPMq_K8_R7WqyS2sQv09dJXnACLcBGAsYHQ/s901/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-DMXCmLjR2wc/YTv8Ilbi3BI/AAAAAAAAMrw/2kZYqW3sdPMq_K8_R7WqyS2sQv09dJXnACLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal">Alguns exemplos podem ilustrar o problema para amigos que
não ficam confortáveis com estatísticas e coisas do tipo. Na última semana de agosto
de 2001 o Focus previa inflação de 4,5% em 2002, a inflação de 2002 foi 12,5%. Para
quem não lembra, 2002 foi o ano da primeira eleição do Lula. Outro ano
complicado em que a inflação passou de 10% foi 2015, naquele ano a inflação foi
de 10,6%, na última semana de agosto de 2014 a previsão do Focus para inflação
de 2015 foi de 6,3%. Em tempos problemáticos o ajuste das expectativas pode
demorar, por exemplo, na última semana de agosto de 2002 o Focus previa 5% de
inflação para 2003, deu 9,3%. Na última semana de agosto de 2003 a previsão
para inflação de 2004 foi de 6,2%, deu 7,3%, só em 2004 as coisas começaram a
se arrumar. Se alguém ficou curioso, informo que mesmo tirando 2002 e 2015 da
amostra não foi possível rejeitar a hipótese que a correlação entre a previsão
de inflação na última semana de agosto e a inflação do ano seguinte é zero.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Não é difícil perceber que estamos em um período de alta
incerteza. Como vimos, em tempos assim é extremamente arriscado confiar nas
estimativas de inflação para o ano seguinte. A figura abaixo mostra as
previsões de inflação para 2021 entre janeiro de 2020 e agosto de 2021, a série
começa em 3,8% e termina em 7,3%. É muito provável que a inflação de 2021 fique
acima 7,3%, de fato, na primeira semana de setembro deste ano a expectativa de
inflação já estava em 7,6%. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p><br /></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-HrBz8oI4HU0/YTv8NieejbI/AAAAAAAAMr0/E9M1BvNe2JU8fUchXL2Qr1hlLXGd87rogCLcBGAsYHQ/s901/fig2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-HrBz8oI4HU0/YTv8NieejbI/AAAAAAAAMr0/E9M1BvNe2JU8fUchXL2Qr1hlLXGd87rogCLcBGAsYHQ/s320/fig2.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal">Torço muito para a pandemia ser controlada de forma que 2022
tenha menos incertezas que 2021 e 2020, o que deve facilitar as previsões. Mesmo
assim, as eleições devem garantir um bocado de incerteza no próximo ano. A
figura abaixo mostra a previsão de inflação para 2022 durante este ano de 2021.
Como podem ver, essa projeção mês após mês, o que é mais um indício de não ser
um bom guia para política monetária. </p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-0sEeAvegpwU/YTv8SAq7h1I/AAAAAAAAMr4/NDd432G4iVst0Ey_tusdssPR5T-jBm9DQCLcBGAsYHQ/s901/fig3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-0sEeAvegpwU/YTv8SAq7h1I/AAAAAAAAMr4/NDd432G4iVst0Ey_tusdssPR5T-jBm9DQCLcBGAsYHQ/s320/fig3.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal">O post termina repetindo um apelo que venho fazendo há um
bom tempo. A mudança de regime trazida por Paulo Guedes, de juros altos/câmbio valorizado
para juros baixos/câmbio desvalorizado, somada à incerteza trazida pela pandemia
comprometem o uso de modelos econométricos (talvez mais ainda os DSGE) para
prever inflação e outras variáveis macroeconômica. As relações estimadas no
passado não mais valem para o futuro, um exemplo é o efeito do câmbio na
inflação que o BC (e boa parte do mercado) dizia não ser um problema e agora é
usado para explicar a alta da inflação. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O comprometimento dos modelos coloca o BC como um piloto
voando sem instrumentos, é preciso usar o máximo de prudência. Está cada vez
mais claro que estamos em uma crise de oferta, nesses casos a teoria ensina que
uma política monetária expansionista tem pequeno (ou nulo) efeito no desemprego
e aumenta a inflação. Um mínimo de prudência faria o BC parar com o estímulo
monetário, infelizmente tudo indica que um mínimo de prudência é pouco.<o:p></o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-32504423472959097752021-09-01T19:36:00.004-07:002021-09-01T19:36:39.460-07:00Estimular a demanda não funciona quando o choque é de oferta.<div>Logo no começo da pandemia houve um forte choque de demanda, evidência disso foi a queda de preços nos primeiros meses, mas na sequência, fica cada vez mais claro, o cenário é de choque de oferta. Nesses casos olhar para hiato de produto, seja lá o que for isso, ou desemprego para desenhar política monetária é um erro perigoso. A maneira adequada de ler a queda da produção, que algum pensam ser o tal hiato, é condicionar aos choques que mudaram as condições de oferta.</div><div><br /></div><div>Um exemplo mais simples do que a pandemia é um eventual racionamento de energia. Não faz muito sentido ler a queda de produção advinda desse choque como uma diferença do produto observado em relação ao produto potencial, mais correto é entender que, pelo menos enquanto durar o racionamento, o produto potencial diminuiu. O caso da pandemia é mais complicado, inclusive por conta do choque de demanda muito forte no início, mas a lógica é a mesma: pelo menos temporariamente há uma redução do produto potencial. Dito de outra forma, o produto deve ser lido como condicionado ao choque de produtividade.</div><div><br /></div><div>O perigo da confusão vem do tipo de política que acaba sendo usada. Se a queda de produção (ou aumento do desemprego) tem origem na demanda há justificativas teóricas para defender a expansão da demanda, e.g. política monetária expansionista, como solução. No caso de um choque de oferta negativo, porém, esse tipo de política vai bater forte nos preços. É o que está acontecendo no Brasil e em outros países.</div><div><br /></div><div>Não é algo novo. Fenômeno semelhante aconteceu quando do Choque do Petróleo no começo (e no final dos anos 70), naquela época também fizeram essa confusão e o resultado foi inflação em vários países, em alguns casos ocorreu a estagflação. Outra consequência foi o “renascimento” dos modelos macroeconômicos com foco em choques de oferta que mudaram o jeito de fazer macroeconomia. </div><div><br /></div><div>Aparentemente os métodos desenvolvidos nesse “renascimento” ficaram, vide modelos DSGE, mas as lições relativas aos choques de oferta foram esquecidas. Pena. Tivesse feito a leitura pelo lado do choque de oferta, a que eu considero adequada, o BC (e a turma do mercado) não teria errado tanto.<br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-1ViOhB9Jg-A/YTA4ajXowGI/AAAAAAAAMrA/-N0MOplOaZI1Zy0Pk3EMw5Xl94wma-1RQCLcBGAsYHQ/s486/rbc.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="262" data-original-width="486" height="173" src="https://1.bp.blogspot.com/-1ViOhB9Jg-A/YTA4ajXowGI/AAAAAAAAMrA/-N0MOplOaZI1Zy0Pk3EMw5Xl94wma-1RQCLcBGAsYHQ/s320/rbc.png" width="320" /></a></div><br /><div><br /></div>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-48826173035221152482021-09-01T19:08:00.005-07:002021-09-01T19:08:37.810-07:00Contas Nacionais referentes ao segundo trimestre de 2021: está completo o quadro de choque de oferta.<p>O IBGE divulgou as contas nacionais referentes ao segundo
trimestre de 2021 (link <a href="https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/31494-pib-fica-em-0-1-no-2-trimestre-de-2021" target="_blank">aqui</a>). A recuperação da queda causada pela Covid-19 no
primeiro semestre de 2019 perdeu fôlego. Em relação ao trimestre anterior o PIB
teve uma queda de 0,1%, o resultado traz dúvidas pertinentes a respeito do
desempenho da economia.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Uma delas é se após voltar aos níveis pré-crise da pandemia,
o índice de PIB com ajuste sazonal chegou a 171,5 no primeiro trimestre de 2021
contra 171,6 no quarto trimestre de 2019, a economia perdeu o fôlego para
continuar crescente, ou seja, a crise que apareceu em meados da década passada
continua. Outro ponto importante é que a dinâmica da economia brasileira fica
cada vez mais parecida com a esperada após um choque negativo de oferta, queda
do PIB e aumento no nível de preços, nesse caso as políticas de expansão da
demanda, especialmente no caso da política monetária, são pouco úteis para
estimular a economia (faz sentido estimular a economia de um país com risco de
racionamento de energia?), porém são fatais para o controle da inflação.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A figura abaixo mostra o crescimento da economia desde 1996, as
barras mostram o crescimento em relação ao trimestre anterior (com ajuste
sazonal) e a linha mostra o crescimento acumulado em quatro trimestres. No
acumulado houve um crescimento de 1,8%, o que mostra que a queda do segundo
trimestre, apesar da frustração, não reverteu a tendência de crescimento dos
trimestres anteriores.</span></p><p class="MsoNormal"> </p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-JiUew6N88Cw/YTAxsOj0D_I/AAAAAAAAMqY/gukI6j26J0sgb3dgBfuY4OmSs1VMTq35ACLcBGAsYHQ/s901/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-JiUew6N88Cw/YTAxsOj0D_I/AAAAAAAAMqY/gukI6j26J0sgb3dgBfuY4OmSs1VMTq35ACLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal">Como é tradição no blog a análise será feita pelo lado da
produção. A análise da despesa, preferida por vários colegas de profissão, é
interessante para entender como foi a distribuição do PIB. <span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A figura
abaixo mostra o crescimento dos grandes setores da economia. No acumulado de
quatro trimestres a agropecuária, que no segundo trimestre de 2021 respondeu por
9,7% do valor agregado e 8,4% do PIB, cresceu 2%; o setor de serviços, 68,1%%
do valor agregado e 58,7% do PIB, cresceu 0,5%; finalmente, a indústria, que
responde por 22,1% do valor agregado e 19,1% do PIB, cresceu 4,7%. Na
comparação com o trimestre anterior a agropecuária teve queda de 2,8%, a
indústria teve queda de 0,2% e nos serviços o crescimento foi de 0,7%. Repare
que no acumulado de quatro trimestres o setor que mais cresceu foi a indústria.</span> </p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-nbZNy199DEc/YTAxxONyibI/AAAAAAAAMqc/yr7LJ5cQwE8QU_U53EEe7k5dbsl9jFHGgCLcBGAsYHQ/s901/fig2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-nbZNy199DEc/YTAxxONyibI/AAAAAAAAMqc/yr7LJ5cQwE8QU_U53EEe7k5dbsl9jFHGgCLcBGAsYHQ/s320/fig2.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #333333; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Analisando a desempenho de setores da indústria é possível
perceber que no acumulado de quatro trimestres a construção teve queda de 0,7%
e a indústria de transformação cresceu 8,1%. O crescimento da indústria de
transformação no acumulado de quatro trimestres é o maior desde o final de 2010,
é preciso analisar com cuidado esse crescimento porque ocorreu no segundo semestre
de 2020 como parte da recuperação após a queda no primeiro semestre. Os efeitos
da crise hídrica no setor de energia elétrica é outro motivo para desconfiar da
sustentabilidade do crescimento da indústria de transformação. A indústria
extrativa teve queda de 0,2%. Na comparação com o trimestre anterior a
construção cresceu 2,7%, a indústria extrativa cresceu 5,3% e a indústria de
transformação teve queda de 2,2%. No primeiro trimestre de 2021 a indústria
extrativa correspondeu a 25,4% da indústria total, a construção por 11,1% e a
de transformação por 51,8%. Os números mostram que a indústria extrativa evitou
uma queda maior da indústria.</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-OweVd0Ke4cM/YTAx5cd5_oI/AAAAAAAAMqg/ywlZP5D8nqoNry-L-P-lCPfDbkPiPpehQCLcBGAsYHQ/s901/fig3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-OweVd0Ke4cM/YTAx5cd5_oI/AAAAAAAAMqg/ywlZP5D8nqoNry-L-P-lCPfDbkPiPpehQCLcBGAsYHQ/s320/fig3.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Nos serviços o maior crescimento ficou por conta do setor de comércio
que cresceu 5,7% no acumulado de quatro trimestres, o segundo melhor desempenho
ficou com informação e comunicação que cresceu 5,4%. Administração, defesa,
saúde e educação públicas e seguridade social teve queda de 2,5%. A figura
abaixo mostra o crescimento no setor de serviços. Na comparação com o trimestre
anterior apenas o setor todos os setores que compõem os serviços apresentaram
crescimento. A recuperação do setor de serviços é particularmente importante para
a redução do desemprego.</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-sObteWi_kog/YTAx9jnnwPI/AAAAAAAAMqo/OCHdrwp1R-AWArMCS_QdXxTD636QF5VXwCLcBGAsYHQ/s901/fig4.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-sObteWi_kog/YTAx9jnnwPI/AAAAAAAAMqo/OCHdrwp1R-AWArMCS_QdXxTD636QF5VXwCLcBGAsYHQ/s320/fig4.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal"><span style="background: white; color: #333333; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Por fim, passemos a análise pelo
lado da demanda, ou seja, como foi distribuída a produção do país. O
investimento, a parte do produto destinada a criar mais produto no futuro, cresceu
12,8% no acumulado em quatro trimestres. Na comparação com o trimestre anterior
o investimento caiu 3,6%. O forte crescimento no acumulado de quatro trimestres
e a queda na comparação com o trimestre mostra que a recuperação do trimestre
anterior perdeu o fôlego, mais uma vez é importante registrar que parte da queda
pode ser por conta da crise hídrica. É difícil investir sem garantia de oferta
de energia elétrica.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="background: white; color: #333333; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">No acumulado de quatro trimestres o
consumo das famílias caiu 0,4% e o consumo do governo, não confundir com o gasto
do governo, caiu 2,6%. As exportações cresceram 2,4% e as importações caíram 1,7%.
