sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A nova direita e um liberal chato

Joel Pinheiro faz no Valor Econômico uma interessante descrição da "nova direita" que, em olhar cuidadoso, não é nem tão nova nem tão direita. Como sempre acontece ao ler este tipo de artigo fico sem saber onde estou. É fato que a bolsa-empresário do BNDES me incomoda muito mais que a bolsa-família, a ponto de eu ter dito várias vezes que enquanto existir a primeira me recuso a criticar a segunda. Abomino qualquer forma de coletivismo, desta forma não nutro simpatia por nenhuma forma de organização das ditas minorias. Na verdade considero cada indivíduo como muito complexo para se encaixar no rótulo de alguma minoria.

Sou a favor de várias causas libertárias mas dou bem menos ênfase a estas causas que a maioria dos libertários, por exemplo, não comemorei o juiz que "legalizou" a maconha por meio de uma nova interpretação da lei. Não estou convencido que um mundo sem nenhum estado é melhor que um mundo com estado, muito pelo contrário. Posso até imaginar outras formas de estado diferentes da atual, mas a ausência de qualquer forma de estado me parece perigosamente próxima da barbárie. Viver assim é interessante e divertido nos mundos virtuais dos MMORPG, mas na falta de poderes mágicos e habilidades extraordinárias com espadas e machados prefiro a estabilidade oferecida pelo estado. Na verdade não vejo com bons olhos nem mesmo o mundo sem Banco Central proposto pelos austríacos. Tenho apreço pelos valores morais ocidentais, mas não me agrada a idéia que tais valores sejam impostos pela lei. Serei um conservador?

Meu foco em temas econômicos me traz algum mal estar com a guerra permanente com o que vários conservadores chamam de marxismo cultural. Tenho dificuldade de entender porque a liberação da maconha é marxismo cultural e, ao mesmo tempo, qualquer restrição ao cigarro ou ao álcool também é marxismo cultural. Afinal o marxismo cultural está associado a proibição ou a liberação de drogas? Não entendo porque o livre mercado, por exigir alguma coordenação de leis entre países, pode abrir as portas ao temido governo mundial enquanto a Guerra às Drogas, que exige coordenação de leis e de ação policial entre países, não abre as portas para o mesmo governo mundial. Não me incomodo com novelas e outras peças de ficção que defendem valores diferentes dos meus, me incomoda muito a pobreza destas peças. Tal incomodo não deriva de algum tipo de moralismo, estando mais próximo ao que Vargas Llosa descreveu no seu livro A Civilização do Espetáculo. Simplesmente não tenho apego suficiente aos valores para me considerar um conservador, até porque os valores mudam, basta lembrar que no início do século XX proibir drogas, inclusive álcool, era uma política progressista. Não, definitivamente não sou um conservador.

Não sendo eu um libertário nem um conservador talvez eu simplesmente não me encaixe na nova direita, seria uma pena pois tenho muita simpatia por esta turma e acompanho com legítimo interesse tanto os conservadores, inclusive Olavo de Carvalho, quanto os libertários. Como definitivamente não me identifico com a velha direita nem muito menos com as esquerdas, não pertencer a nova direita me deixa como que sem turma, o que não chega a ser algo que me incomode. Talvez eu seja mesmo um liberal chato, como bem descreveu um colega de graduação que reencontrei no FB, pior, com o passar do tempo temo que esteja ficando cada vez mais chato do que liberal.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A respeito do investimento

Por minha insistência que o maior problema para o crescimento brasileiro é o baixo crescimento da produtividade e não a baixa taxa de investimento vez por outra sou "acusado" de não ligar para o investimento. Não é verdade. O investimento é uma variável fundamental para determinar o nível de renda e até mesmo o crescimemto da produtividade, afinal é por meio de novas máquinas que novas tecnologias costumam entrar na economia. Minha implicância com o discurso que foca no investimento tem outra natureza. Fazer política econômica para forçar a taxa de investimento para cima sem que existam as condições adequadas para isto é um caminho quase certo para o desperdício de recursos. Pior, uma vez realizado o investimento ruim aparecem uma série de grupos de interesse que tornam reverter o investimento uma tarefa quase impossível. A longa história em torno de refinarias de petróleo no Nordeste é um exemplo de como mesmo um investimento anunciado mas não realizado é difícil de ser revertido.
Pois bem, uma série de notícias que vi nos últimos dias me fez retomar este assunto. Primeiro uma notícia no Estadão a respeito da queda do