Na comparação com o trimestre anterior o consumo das famílias ficou estável, o
consumo do governo cresceu 0,7%, as exportações cresceram 9,4% e as importações
tiveram queda de 0,6%.</span> </p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-qynbq-JFE0c/YTAyCXsCWCI/AAAAAAAAMqw/K_KiaxolGVkKcIA7sA8Q7KXto8XpC_-TACLcBGAsYHQ/s901/fig5.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-qynbq-JFE0c/YTAyCXsCWCI/AAAAAAAAMqw/K_KiaxolGVkKcIA7sA8Q7KXto8XpC_-TACLcBGAsYHQ/s320/fig5.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Os números das contas nacionais mostram que a pandemia do
coronavírus interrompeu o processo de lenta recuperação que vínhamos seguindo
desde 2017, mas que ocorreu uma boa recuperação em relação a queda causada pela
pandemia. Os números do segundo trimestre de 2021 sugerem que acabou o fôlego
da recuperação, porém é difícil dizer quanto desta perda de fôlego ocorreu por
conta de choques como a seca, a pandemia e a crise hídrica, e quanto é devida a
incapacidade de gerar crescimento de longo prazo por conta da estagnação da
produtividade.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Quando comentei as contas nacionais referentes ao primeiro
trimestre apontei para os riscos da inflação que já dominava os preços no
atacado chegasse nos preços aos consumidores, o que era um risco se tornou um
fato. A dinâmica de um choque de oferta é muito diferente da dinâmica de uma
crise associada à retração da demanda agregada. A queda do produto deixa de ser
vista como um aumento do hiato entre produto observado e produto potencial, que
teoricamente pode ser resolvido com estímulos à demanda, e passa a ser lida
como uma queda do produto potencial. Mais adequado seria entender que o produto
é condicionado ao choque de oferta, de forma que um choque negativo reduz o
produto sem que isso signifique um crescimento do hiato.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A devida compreensão da natureza do choque é fundamental
para evitar a insistência em políticas de expansão da demanda que só levam à
aceleração da inflação. Dado que o controle da política fiscal é muito difícil pela
fragilidade política do governo (estou sendo generoso ao supor que o governo
deseja um ajuste fiscal) e proximidade do ano eleitoral resta ao BC acionar o
freio antes que seja tarde demais.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">P.S. Mudeis os gráficos setoriais, tive de abri mão de parte
das séries, mas creio que ficaram melhores.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-15484848245637437882021-08-12T12:57:00.003-07:002021-08-12T12:57:19.885-07:00Inflação em 12 meses nos grupos que compõem o IPCA<p>Post rápido só para mostrar a inflação em cada um dos grupos
que compõem o IPCA. Em quatro dos sete grupos a variação do IPCA acumulada em
12 meses está acima do teto da meta para 2021, em um está acima do centro da meta
e abaixo do teto e em dois grupos está abaixo do centro da meta. É isso.</p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-6EzMb5188jw/YRV83PxbO2I/AAAAAAAAMpI/uDF8zVBoIP0VS5qFHwHm3OdJ2h0x6qVxACLcBGAsYHQ/s901/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-6EzMb5188jw/YRV83PxbO2I/AAAAAAAAMpI/uDF8zVBoIP0VS5qFHwHm3OdJ2h0x6qVxACLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /><p><br /></p><p><br /></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-82303067490898683192021-08-10T17:57:00.001-07:002021-08-10T17:57:40.678-07:00Inflação no Brasil comparada com a dos países do G20 e das Américas<p>A inflação no Brasil está alta. Pelos padrões definidos pelo
Conselho Monetário Nacional a inflação medida pelo IPCA deveria ser 3,75% com
tolerância até 5,25%, a inflação acumulada em 12 meses até julho deste ano é
8,99% e a previsão de inflação pelo pessoal do mercado está em 6,88%. Por
qualquer critério é justo dizer que o BC não está conseguindo cumprir com a
obrigação em relação ao controle da inflação.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Não é só no Brasil que a inflação está alta, nos EUA a
inflação está em 5,4%, bem mais alta do que os 2% em média, não necessariamente
no ano, prevista após a flexibilização do regime de metas em agosto de 2020. No
resto do mundo, porém, encontramos países com valores mais baixos. De acordo
com o site Trading Economics (link <a href="https://tradingeconomics.com/country-list/inflation-rate" target="_blank">aqui</a>) na Zona do Euro a inflação está em
2,2%, na China 1% e mesmo na Rússia está 6,46%, consideravelmente menor que os
8,99% do Brasil. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A figura abaixo mostra a inflação nos países do G20, o
último dado é referente a junho ou julho de 2021. Apenas na Argentina. 52,2%, e
na Turquia, 18,95%, a inflação está maior do que no Brasil. Mesmo com a
Argentina puxando para cima a média das inflações dos países do G20 é de 6,01%,
a mediana é 3%, a inflação por aqui está bem acima da média e muito acima da
mediana. Aparentemente, mesmo que existam efeitos internacionais, não é
razoável descartar os efeitos internos como, por exemplo, o BC ter reduzido
demais os juros e segurado os juros baixos por muito tempo ou as aventuras
fiscais do governo Bolsonaro.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-RyiEO66175Y/YRMfuKjrOiI/AAAAAAAAMo0/gqOyb1dWHOkW61CLeu7WUOgKg-GTzqVqACLcBGAsYHQ/s901/fig1.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-RyiEO66175Y/YRMfuKjrOiI/AAAAAAAAMo0/gqOyb1dWHOkW61CLeu7WUOgKg-GTzqVqACLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /> Caso o leitor esteja incomodado com o G20 ser usado como
grupo de referência refiz a figura com os países das Américas, deixei de fora a
Venezuela, por motivos, óbvios, e os países com último dado anterior a maio de
2021. Além da Argentina, apenas Suriname, 43,63%, Haiti, 12,7%, e República Dominicana,
9,32%, estão com mais inflação do que o Brasil. Mais uma vez, mesmo com
Argentina e Suriname puxando para cima, a inflação do Brasil ficou acima da
média dos países da América que estão na amostra, 7,41%. Também ficou acima da
mediana que foi 3,94%.<p></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-SddHrfo9WlQ/YRMgGwzs6SI/AAAAAAAAMo8/jqfsQAfggmAE4Br-LuXDwdZjxsdFWONuQCLcBGAsYHQ/s901/fig2.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-SddHrfo9WlQ/YRMgGwzs6SI/AAAAAAAAMo8/jqfsQAfggmAE4Br-LuXDwdZjxsdFWONuQCLcBGAsYHQ/s320/fig2.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal">Olhar para ouros países sugere que existe um componente
interno na perda de controle da inflação no Brasil. Mal comparando, a situação
lembra a que aconteceu em 2014/15 quando apontavam uma crise internacional para
justificar o fraco desempenho da economia, mas os outros países cresciam bem
mais do que o Brasil. É claro que desta vez existe uma crise internacional que
explica, por exemplo, a queda do PIB em 2020, mas quem quer mandar a conta da
inflação para o resto do mundo precisa explicar porque nossa inflação é tão
mais alta do que a da maioria dos países do G20 e das Américas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-1429601307997259322021-08-08T15:30:00.002-07:002021-08-08T15:30:31.849-07:00Medalhas, medalhas, medalhas: desempenho do Brasil e país "vencedor" de cada Olimpíada.<p></p><p class="MsoNormal">Animado pelo espírito olímpico resolvi dar uma olhada no desempenho
do Brasil em todas as Olimpíadas. Encontrei no Kaggle (link <a href="https://www.kaggle.com/" target="_blank">aqui</a>) uma base de
dados com nome, país, modalidade e demais informações de todos os atletas que
ganharam medalhas olímpicas de 1896 a 2016 (link <a href="https://www.kaggle.com/heesoo37/120-years-of-olympic-history-athletes-and-results/version/2" target="_blank">aqui</a>). Da Wikpedia peguei as medalhas por
países na Olimpíada de Tóquio. Depois de arrumar os dados percebi algumas
imprecisões, com mais análise notei que a grande maioria dessas imprecisões decorria
de medalhas canceladas após os jogos ou de empates na mesma categoria. Como a
distorção ficou muito pequena resolvi seguir adiante, por exemplo, para o
Brasil a conta bateu com o dado da Wikipedia em todas as Olimpíadas que chequei,
para a China achei apenas uma inconsistência entre meus números e os da Wikipedia.
Ainda pensei em procurar uma base histórica com medalhas por países e não por atleta,
mas arrumar a base que encontrei me pareceu mais divertido.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">De posse dos dados parti para analisar o desempenho do
Brasil e, no caminho decidi checar qual o país com melhor desempenho em cada
edição dos jogos. Começo com o Brasil. A figura abaixo mostra as medalhas de
ouro ganhas por atletas individuais ou equipes representando o Brasil em cada
edição onde ganhamos pelo menos uma medalha. Por esse critério os melhores
desempenhos ocorreram em 2016 e 2020, o que é interessante, pois seria razoável
esperar que o desempenho de 2016 porque naquele ano os jogos foram no Rio de Janeiro.
Outro aspecto interessante é a melhora no desempenho depois dos jogos de 2000
quando ficamos sem medalhas de Ouro. Se o amigo está pensando que eu deveria
ter levado em conta o aumento no número de medalhas, informo que fiz e está mais
abaixo, mas, antes, vou mostrar o total de medalhas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-kBpzXTt_iqw/YRBaJtt7onI/AAAAAAAAMoA/6wcC0sklTp87NDHK8YbMYdzY1GBJ972EgCLcBGAsYHQ/s901/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-kBpzXTt_iqw/YRBaJtt7onI/AAAAAAAAMoA/6wcC0sklTp87NDHK8YbMYdzY1GBJ972EgCLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Considerando a soma de todas as medalhas ganhas pelos atletas
e equipes que representam o Brasil o melhor desempenho correu em Tóquio, quando
ganhamos 21 medalhas, duas a mais do que no Rio de Janeiro. A figura também
mostra a melhora do Brasil nas últimas olimpíadas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-rpWytJn5960/YRBaOdfjAmI/AAAAAAAAMoE/vR-Rr0m88-YK-OlNu7jdYXH-P5_NOhedQCLcBGAsYHQ/s901/fig2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-rpWytJn5960/YRBaOdfjAmI/AAAAAAAAMoE/vR-Rr0m88-YK-OlNu7jdYXH-P5_NOhedQCLcBGAsYHQ/s320/fig2.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Como alertei acima, o número de medalhas distribuídas a cada
ano aumento e isso pode influenciar na avaliação do desempenho de um país pelo
número de medalhas. Por exemplo, na minha base de dados foram distribuídas 120
medalhas em 1896, 532 em 1968 e 1080 agora em Tóquio. Com isso em mente repeti
os dois exercícios acima levando em conta a proporção no total de medalhas. A
figura abaixo mostra as medalhas de ouro ganhas pelo Brasil como proporção do
total de medalhas de ouro ganhas por todos os países. Por esse critério o
desempenho no Rio de Janeiro foi superior ao desempenho em Tóquio, o que não chega
a se rum surpresa. Também é possível perceber que o desempenho do Brasil no século
XXI, em média, foi melhor do que no século XX, até agora.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-Ko8eoxzd8k4/YRBaVVyKTAI/AAAAAAAAMoI/86cTn5aIR-Avxj1f0XfS8kl9TtmWKs3zACLcBGAsYHQ/s901/fig3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-Ko8eoxzd8k4/YRBaVVyKTAI/AAAAAAAAMoI/86cTn5aIR-Avxj1f0XfS8kl9TtmWKs3zACLcBGAsYHQ/s320/fig3.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Considerando o total de medalhas do Brasil como proporção do
total de medalhas o desempenho em Tóquio foi melhor do que no Rio de Janeiro. Vale
registrar que, pelo critério de proporção das medalhas totais, o resultado das
Olimpíadas de 2000 não foi ruim, o que mostra que medidas importam. Assim como
as outras, a figura abaixo mostra que o desempenho dos atletas brasileiros vem
melhorando nas últimas Olimpíadas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-y7Tgw_-Jrv0/YRBaY7t_yWI/AAAAAAAAMoM/yUKBQnOfW6MMyrlTodsX3DfStElzJ8R9QCLcBGAsYHQ/s901/fig4.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-y7Tgw_-Jrv0/YRBaY7t_yWI/AAAAAAAAMoM/yUKBQnOfW6MMyrlTodsX3DfStElzJ8R9QCLcBGAsYHQ/s320/fig4.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Conhecido o desempenho do Brasil é hora de procurar saber
qual país teve o melhor desempenho em cada uma das edições dos jogos.
Inicialmente será considerada a proporção de medalhas de ouro, na sequência
apresento a proporção de medalhas totais. Com dezoito vitórias, Estados Unidos aparece
como o maior vencedor de Olimpíadas, a antiga União Soviética ganhou seis, mais
a de 1992 com a Comunidade de Países Independentes que jogou como “Unified Team”,
a sigla é EUN. França ganhou duas, e China, Reino Unido e Alemanha cada um
ganhou uma. A hegemonia americana na Olimpíada de 1904 me chamou atenção,
pensei que tinha achada um erro grave na forma que arrumei os dados. Fui
conferir na Wikipedia e o resultado é esse mesmo, os Estados Unidos levaram 78
das 96 medalhas de ouro distribuídas nos jogos de St. Louis no estado do
Missouri. Não encontrei uma explicação para tamanha discrepância em relação a
outros jogos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-m0x_l4mEUps/YRBadJp4O8I/AAAAAAAAMoQ/Q1RSqeKSODMMG6XKA_UEYiN1EB1SqydsQCLcBGAsYHQ/s901/fig5.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-m0x_l4mEUps/YRBadJp4O8I/AAAAAAAAMoQ/Q1RSqeKSODMMG6XKA_UEYiN1EB1SqydsQCLcBGAsYHQ/s320/fig5.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Considerando a número total de medalhas o resultado não muda
muito. Os americanos continuam na liderança, porém agora com dezesseis vitórias.
A União Soviética levou sete, mais a de 1992 com a Comunidade de Países
Independentes. A China sai da lista, mas entram a Grécia que teve o maior
número de medalhas nas Olimpíadas de 1896 em Atenas e a Suécia que, por esse critério,
ganhou na Olimpíadas de Estocolmo em 1912.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-3wk9-vJzjoc/YRBahLeJ-pI/AAAAAAAAMoU/9nhTrkRSbSczlAGDgF5JwTN20htszx4ugCLcBGAsYHQ/s901/fig6.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-3wk9-vJzjoc/YRBahLeJ-pI/AAAAAAAAMoU/9nhTrkRSbSczlAGDgF5JwTN20htszx4ugCLcBGAsYHQ/s320/fig6.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Economia dos esportes é um assunto interessante, mas não é algo
que eu domine ou sequer possa dizer que conheço. Para falar a verdade a razão
post, mais do que o espírito Olímpico que citei no começo, foi arrumar os dados
de medalhas por atletas em medalhas por países. Os esportes por equipe me deram
um certo trabalho, pois na base aparece uma medalha por cada membro da equipe.
Eu me diverti fazendo o post, espero que a leitura tenha sido interessante.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><br /><p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-28015524439146134922021-08-01T13:23:00.002-07:002021-08-01T13:23:14.327-07:00Em tempos normais a inflação aumentaria no segundo semestre, mas não estamos em tempos normais.<p>O padrão da inflação no Brasil é de queda até julho e subida
a partir de agosto, esse padrão está associado a fatores não necessariamente
relacionados à política econômica como safras e estações do ano, também pode
ser afetado por reajustes salarias em algumas categorias e coisas do tipo. A
figura abaixo mostra o padrão da inflação medida pelo IPCA no Brasil, são
considerados três períodos: desde a estabilização (1996 a 2020), no século
(2001 a 2020) e na década (2011 a 2020). A mudança significativa é que a subida
em julho não está presente quando olhamos a década encerrada em 2020, não sei
explicar por que o pico desapareceu, mas fica claro que a queda no primeiro
semestre e subida no segundo semestre é um padrão presente em todos os períodos
considerados.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-AZ_d_7qO1n4/YQcCRuATQJI/AAAAAAAAMlA/gprhqkEU-NssrQ1HwpHOhRmiHUHwToVLwCLcBGAsYHQ/s901/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-AZ_d_7qO1n4/YQcCRuATQJI/AAAAAAAAMlA/gprhqkEU-NssrQ1HwpHOhRmiHUHwToVLwCLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">A valer esse padrão a expectativa de aceleração da inflação
a partir de agosto, mas talvez esse não seja o caso. Choques ou decisões de políticas
econômicas podem fazer com a inflação de um determinado ano saia desse padrão.
O fato de o desenho da curva não ser consequência da política econômica não
quer dizer que a política econômica não possa mudar o desenho da curva.
Confuso, eu sei, mas imagine que existe um padrão natural que pode ser alterado
pela política econômica ou por choques que afetem a economia. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Um exemplo disso foi 2016, o ano do impeachment da Dilma.
Segundo o padrão das médias, naquele ano a inflação deveria ter começado uma
tendência de alta em agosto e chegado a dezembro mais alta do que em janeiro. Uma
olhada na figura abaixo é suficiente para ver que isso não aconteceu, para
facilitar o padrão das médias está na figura em azul escuro. Repare que não ocorreu
a tradicional subida do segundo semestre. A razão provável é que a mudança no
governo e política econômica levou a uma menor inflação esperada e isso jogou a
curva para baixo. A subida que começou em setembro foi bem modesta.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-5QsN6nfnNSE/YQcCWZy4TNI/AAAAAAAAMlE/ZGjiHM2FwJwCue2k3LOaRWtlIheDb3pLwCLcBGAsYHQ/s901/fig2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-5QsN6nfnNSE/YQcCWZy4TNI/AAAAAAAAMlE/ZGjiHM2FwJwCue2k3LOaRWtlIheDb3pLwCLcBGAsYHQ/s320/fig2.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Outro ano que saiu do padrão foi 2020, o choque da pandemia
jogou a inflação para baixo já em abril e maio, nos dois meses a variação do
IPCA foi negativa, a subida começa a partir de maio e é bem mais forte que a do
padrão usual. Minha explicação para uma subida tão forte, mesmo com a pandemia
e as restrições à abertura do comércio, foi a condução da política monetária que
exagerou na redução dos juros e, mais importante, no tempo que segurou os juros
muito baixos. Aqui vale uma nota: o BC se comporta como a maioria dos bancos
centrais e usa juros como instrumento de política monetária, nesse sentido “aumentar
os juros” é o equivalente do “reduzir a oferta de moeda” que aparece nos livros
textos de macroeconomia. A figura abaixo mostra a inflação de 2020, mais uma
vez o padrão médio da década aparece em azul escuro para facilitar a
comparação.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-JK9LqIq0Mck/YQcCb0b23yI/AAAAAAAAMlI/NkHL0qdzuxo7d7lgMMotNTNHxfwxP2C6ACLcBGAsYHQ/s901/fig3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-JK9LqIq0Mck/YQcCb0b23yI/AAAAAAAAMlI/NkHL0qdzuxo7d7lgMMotNTNHxfwxP2C6ACLcBGAsYHQ/s320/fig3.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">O ano 2021 já começa como um ano fora de padrão. A segunda
onda da pandemia mantém um alto nível de incerteza na economia e o BC começou
uma reversão da política monetária com seguidos aumentos de 1% na meta para
taxa Selic. A figura abaixo mostra a inflação em 2021 (até junho) e o padrão médio
da década, a diferença é clara. Mesmo assim, tudo mais constante, acredito que
o caminho natural seria uma elevação a partir de agosto ou, mais tardar,
setembro, mas o “tudo mais” não está constante. A guinada na política monetária
pode repetir 2016, sem a mudança de governo, e evitar, ou pelo menos suavizar
muito, a elevação da inflação no segundo semestre. Para que isso aconteça é
fundamental que sociedade acredite que o BC está disposto a dar um grande
choque de juros se necessários for. </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-VqcwElxoIYw/YQcCkgV8rvI/AAAAAAAAMlQ/S3eyqrA_UdI_2vd_300DHYYXhN-TDFV_QCLcBGAsYHQ/s901/fig4.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" height="204" src="https://1.bp.blogspot.com/-VqcwElxoIYw/YQcCkgV8rvI/AAAAAAAAMlQ/S3eyqrA_UdI_2vd_300DHYYXhN-TDFV_QCLcBGAsYHQ/s320/fig4.png" width="320" /></a></div><br /><p class="MsoNormal">Olhando de fora do BC e do mercado acredito
que o atual ciclo de elevação não passa a mensagem que o BC está disposto a
fazer o que for preciso para segurar a inflação, mas pode ser porque sou chato.
Como bom botafoguense sigo dizendo que vai dar errado e, lá no fundo, torcendo
(e até acreditando) que pode dar certo.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-61872017458989565332021-07-28T14:33:00.003-07:002021-07-28T14:33:25.022-07:00Recuperações do PIB pelo mundo<p>Curioso com a recuperação da crise causada pela pandemia
resolvi dar uma olhada nos dados da OCDE a respeito do PIB trimestral dos
diversos países. Como a pandemia começou ainda em 2019 na China e em outros
países da Ásia tomei como ponto de partida o terceiro trimestre de 2019. Em apenas
15 dos 48 países da amostra o PIB no primeiro trimestre de 2021 foi maior do
que no terceiro trimestre de 2019, entre eles o Brasil.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A figura abaixo mostra a queda e recuperação do PIB em todos
os países da amostra com destaque para o Brasil. Os países com melhores
desempenho, a curva azul claro termina bem acima de 100, são Irlanda, Turquia e
China. Em nenhum trimestre o PIB da Irlanda ficou abaixo do nível do terceiro
trimestre de 2019, isso não quer dizer que não houve queda do PIB por lá, mas
as quedas ocorridas no segundo e no quarto trimestre de 2020 não foram suficientes
para compensar o crescimento dos períodos anteriores. Na China, onde pandemia
começou, a queda forte ocorreu no primeiro trimestre de 2020, na grande maioria
dos países a queda grande aconteceu no segundo trimestre de 2020, nos trimestres
seguintes o PIB chinês cresceu. A Turquia teve uma queda forte no segundo
trimestre de 2020, mas o forte crescimento no terceiro trimestre mais do que
compensou a queda.</p><p class="MsoNormal"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-67_uKnJoqDU/YQHMrZndW-I/AAAAAAAAMkg/-RFxVd2X4d0bcCNFAyW-gB0tHdLNwKP6wCLcBGAsYHQ/s901/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" src="https://1.bp.blogspot.com/-67_uKnJoqDU/YQHMrZndW-I/AAAAAAAAMkg/-RFxVd2X4d0bcCNFAyW-gB0tHdLNwKP6wCLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /><p class="MsoNormal">O Brasil segue o padrão geral de queda forte no segundo
trimestre de 2020 com recuperação posterior. No terceiro trimestre de 2021 o
PIB estava 0,38% acima do terceiro trimestre de 2019, pode parecer pouco, mas
foi o suficiente para vingar a previsão de recuperação em “V” feita pelo
ministro Paulo Guedes e colocar o Brasil no grupo dos países com crescimento no
período. O campeão de crescimento foi a Irlanda, 14%, seguida pela Turquia, 9%,
e a China, 8%. A média da taxa de crescimento de todos os países foi de -1,4%,
considerando apenas os países que cresceram a média foi de 3,4%. A figura
abaixo mostra a variação do PIB no grupo de países que cresceram no período. Os
únicos países latino-americanos do grupo são Brasil e Colômbia.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-oW8OIg5xvkg/YQHMwluvj0I/AAAAAAAAMko/BtK6ClFw3PIhPmQpwzwzcFt2I3pCRt_owCLcBGAsYHQ/s901/fig2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" src="https://1.bp.blogspot.com/-oW8OIg5xvkg/YQHMwluvj0I/AAAAAAAAMko/BtK6ClFw3PIhPmQpwzwzcFt2I3pCRt_owCLcBGAsYHQ/s320/fig2.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Entre os países com queda de PIB, 33 países da amostra, a média
foi de -3,6%. A menor queda ocorreu nos Estados Unidos, 0,3%, e maior na Espanha
8,9%. No Chile a queda foi de 0,9%, na Argentina foi de 3,7% e no México foi de
5%. A diferença entre a recuperação do PIB no Brasil e outros países da América
Latina sugere que ou o Brasil (e a Colômbia) aproveitaram melhor a subida de
preços das commodities ou a dinâmica interna dos países foi relevante para
explicar a recuperação. <o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-iBGG3vDxE1Y/YQHM3tNfY8I/AAAAAAAAMks/7Vq9u9LLKOQUHYJQH9rNw6avHoU6mX1dwCLcBGAsYHQ/s901/fig3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="901" src="https://1.bp.blogspot.com/-iBGG3vDxE1Y/YQHM3tNfY8I/AAAAAAAAMks/7Vq9u9LLKOQUHYJQH9rNw6avHoU6mX1dwCLcBGAsYHQ/s320/fig3.png" width="320" /></a></div><br /><p class="MsoNormal">Em resumo me parece justo afirmar que o Brasil ficou bem na
foto da recuperação do PIB após a grande queda do segundo trimestre do ano
passado. Não é o melhor, 11 países tiveram maior crescimento do PIB, mas está
longe de ser o pior, 36 tiveram desempenho pior. Como sempre registro o
crescimento de curto prazo pode sinalizar problemas de longo prazo. Isso
acontece se os incentivos usados ara obter crescimento de curto prazo causarem
fortes distorções na alocação de fatores a ponto de comprometer o crescimento da
produtividade, o tempo dirá se esse foi o caso no Brasil.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Outros possíveis efeitos colaterais de estímulos para
recuperação no curto prazo são inflação e crescimento insustentável da dívida
pública. A inflação já é um problema, projeções do mercado apontam que, apesar
das seguidas elevações na meta para Selic, o IPCA o ano vai fechar o ano bem
acima do teto da meta de inflação. A análise do lado fiscal é mais delicada, a
reforma da previdência, aprovada em 2019, pode ser decisiva no controle das
contas do governo. A crise fiscal nos estados parece ter batido no fundo do
poço antes da pandemia, talvez esse poço não tenha um alçapão. Por outro lado,
a generosidade do governo ao conceder aumentos para carreiras militares bem
como com gastos de defesa, incluindo capitalização de estatais, é um problema
que, junto com o uso de emendas nos moldes do Tratoraço/Bolsolão, pode ser
fatal para o ajuste fiscal. Nunca é demais lembrar que parte significativa da
melhora nos indicadores fiscais decorre da inflação, uma estratégia com desagradável
hábito de ser desastrosa no longo/médio prazo.<o:p></o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-35197924890038680622021-06-15T15:04:00.002-07:002021-06-15T15:04:33.375-07:00Não comemos PIB, mas...<p>Vez por outra a frase “não comemos PIB” aparece nas redes e
nos jornais, lembro que apareceu quando o PIB começou a cair no governo Dilma e
agora no governo Bolsonaro quando o PIB subiu acima do esperado. Curiosamente a
frase não lembro da frase ter ganho destaque quando o PIB crescia bem no governo
Lula, deve ser porque sou esquecido. De toda forma a frase é interessante e
merece atenção. Realmente não comemos PIB, também não vestimos PIB, não moramos
no PIB e não sairmos para dançar no PIB. PIB é uma construção teoria usada por
economistas para tentar mensurar o quanto é produzido em uma região. </p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">No PIB estão computadores, relógios, trigo, cortes de
cabelos, massas e maças. Quem é tanta coisa acaba por não ser nada, pode dizer
algum observador, mas, creio eu, esse observador estaria sendo injusto. Como
outras medidas do tipo o PIB simultaneamente carece e abunda de significados. A
frase “não comemos PIB” é correta e bastante útil para apontar que existem
coisa que o PIB não capta bem, porém a frase se torna enganosa quando usada
para tirar relevância de uma queda ou de um aumento do PIB.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Logo no primeiro capítulo do livro <i>Introduction to Modern
Economic Growth</i> (link <a href="https://www.amazon.com/Introduction-Modern-Economic-Growth-Acemoglu/dp/0691132925" target="_blank">aqui</a>), Daron Acemoglu, economista merecidamente
festejado pelo livro <i>Por que as nações fracassam? </i>(link <a href="https://www.amazon.com.br/Por-que-as-na%C3%A7%C3%B5es-fracassam/dp/8535238573/ref=sr_1_2?adgrpid=80996113403&dchild=1&gclid=CjwKCAjwn6GGBhADEiwAruUcKiJUoG5RtpaKpKaFcSpipfYW2uEAODC3l3q2NnOmHE-cVDjWZ6DMHhoCLkUQAvD_BwE&hvadid=426016284707&hvdev=c&hvlocphy=1001541&hvnetw=g&hvqmt=e&hvrand=108299041458820513&hvtargid=kwd-411175082803&hydadcr=5657_11235227&keywords=porque+as+nacoes+fracassam&qid=1623792194&sr=8-2" target="_blank">aqui</a>), trata de
relação entre PIB per capita, que nada mais é do que o PIB dividido pela
população, e os níveis de bem-estar de um país. Para ilustrar o ponto ele
apresenta dois gráficos que vou reproduzir aqui, o primeiro mostra a correlação
(que não é causalidade!) entre o logaritmo do PIB per capita e o logaritmo do
consumo per capita. Fica clara a relação positiva entre as duas variáveis, ou
seja, não comemos PIB, mas onde o PIB por pessoa é maior o consumo por pessoa
também é maior.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-9J7Wz25AtH4/YMki6KA4dQI/AAAAAAAAMhQ/VnAcjwf0mYENQ9AtBLW5mH6WxDfBcZAjwCLcBGAsYHQ/s862/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-9J7Wz25AtH4/YMki6KA4dQI/AAAAAAAAMhQ/VnAcjwf0mYENQ9AtBLW5mH6WxDfBcZAjwCLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /> O segundo gráfico mostra a correlação entre PIB per capita e
expectativa de vida ao nascer. PIB não comida nem remédio, mas onde o POB per
capita é maior as pessoas tendem a viver mais. Isso óbvio, alguém pode dizer,
correto, responderia eu, mas também deveria ser óbvio que crescimento do PIB é
uma boa notícia e queda do PIB é uma notícia ruim.<p></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-BB6cBzeERdQ/YMki-1V82nI/AAAAAAAAMhU/UmwJS7FajdooujJguObz9qCY8m0vik5OwCLcBGAsYHQ/s862/fig2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-BB6cBzeERdQ/YMki-1V82nI/AAAAAAAAMhU/UmwJS7FajdooujJguObz9qCY8m0vik5OwCLcBGAsYHQ/s320/fig2.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal">Como sou chato, não sou tão cuidadoso quanto o Acemoglu e
isso é um blog onde tento conversar com leitores e não um livro tomei a
liberdade de mostrar outras correlações entre o PIB per capita e variáveis que alguém
pode considerar relevantes. A figura abaixo mostra a correlação entre PIB per
capita e o percentual da população com acesso a saneamento básico. Além de
consumir mais e viver mais, quem vive em locais com PIB per capita maior tem
menos problemas de acesso a água tratada. Por causa do PIB? Não dá para dizer
isso, lembre que correlação não é causalidade, mas se é difícil, talvez
impossível, estabelecer empiricamente uma relação de causalidade, não é tão
difícil teorizar sobre tal relação, mas deixo isso para outra ocasião.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-alt1otmdptU/YMkjDki9zuI/AAAAAAAAMhY/b5ZmhfrQ6pkKsQBo0hlxgXo280r7PI7RQCLcBGAsYHQ/s862/fig3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-alt1otmdptU/YMkjDki9zuI/AAAAAAAAMhY/b5ZmhfrQ6pkKsQBo0hlxgXo280r7PI7RQCLcBGAsYHQ/s320/fig3.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal">Consumir mais é bom, viver mais é bom, ter acesso a esgoto e
água tratada é bom... mas o que vale tudo isso sem tomar uma? Pensando nisso
fui olhar a correlação entre PIB per capita e consumo de álcool. Deu positiva,
sim meu caro, se nada que falei até aqui te convenceu da importância do PIB
talvez saber que onde o PIB per capita é maior se bebe mais mude sua opinião.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-SZKmb-I55ek/YMkjV3C3HmI/AAAAAAAAMhk/uH-eqXyYAsY8JV-83VtTSkuYT0mGBqi9ACLcBGAsYHQ/s862/fig4.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-SZKmb-I55ek/YMkjV3C3HmI/AAAAAAAAMhk/uH-eqXyYAsY8JV-83VtTSkuYT0mGBqi9ACLcBGAsYHQ/s320/fig4.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal">Belchior, meu conterrâneo, cantou que nada é maravilhoso,
temo que ele esteja certo, mas definitivamente não é em conceitos econômicos que vamos
encontrar algo para contradizer o poeta cearense. O PIB também está
correlacionado com coisa indesejáveis, como, por exemplo, a poluição. Países
com maior PIB per capita emitem mais CO2. Muita gente acredita que isso é
motivo para não comemorar aumento de PIB, nem tanta gente parece disposta a
migrar para países que emitem pouco CO2. Não sou especialista no assunto, mas
creio que sacrificar PIB para preservar meio ambiente é uma estratégia
complicada e limitada, resta apostar que a chegada de novas tecnologias, em
parte estimuladas pelo aumento de custos do uso de tecnologias poluentes que é
induzido por políticas ambientais, resolvam o problema e permitam a redução da
correlação entre PIB e emissão per capita de CO2.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-eC4evyCusco/YMkjfaEN1QI/AAAAAAAAMho/gyBGUkcHFJ4a48_8y5IxzUaEYTERJ0VZwCLcBGAsYHQ/s862/fig5.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-eC4evyCusco/YMkjfaEN1QI/AAAAAAAAMho/gyBGUkcHFJ4a48_8y5IxzUaEYTERJ0VZwCLcBGAsYHQ/s320/fig5.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal">A última figura retorna à frase que motivou o post (já dizia
meu saudoso pai que a maior prova que o mundo é redondo é que andamos muito e
retornamos ao mesmo lugar). Não comemos PIB, fato, mas onde o PIB per capita é
maior o percentual da população subnutrida é menor.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-kcOrjsrzom0/YMkjj0WwdVI/AAAAAAAAMhs/hQzWNDrrDOMALLqO_6Fqv8FNZLDVJsosgCLcBGAsYHQ/s862/fig6.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-kcOrjsrzom0/YMkjj0WwdVI/AAAAAAAAMhs/hQzWNDrrDOMALLqO_6Fqv8FNZLDVJsosgCLcBGAsYHQ/s320/fig6.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal">Paro aqui, as provocações do post não têm como objetivo
contestar a frase que não comemos PIB, que é obviamente verdadeira, mas
contextualizar a importância do crescimento do PIB e como uma maior PIB per
capita está correlacionado com algumas características desejáveis de uma
sociedade. Nunca é demais lembrar que, como também está registrado no livro de
crescimento do Acemoglu, o processo de aumento do PIB per capita, embora
geralmente bom para o bem-estar, cria perdedores e ganhadores, daí, talvez as
resistências.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">P.S. Se você é aluno de graduação da UnB o post também é uma
propaganda do curso de crescimento que vou oferecer no próximo semestre (começa
em julho, mas é o 2021/1). Os gráficos estarão lá e, nas aulas, “práticas” você
vai aprender a fazer gráficos do tipo.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-72722165866063286302021-06-01T14:11:00.002-07:002021-06-01T14:12:13.909-07:00Deu "V"!<p>Em dezembro do ano passado fiz um post dizendo que ainda era
cedo para falar de recuperação em “V” (link <a href="https://rgellery.blogspot.com/2020/12/eu-ainda-nao-falaria-em-v-deve-ser.html" target="_blank">aqui</a>), pois bem, agora já dá para falar. A
figura abaixo mostra o índice do PIB com ajuste sazonal do primeiro trimestre
de 2019 ao primeiro trimestre de 2021. O valor da série no primeiro trimestre
deste ano, 171,6, ficou igual ao do quarto trimestre de 2020. É claro que não é
um “V” perfeito, mas o formato da recuperação vinga a tese defendida por Paulo
Guedes de que a recuperação seria em “V”.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-bl6xcUZMl40/YLaiT8kd33I/AAAAAAAAMfk/YvZ7gsQ9oWYyW-kzNae6KTosm3jep5AZwCLcBGAsYHQ/s862/fig1.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-bl6xcUZMl40/YLaiT8kd33I/AAAAAAAAMfk/YvZ7gsQ9oWYyW-kzNae6KTosm3jep5AZwCLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Sou chato, mas tento não ser de todo injusto.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-55908596794595161832021-06-01T09:20:00.004-07:002021-06-01T13:49:01.754-07:00Contas Nacionais no Primeiro Trimestre de 2021: Agropecuária, Indústria Extrativa e o Resto.<p>O IBGE divulgou as contas nacionais referentes ao primeiro
trimestre de 2021 (link <a href="https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/30822-pib-cresce-1-2-no-1-trimestre-de-2021" target="_blank">aqui</a>). A recuperação da queda causada pela Coviv-19 no
primeiro semestre de 2019 aparece nos números do PIB. Em relação ao trimestre
anterior o PIB cresceu 1,2%, o crescimento faz parte do mesmo movimento que
levou à queda recorde de 9,6% no segundo trimestre de 2020 e ao crescimento,
também recorde, de 7,7% no terceiro trimestre daquele ano.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Assim como nos trimestres anteriores, o crescimento do
primeiro trimestre de 2021 dificilmente pode ser analisado na perspectiva da
dinâmica de crise e recuperação que costumo usar nos posts sobre contas
nacionais. O máximo que pode ser feito é entender como será a recuperação da
crise causada pela pandemia e tentar especular sobre como esta recuperação pode
afetar a dinâmica da economia brasileira na ótica das contas nacionais.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A figura abaixo mostra o crescimento da economia desde 1996, as
barras mostram o crescimento em relação ao trimestre anterior (com ajuste
sazonal) e a linha mostra o crescimento acumulado em quatro trimestres. No
acumulado houve uma queda 3,8%, o que mostra que, apesar do crescimento nos
últimos trimestres, a crise do Covid-19 ainda não está no retrovisor. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-6u9_WHNDuA4/YLZdqsEcwrI/AAAAAAAAMfE/EfkVQg1NtQAopb31zK7uem97tc_XxJM1QCLcBGAsYHQ/s862/fig1.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-6u9_WHNDuA4/YLZdqsEcwrI/AAAAAAAAMfE/EfkVQg1NtQAopb31zK7uem97tc_XxJM1QCLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /> <p></p>
<p class="MsoNormal">Como é tradição no blog a análise será feita pelo lado da
produção. A análise da despesa, preferida por vários colegas de profissão, é
interessante para entender como foi a distribuição do PIB. <span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A figura
abaixo mostra o crescimento dos grandes setores da economia. No acumulado de
quatro trimestres a agropecuária, que no primeiro trimestre de 2021 respondeu
por 11,9% do valor agregado e 10,2% do PIB, cresceu 2,3%; o setor de serviços, 68,2%%
do valor agregado e 58,4% do PIB, teve uma queda de 4,5%; finalmente, a
indústria, que responde por 19,9% do valor agregado e 17% do PIB, teve uma
queda de 2,7%. Na comparação com o trimestre anterior a agropecuária teve crescimento
de 5,7%, a indústria teve crescimento de 0,7% e nos serviços o crescimento foi 0,4%.
O forte crescimento da agropecuária, que atingiu recorde em participação no
PIB, explica boa parte do crescimento no primeiro trimestre de 2021.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-dHIXaJaqx18/YLZdxln09bI/AAAAAAAAMfI/U1P-6_BHbQcu3gExFy6-ZqsJgtxDxa5JwCLcBGAsYHQ/s862/fig2.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-dHIXaJaqx18/YLZdxln09bI/AAAAAAAAMfI/U1P-6_BHbQcu3gExFy6-ZqsJgtxDxa5JwCLcBGAsYHQ/s320/fig2.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #333333; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">No acumulado de quatro trimestres a construção teve
queda de 6,9%. Na indústria de transformação a queda foi de 2,7%. Ao contrário
de outros períodos quando a queda na indústria de transformação podia ser vista
como parte da arrumação de casa após a sequência de investimentos
questionáveis, para dizer o mínimo, da primeira metade da década., esta queda ainda
reflete o impacto da pandemia no setor A indústria extrativa teve queda de 0,3%.
Na comparação com o trimestre anterior a construção cresceu 2,1%, a indústria
extrativa cresceu 3,2% e a indústria de transformação teve queda de 0,5%. No primeiro
trimestre de 2021 a indústria extrativa correspondeu a 21,5% da indústria total,
a construção por 13,1% e a de transformação por 51,9%. Os números mostram que a
indústria extrativa foi fundamental para o resultado positivo do trimestre.</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-294qDAdRWQA/YLZd1J15JfI/AAAAAAAAMfM/VZLqDbbB9NoB3LX18m_Rl7k4FvnfVgGSACLcBGAsYHQ/s862/fig3.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-294qDAdRWQA/YLZd1J15JfI/AAAAAAAAMfM/VZLqDbbB9NoB3LX18m_Rl7k4FvnfVgGSACLcBGAsYHQ/s320/fig3.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Nos serviços o maior crescimento ficou por conta do setor de atividades
financeiras, de seguros e serviços relacionados que cresceu 5% no acumulado de
quatro trimestres, também houve crescimento de 3% nas atividades imobiliárias.
Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social teve queda
de 5,5%., as maiores quedas foram de 8,6% no setor de transportes e 13% em
outras atividades de serviços A figura abaixo mostra o crescimento no setor de
serviços. Na comparação com o trimestre anterior apenas o setor “Administração,
defesa, saúde e educação públicas e seguridade social” registrou queda Mais uma
vez o crescimento faz parte do mesmo movimento que causou a queda no trimestre
anterior.</span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-pqaKL1vS830/YLZd6e_V8GI/AAAAAAAAMfQ/ZfT1UIim95UorlTEA5CBx2HAIRazhcMWQCLcBGAsYHQ/s862/fig4.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-pqaKL1vS830/YLZd6e_V8GI/AAAAAAAAMfQ/ZfT1UIim95UorlTEA5CBx2HAIRazhcMWQCLcBGAsYHQ/s320/fig4.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="background: white; color: #333333; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Por fim, passemos a análise pelo
lado da demanda, ou seja, como foi distribuída a produção do país. O
investimento, a parte do produto destinada a criar mais produto no futuro, cresceu
2% no acumulado em quatro trimestres. Na comparação com o trimestre anterior o
investimento cresceu 4,6. O crescimento do investimento costuma ser um
importante sinalizador para recuperação da economia, mas nunca é demais lembrar
que é preciso analisar a qualidade do investimento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="background: white; color: #333333; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O consumo das famílias e do governo
caíram 5,7% no acumulado de quatro trimestres. As exportações caíram 1% e as
importações caíram 9,2%. Na comparação com o trimestre anterior o consumo das
famílias caiu 0,1%, o consumo do governo caiu 0,8%, as exportações cresceram 3,7%
e as importações tiveram aumento de 11,6%.</span><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-dxHMsYgYoAI/YLZeF6ULURI/AAAAAAAAMfc/jqJ75WxvZzEBwQgkVNyIPU1LoKe5w4KFwCLcBGAsYHQ/s862/fig5.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-dxHMsYgYoAI/YLZeF6ULURI/AAAAAAAAMfc/jqJ75WxvZzEBwQgkVNyIPU1LoKe5w4KFwCLcBGAsYHQ/s320/fig5.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Os números das contas nacionais mostram que a pandemia do
coronavírus interrompeu o processo de lenta recuperação que vínhamos seguindo
desde 2017, mas sugerem uma boa recuperação em relação a queda causada pela
própria pandemia. Essa recuperação pode ser comprometida pelo recrudescimento
da pandemia. De fato, o comportamento da economia depende essencialmente dos
rumos da pandemia. Sem uma campanha de vacinação em massa só um milagre pode
nos tirar da crise.</p>
<p class="MsoNormal">O crescimento do trimestre veio acima do esperado, a
agropecuária e a indústria extrativa tiveram um forte papel neste resultado.
Isso sugere que o bom resultado pode estar mais associado à dinâmica do resto
do mundo, visto que os dois setores são exportadores de commodities, do que à
dinâmica da economia interna. Não que tal dependência seja ruim ou mesmo um
problema, mas é uma característica que merece registro.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Para ter crescimento de longo prazo o governo precisaria liderar
uma sólida agenda de reformas, nesse sentido ao trocar a agenda de abertura
pela necessidade de proteger o patrimônio da indústria é um péssimo sinal. Continua
valendo que se o governo partir para políticas de estímulos turbinadas por
planos como o Pró-Brasil, Casa Verde e Amarela e uso de estatais podemos até
ter bons números no curto prazo, ainda assim condicionados à dinâmica da
pandemia, mas começaremos outra caminhada em direção ao abismo. A disparada dos
preços no atacado, levando junto o IGP-M, mostra que, além da recuperação do
PIB, o governo deve se preocupar em evitar que a inflação que já atinge os
preços aos consumidores.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal">P.S. Os gráficos setoriais não são os ideais, continuo
procurando uma forma melhor de passar os desempenhos dos setores sem abrir mão
de grande parte da série.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-35433928854640457652021-05-28T13:29:00.007-07:002021-05-28T13:29:53.272-07:00O IGP-M continua subindo muito!<p>A notícia que o IGP-M subiu 4,1% em maio deveria causar apreensão
em todos que tenham algum interesse nos rumos da economia brasileira. Neste
século apenas em três oportunidades o IGP-M subiu mais de 4% em um único mês. A
primeira foi um aumento de 5,19% em novembro de 2002, as outras duas
aconteceram nos últimos doze meses: 4,34% em setembro de 2020 e 4,14% e maio deste
ano. No acumulado de doze meses o IGP-M atingiu a máxima do século, na verdade
a máxima desde a estabilização.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O IGP-M é uma média de três índices: o IPA-M que mede os
preços no atacado e responde por 60% do IGP-M, o IPC-M que mede os preços aos
consumidores e responde por 30% do IGP-M e o INCC-M que mede os preços na
construção civil e responde por 10% do IGP-M. O IPA-M é o responsável pela
disparada do IGP-M, o índice que mede os preços no atacado acumula alta de mais
de 50% nos últimos doze meses, outro recorde do século. A figura abaixo mostra
o IGP-M e os componentes.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-xgqTPIF1gIs/YLFSXE0bUkI/AAAAAAAAMeg/ZdWvH7Zs0Dgh-cJmMNa6sEBXjEWhzJ7pQCLcBGAsYHQ/s862/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-xgqTPIF1gIs/YLFSXE0bUkI/AAAAAAAAMeg/ZdWvH7Zs0Dgh-cJmMNa6sEBXjEWhzJ7pQCLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal">O aumento de preços estar muito concentrado nos preços no
atacado leva alguns analistas a desprezarem o problema, não é difícil encontrar
quem diga que esse aumento é passageiro e não vai chegar nos preços aos
consumidores tomando por base relações estimadas durante a vigência de outro
regime de política econômica, monetária e fiscal, e com menos incerteza do que
vivemos atualmente. A dependência do comportamento econômico de empresas e
famílias em relação à política econômica é bem conhecida dos economistas, o
tema recebeu atenção de Robert Lucas, Thomas Sargent, Edward Prescott e Finn Kydland
para ficar apenas nos que foram laureados com o Nobel. Um trecho no artigo “The
End of Four Big Inflations” publicado pelo Thomas Sargent em 1982 resume essa
ideia:</p>
<p class="MsoNormal"><span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US;"><i>"Recent
work in dynamic macroeconomics has discovered the following general principle:
whenever there is a change in the government strategy or regime, private
economic agents can be expected to change their strategies or rules for
choosing consumption rates, investment rates, portfolios, and so on. The reason
is that private agents' behavior is selfish, or at least purposeful, so that
when the government switches its strategy, private agents usually find it in
their best interests to change theirs. One by-product of this principle is that
most of the empirical relations captured in standard econometric models cannot
be expected to remain constant across contemplated changes in government policy
regimes."</i></span></p>
<p class="MsoNormal">Voando sem instrumentos, pois a mudança de regime de política
econômica e o brutal aumento de incerteza trazido pela pandemia tornaram os
resultados obtidos por modelos econométricos pouco confiáveis, caberia ao BC
ter adotado uma política de prudência. Não foi o que ocorreu, mesmo com a moeda
derretendo e com os preços no atacado disparando o BC apostou que os preços aos
consumidores ficaram blindados. No segundo semestre de 2020 estava claro que a inflação
não ficaria baixa, ainda assim o BC segurou a Selic em inacreditáveis 2% ao
ano. Quando finalmente resolveu ajustar, já em 2021, teve que correr com dois
aumentos seguidos de 0,75% na Selic e muito provavelmente um terceiro está a
caminho. Mesmo com os três aumentos a Selic vai ficar abaixo da inflação
prevista para este ano, isso dá uma noção de quão baixa a Selic ficou e/ou de
quanto a inflação está acima do que imaginava a vã filosofia dos que acreditavam
que inflação não seria um problema. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O quadro descrito na figura deveria por um ponto final nas
ilusões quanto a inflação. O IPC-M subiu mais de 7% nos últimos doze meses, o
IPCA está próximo, é um valor muito alto ainda mais no meio de uma crise com
desemprego crescendo. É cada vez mais urgente que o BC faça o que tem de ser
feito para colocar a Selic pelo menos acima da inflação o quanto antes, sei que
é difícil e a pressão será enorme, ainda mais com ano eleitoral chegando. Não acelerar
o ajuste agora pode marcar Roberto Campos como mais um banqueiro central que
entre inflação e desemprego escolheu a primeira e ficou com os dois.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-45469285950164169972021-05-07T14:24:00.001-07:002021-05-07T14:26:38.819-07:00O BC voltou!<p>O segundo aumento consecutivo da Selic em 0,75 pontos marca
uma guinada correta e necessária na política monetária. O discurso de que a
inflação resulta de um choque e voltará naturalmente a um patamar mais baixo
não mais corresponde às decisões do Copom, isso é bom, mas seria ainda melhor
se representantes do BC parassem de dizer que está tudo bem ou coisas do tipo
(ver <a href="https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2021-04/presidente-do-bc-diz-que-alta-da-inflacao-e-temporaria" target="_blank">aqui</a>). Entendo que a intenção pode ser acalmar o mercado, mas, na prática,
a falta de consistência entre discursos e ações pode fazer mais mal do que bem.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Para ilustrar o tamanho da virada na política monetária fui
buscar as decisões do Copom em relação à Selic desde janeiro de 2001. A decisão
mais frequente é manter a taxa inalterada, ocorreu em 68 das 184 reuniões
consideradas, em seguida vem a decisão de subir ou descer 0.5 pontos, cada uma
ocorreu 27 vezes. A mais extrema foi aumentar em 3 pontos, ocorreu duas vezes:
outubro e dezembro de 2008 quando o BC resolveu tirar o atraso de decisões que
deveriam ter sido tomadas anteriormente. A maior queda foi de 2,50 em agosto de
2003, seguida por uma queda de 2 pontos em setembro do mesmo ano. A decisão de
subir a taxa em 0,75 pontos ocorreu em apenas 7 ocasiões, a última antes das
decisões deste ano foi em 2010 quando a Selic estava em torno de 10% ao ano. A
figura abaixo mostra a variação da meta de Selic e quantas vezes cada variação
ocorreu.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-JKtgAt7euGo/YJWuXhpefQI/AAAAAAAAMbk/Ms1T9S38IQEHOHCkFSdAmWQQiSeomqHNACLcBGAsYHQ/s862/fig1.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-JKtgAt7euGo/YJWuXhpefQI/AAAAAAAAMbk/Ms1T9S38IQEHOHCkFSdAmWQQiSeomqHNACLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Diante dos números é difícil negar o caráter excepcional das
decisões do Copom nas últimas duas reuniões. Minha leitura é que a razão para
essa pressa é que o BC tenha finalmente percebido que segurou a Selic por muito
tempo em um valor muito baixo e que, sem uma mudança drástica na política
monetária, poderia perder o controle das expectativas e, por consequência, da
inflação. Entendo que alguns colegas não gostem da minha leitura, afinal
estamos em crise e as expectativas de inflação não deram sinais de alerta. Quanto
a crise, bem... o que não faltam são exemplos de inflação fora de controle com
desemprego nas alturas e PIB caindo ou patinando, se não acredita em mim dá uma
olhada no vizinho do norte ou do sul.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Em relação às expectativas o problema é que os modelos de
previsão perdem poder diante de mudanças de regime, o próprio Paulo Guedes anunciou
a mudança de regime em 2019 e reforçou em 2020 (link <a href="https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/11/26/declaracao-de-guedes-juros-baixos-e-mais-entenda-as-razoes-da-alta-do-dolar.ghtml" target="_blank">aqui</a> e <a href="https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2020/11/06/mix-agora-e-juro-mais-baixo-e-cambio-mais-em-cima-mesmo-reitera-guedes.htm" target="_blank">aqui</a>), e na presença
de incerteza, não preciso dizer que a pandemia mandou a incerteza lá para cima.
Essa é a razão do “pessoal do mercado” ter errado consistentemente para baixo a
previsão de inflação. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Para visualizar o que estou dizendo peço que o leitor se
coloque no lugar de um empresário que depende de insumos importado de forma que
uma desvalorização do real representa um aumento nos custos de produção. É
razoável supor que decisão do empresário de repassar para os preços o aumento
dos custos dependa do que ele espera acontecer com o câmbio. Se ele entender
que a desvalorização é passageira, o repasse para os preços deve ser pequeno ou
mesmo nulo, se entende que é permanente talvez ele tente repassar para os
preços no menor prazo possível. Como a natureza da desvalorização, transitória
ou permanente, depender do regime é justo supor que a decisão de ajuste de
preços por conta da desvalorização também dependa do regime. Se o exemplo for
representativo as estimativas de que o efeito do câmbio nos preços é baixo, realizadas
com dados do regime anterior, talvez não valham mais no regime de “juros baixos
e câmbio desvalorizado”.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A questão é saber o tamanho do atraso que BC deve recuperar
e quanto tempo há para que o ajuste possa ser feito sem comprometer a
credibilidade da política monetária. Estimativas de colegas sugerem que a Selic
deve chegar em 6,5% ao ano para estancar a pressão nos preços, o problema é que
essa estimativa depende da previsão de inflação e essa, como nos mostra a
experiência recente, não é muito confiável. O lado bom é que a atual direção do
BC conta com a confiança do mercado, o que dá uma margem maior de manobra,
Tombini e Mantega devem ficar intrigados com a paciência que turma tem com
Campos e Guedes. O lado ruim (e perigoso) é que ainda não sabemos o tamanho do
rombo fiscal causado pela pandemia e pela política de usar o orçamento agradar
os amigos tocada pelo atual governo. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Embora a principal alavanca para controlar a inflação ainda
seja a política monetária é inegável que a pressão fiscal ajuda a jogar os
preços para cima. Na falta de ajuste fiscal resta ao BC apertar a política
monetária, no atual modelo (que é o padrão nos bancos centrais de economias
desenvolvidas) isso significa aumentar a meta para Selic. Até quando o BC vai
conseguir segurar a inflação com política monetária é coisa que não sei dizer,
mas se esse dia chegar temos que vamos ficar sabendo rapidamente. Se permite
terminar com um conselho, torçam para esse dia nunca chegar.<o:p></o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-65526377081400991782021-04-19T11:15:00.005-07:002021-04-19T11:18:17.584-07:00Boletim Focus aumenta expectativa de inflação para este ano. Voltamos ao padrão da época do governo Dilma?<p>O Boletim Focus divulgado hoje mostra que o “pessoal do
mercado” mais uma vez atualizou para cima a expectativa de inflação para 2021.
Começar com um valor baixo para inflação esperada e atualizar para cima durante
o ano foi o padrão no governo Dilma. Em 2016, ano do impeachment, e nos dois
anos do governo Temer o padrão ficou invertido: a expectativa de inflação
começava alta e caia durante o ano. No governo Bolsonaro voltou o padrão de
expectativas baixas (eu chamo de excesso de otimismo) no começo do ano e ajuste
durante o ano. A figura abaixo ilustra esses padrões, note que por usar escalas
diferentes no eixo vertical a figura não deve ser usada para comparar as expectativas
de inflação de cada ano e sim a dinâmica destas expectativas em cada um dos
anos.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-41G1hu_sdY4/YH3IaW4N6KI/AAAAAAAAMZY/y2Y2eZn8PW0VAEvtPHl1L_NdHPqUE1lRQCLcBGAsYHQ/s862/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-41G1hu_sdY4/YH3IaW4N6KI/AAAAAAAAMZY/y2Y2eZn8PW0VAEvtPHl1L_NdHPqUE1lRQCLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Por que o Banco Central de Roberto Campos não consegue
entregar a inflação igual ou menor do que a esperada pelo “pessoal do mercado”
no começo de cada ano? Difícil responder. É fácil encontrar declarações de figurões
do BC colocando a culpa no lado fiscal. De fato, a política fiscal é um
problema, mas o BC não sabe disso? O quão razoável foi apostar a estabilidade
do real em um ajuste fiscal no meio de uma pandemia e liderado por um governo
com notória dificuldade em liderar? O quão razoável foi imaginar que uma moeda
emitida por um dos países emergentes mais endividados do mundo e sem grau de
investimento nas agências de risco atrairia investidores por ser uma espécie de
porto seguro?<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A verdade é que já faz algum tempo a política fiscal do
Brasil é problemática, tentativas de ajuste fiscal são barradas pelos mais
diversos lobbys. Com a chegada de Bolsonaro ao Planalto, a despeito dos desejos
da equipe econômica, a situação piorou. Incapaz de gerenciar conflitos naturais
em uma democracia o governo ficou refém de interesses pontuais e agora sequer
consegue ter um orçamento. O problema é que a questão fiscal já deve estar embutida
nas expectativas de inflação do começo do ano, é preciso entender qual foi a surpresa
que levou o mercado a “errar para baixo” no começo de 2019, 2020 e, aparentemente,
2021. Alguém pode dizer que em 2020 teve a pandemia, não compro a tese, o
efeito da pandemia foi de baixar a inflação como mostram os números do IPCA em
abril e maio do ano passado, porém, mesmo que tenha sido a pandemia a surpresa
ocorreu em março e até outubro as expectativas estevam bem abaixo da inflação
que ocorreu em 2020. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Uma comparação de 2020 e 2018 pode ser didática. Em 2018 a
greve dos caminhoneiros pegou o mercado de surpresa, a resposta foi um aumento
da expectativa de inflação para aquele ano. O susto do mercado foi justificado,
mas a política econômica soube controlar as expectativas e entregou uma inflação
de 3,75%. Repare quem 2020 o movimento foi diferente, logo após o choque não
houve um crescimento forte das expectativas de inflação. A reação inicial do
mercado foi projetar que a pandemia levaria a uma queda na variação do IPCA. O
que aconteceu?<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Como disse acima é difícil explicar o que está acontecendo.
O problema pode estar nas projeções do “pessoal do mercado” que parece insistir
em ignorar a mudança de regime que ocorreu no governo Bolsonaro segundo o próprio
Paulo Guedes. Para piorar a incerteza aumentou muito por conta da pandemia. Outra
possibilidade é que política econômica, fiscal e monetária, tiveram uma melhor
condução no governo Temer no sentido de surpreender o mercado com menos e não
com mais inflação. Enfim deixo mais perguntas do que respostas, mas vale
registrar que talvez seja o momento para o BC colocar a barba de molho. A barba
da vizinha política fiscal já está pegando fogo faz tempo.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-36914020576152648262021-04-17T09:13:00.002-07:002021-04-17T09:13:36.763-07:00Como a pandemia afetou a relação dívida/PIB dos diversos países?<p>Em post anterior explorei a base de dados do FMI para avaliar o impacto da pandemia no crescimento das economias em 2020 (link
<a href="https://rgellery.blogspot.com/2021/04/crescimento-no-brasil-e-no-mundo-em.html" target="_blank">aqui</a>). Nesse post farei exercício semelhante, porém o foco será na relação
dívida/PIB. É importante ter em mente que a relação dívida/PIB á afetada pela
variação do PIB e da dívida, desta forma o crescimento desta relação pode
ocorrer por conta do crescimento da dívida ou da queda do PIB. Como na maioria
dos países ocorreu queda do PIB e aumento dos gastos para combater e amenizar
os efeitos da pandemia, o crescimento da relação dívida/PIB observado nos dados
era esperado. Mesmo assim o exercício pode ser interessante por mostrar o que
aconteceu nos diversos países e o tamanho do aumento da relação dívida/PIB.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Para fazer o exercício selecionei os países com mais de 10
milhões de habitantes em 2020, mais uma vez a Venezuela foi excluída da amostra,
o que me deixou a amostra com 87 países. Em 2019 a média da relação dívida/PIB
nos países da amostra foi de 59,6%, em 2020 subiu para 69,1%. Na comparação de
2020 com 2019 a relação dívida/PIB caiu em apenas 7 dos 87 países da amostra,
desses cinco estão na África Subsaariana (Zimbabwe, Etiópia, Chade, República
Democrática do Congo e Tanzânia), um na América Latina e Caribe (Haiti) e um no
Oriente Médio (Irã). A figura abaixo mostra o deslocamento da distribuição da
relação dívida/PIB entre 2020 e 2019 com destaque para as médias de cada ano.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-ZQXR98xslfo/YHsIr8_7PMI/AAAAAAAAMYo/488_TId1VvcOmD50kVGu-sevxpxNAJh_gCLcBGAsYHQ/s862/fig1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-ZQXR98xslfo/YHsIr8_7PMI/AAAAAAAAMYo/488_TId1VvcOmD50kVGu-sevxpxNAJh_gCLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Os três países com maior crescimento da relação dívida/PIB
ficam no Oriente Médio: Iraque (70%), Emirados Árabes Unidos (43%) e Arábia Saudita
(32%). No Brasil o crescimento desta relação foi de 13%, o que nos coloca na
parte inferior da turma, ou seja, entre os países onde a relação dívida/PIB
cresceu menos. Para ser preciso em 33% dos países a relação dívida/PIB cresceu
menos do que a do Brasil. A figura abaixo mostra o crescimento da relação
dívida/PIB nos países da amostra com destaque para alguns países, quanto mais
para esquerda (ou para baixo) menor o crescimento da relação dívida/PIB. Repare
que esta relação cresceu menos no Brasil do que nos Estados Unidos e na China, países
onde o PIB teve melhor desempenho do que no Brasil em 2020.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-Q4_2PuuksiE/YHsIwWrMhYI/AAAAAAAAMYs/nU8X5HkjWHkG9MfNRA07rsp8KRcYLBojQCLcBGAsYHQ/s862/fig2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-Q4_2PuuksiE/YHsIwWrMhYI/AAAAAAAAMYs/nU8X5HkjWHkG9MfNRA07rsp8KRcYLBojQCLcBGAsYHQ/s320/fig2.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Na comparação com os países da amostra que pertencem ao
grupo América Latina e Caribe o Brasil teve o menor crescimento da relação
dívida/PIB dentre os países onde essa relação cresceu. Isso é bom porque mostra
que a deterioração do quadro fiscal no Brasil foi menor do que em países que
normalmente são usados como referência em comparações internacionais. Entre os
países do BRICS, outro grupo de comparação, o Brasil teve o menor crescimento
na relação dívida/PIB como pode ser visto na figura acima.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-PVIaBhDi6us/YHsI1h7hY_I/AAAAAAAAMYw/aoZLv6VP-jIHo856wGoKov3vAsPme9ZhQCLcBGAsYHQ/s862/fig3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-PVIaBhDi6us/YHsI1h7hY_I/AAAAAAAAMYw/aoZLv6VP-jIHo856wGoKov3vAsPme9ZhQCLcBGAsYHQ/s320/fig3.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">O resultado relativamente bom no crescimento da razão
dívida/PIB significa que temos melhores condições fiscais que outros países
semelhantes? Não creio que seja o caso. Apesar de ter crescimento menos do que
na maioria dos países da amostra, a relação dívida/PIB no Brasil é alta quando
compara à dos mesmos países. Em cerca de 80% dos países da amostra a relação
dívida/PIB é menor do que no Brasil, quase todos são países avançados ou estão
na África Subsaariana. Temos a maior relação dívida/PIB entre os países do
BRICS.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-wqZovYOd7z4/YHsI5Llg9GI/AAAAAAAAMY0/sqV7AZkVB3wvg8w5oVvemq87-rQ6QqKbACLcBGAsYHQ/s862/fig4.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-wqZovYOd7z4/YHsI5Llg9GI/AAAAAAAAMY0/sqV7AZkVB3wvg8w5oVvemq87-rQ6QqKbACLcBGAsYHQ/s320/fig4.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Considerando apenas os países da América Latina e caribe que
estão na amostra, apenas a Argentina tem uma relação dívida/PIB maior do que a nossa.
Mesmo tendo crescido mais em 2020 a relação dívida/PIB no Chile ainda é cerca
de um terço da nossa. A figura abaixo mostra a relação dívida/PIB nos países da
América Latina e Caribe.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-wQ7X50R8c-E/YHsI88OFC3I/AAAAAAAAMY8/SDirRNyDB_AXIcvshNrnq3ldPng4qsL4gCLcBGAsYHQ/s862/fig5.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-wQ7X50R8c-E/YHsI88OFC3I/AAAAAAAAMY8/SDirRNyDB_AXIcvshNrnq3ldPng4qsL4gCLcBGAsYHQ/s320/fig5.png" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal">Os números relativos à dívida como proporção do PIB mostram
que essa relação cresceu menos por aqui do na maioria dos países, porém
continuamos com uma relação muito alta em comparação com América Latina e com países
emergentes em geral. A elevada relação dívida/PIB acaba funcionando como um
limite para o aumento da dívida e, por consequência, dificulta medidas para
amenizar o sofrimento da população com a pandemia. Como mostra o aumento da
inflação: existe mais limites para a política fiscal do que parecem pensar os
críticos do teto de gastos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-25661150082043939812021-04-09T15:36:00.002-07:002021-04-09T15:36:35.817-07:00Inflação no Brasil e em países selecionados<p>Sempre que falo de inflação aparece alguém dizendo que a
inflação daqui está baixa ou que a inflação subiu no mundo todo por conta da
pandemia. Por conta disso resolvi checar a inflação em outros países. Encontrei
no site inflation.eu (link <a href="https://www.inflation.eu/en/inflation-rates/cpi-inflation-2020.aspx">aqui</a>), a inflação dos preços aos consumidores referente
a 2020 para 38 países. A maior inflação ocorreu na Turquia, 14,6%, que ficou
fora da amostra para não distorcer a figura. Depois da Turquia veio a Rússia
com 4,91% e o Brasil com 4,52% fecha o grupo dos países da amostra com inflação
acima de 4% em 2020. A figura abaixo mostra a inflação em cada país.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-F3s3DTrVx8A/YHDWqBr8phI/AAAAAAAAMXk/wZyKTcnuQmABDWVtIv4fdlD13_5ZQiOcwCLcBGAsYHQ/s976/Rplot.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="650" data-original-width="976" src="https://1.bp.blogspot.com/-F3s3DTrVx8A/YHDWqBr8phI/AAAAAAAAMXk/wZyKTcnuQmABDWVtIv4fdlD13_5ZQiOcwCLcBGAsYHQ/s320/Rplot.png" width="320" /></a></div><br /> Para os curiosos a média das taxas de inflação dos países da
amostra, excluída a Turquia, foi 0,99% e a mediana foi 0,56. Doze países
tiveram redução nos preços aos consumidores em 2020. Olhando para os países da
América Latina presentes na amostra o México ficou com 3,155 de inflação e o
Chile com 2,97%. A China, que muita gente gosta de apontar como exemplo de
política econômica, teve 0,27% de inflação em 2020.<p></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Enfim, a comparação da inflação no Brasil com a dos outros
países da amostra não permite afirmar que a inflação de 2020 foi baixa. Se
considerarmos as taxas de inflação medidas pelo IPCA nos últimos a de 2020 foi
a maior desde 2016 (2,95%, 3,75%, 4,31% e 4,53% para 2017, 2018, 2019 e 2020,
respectivamente), ano que a inflação sofreu influência do desastre do governo
Dilma. É isso.<o:p></o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2055756148683882443.post-53028156847137208682021-04-08T16:02:00.003-07:002021-04-08T16:03:22.141-07:00Crescimento no Brasil e no Mundo em 2020 de acordo com os números do FMI<p>Com a divulgação dos dados do FMI referentes a 2020 é
possível avaliar o tamanho do estrago que a pandemia causou no crescimento
econômico pelo mundo. Considerando os países com mais de dez milhões de
habitantes em 2020 e excluindo a Venezuela por motivos óbvios a média das taxas
de crescimento em 2019 foi de 2,98%, em 2020 essa mesma média foi de -3,29%. Em
2019 a maior taxa de crescimento entre os países da amostra foi de 9,4% na
Ruanda, o pior desempenho foi do Zimbabwe com queda de 7,4%. Em 2020 o melhor
desempenho foi na Etiópia, que cresceu 6,1%, e o pior foi no Peru onde o PIB teve
queda de 11,1%. A mediana das taxas de crescimento caiu de 2,3% em 2019 para -3,6%
em 2020. A figura abaixo mostra a distribuição do crescimento em 2019 e 2020, o
deslocamento para esquerda da parte em vermelho mostra queda geral do
crescimento em 2020.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-PgrzsoBqF7s/YG-Kl-2vO_I/AAAAAAAAMWg/v33kFKlEmUQGUT5Kfnoq20dtjp2aQqU7QCLcBGAsYHQ/s862/fig1.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-PgrzsoBqF7s/YG-Kl-2vO_I/AAAAAAAAMWg/v33kFKlEmUQGUT5Kfnoq20dtjp2aQqU7QCLcBGAsYHQ/s320/fig1.png" width="320" /></a></div><br />Dos oitenta e oito países da amostra em apenas dezenove foi
observado crescimento do PIB em 2020. Dos países que cresceram dez estão na África
subsaariana, quatro são países emergentes da Ásia, dois do Oriente Médio, um pertence
ao grupo dos países avançados, um é parte da Comunidade de Países Independentes
e um é emergente da Europa. Nenhum país da América Latina e Caribe cresceu em
2020. Mesmo considerando apenas os países que cresceram a média das taxas de
crescimento, 2,4%, foi menor que a média de crescimento de todos os países da
amostra em 2019. A figura abaixo mostra a variação do PIB em cada um dos países
onde houve crescimento.<p></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-nonIrOxzgyY/YG-KrBhmRII/AAAAAAAAMWk/zgEnPmYrTGsu5BfvTETN7gKsJd3eW79hQCLcBGAsYHQ/s862/fig2.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-nonIrOxzgyY/YG-KrBhmRII/AAAAAAAAMWk/zgEnPmYrTGsu5BfvTETN7gKsJd3eW79hQCLcBGAsYHQ/s320/fig2.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal">No Brasil o PIB teve queda de 4,1% em 2020, o resultado foi
melhor do que o previsto pelo FMI em meados do ano passado. Em termos relativos
o Brasil melhorou de posição no ranking dos países da amostra. No ano de 2019
cerca de 78% dos países tiveram melhor desempenho do que o Brasil, essa proporção
caiu para cerca de 57% em 2020. A figura abaixo mostra a variação do PIB em
todos os países da amostra com alguns destaques. O eixo horizontal mostra a
variação do PIB e no eixo vertical é possível ver a proporção dos países com
variação do PIB menor do que a do país em destaque. Desta forma a figura mostra
que cerca de 91% dos países cresceram menos do que a China e cerca de 48% e
cerca de 52% cresceram menos do que os Estados Unidos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-7uSXGD0-nBw/YG-Ky7y4GRI/AAAAAAAAMWo/EXnKwM0sbMkCozwQTSsafVpbe5BQqU4awCLcBGAsYHQ/s862/fig3.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-7uSXGD0-nBw/YG-Ky7y4GRI/AAAAAAAAMWo/EXnKwM0sbMkCozwQTSsafVpbe5BQqU4awCLcBGAsYHQ/s320/fig3.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal">Considerando apenas os países da América Latina e caribe o
Brasil teve o terceiro melhor desempenho. A menor queda ocorreu na Guatemala
seguida pelo Haiti, Brasil, Chile e República Dominicana. O pior resultado foi
no Peru com queda de 11,1% no PIB. Se o leitor está desconfortável com a
retirada da Venezuela da amostra este é um bom momento para informar que o PIB venezuelano
caiu 35% em 2019 e 30% em 2020. A figura abaixo mostra a variação do PIB nos
países da América Latina e Caribe que estão na amostra.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-2ghBW9m5-PQ/YG-K4W5ix_I/AAAAAAAAMWw/hRxTFGreU50aibwJZCi8j2IicDRcRcZ5gCLcBGAsYHQ/s862/fig4.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-2ghBW9m5-PQ/YG-K4W5ix_I/AAAAAAAAMWw/hRxTFGreU50aibwJZCi8j2IicDRcRcZ5gCLcBGAsYHQ/s320/fig4.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal">Dos grupos de países considerados pelo FMI a América Latina
foi o que teve o pior desempenho em termos de média das taxas de crescimento do
PIB. Em 2019 o pior desempenho ocorreu no Oriente Médio. A pandemia pegou em
cheio<i> nuestra America</i> em um momento em que as coisas já não estavam bem.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-mXTNODrEZxY/YG-K9WRYo_I/AAAAAAAAMW4/rawzfLyXZP0vn1YW-c2i0blMqeZswSQTwCLcBGAsYHQ/s862/fig5.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-mXTNODrEZxY/YG-K9WRYo_I/AAAAAAAAMW4/rawzfLyXZP0vn1YW-c2i0blMqeZswSQTwCLcBGAsYHQ/s320/fig5.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal">Entre os países do BRICS apenas na China o PIB cresceu em
2020. O Brasil ficou no meio com desempenho pior do que China e Rússia e melhor
do que Índia e África do Sul. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-K-G2lgh4MFA/YG-LCrFeXvI/AAAAAAAAMXA/Q5DP4C1BwrklG4aGfmLryA4vviLVmedsgCLcBGAsYHQ/s862/fig6.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="574" data-original-width="862" src="https://1.bp.blogspot.com/-K-G2lgh4MFA/YG-LCrFeXvI/AAAAAAAAMXA/Q5DP4C1BwrklG4aGfmLryA4vviLVmedsgCLcBGAsYHQ/s320/fig6.png" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal">Os números mostram que a pandemia teve um forte impacto no
crescimento dos diversos países. O resultado contrasta com os números observados
durante a Gripe Espanhola onde a média das taxas de crescimento foi positiva
nos três anos da pandemia (ver <a href="https://rgellery.blogspot.com/2020/04/crescimento-do-pib-em-tempos-de-gripe.html" target="_blank">aqui</a>). O Brasil ficou na parte de baixo da
amostra em termos de variação do PIB, mas estamos perto do meio. Em termos relativos
foi uma melhora, em 2019 estávamos na parte baixo mais para o fim do que para o
meio. Uma melhora relativa no meio de uma queda tão forte não deve servir
de alento para um país que está em mais uma década perdida, mas sugere que podia ter sido pior.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Blog do Roberto Elleryhttp://www.blogger.com/profile/09340296613727624276noreply@blogger.com0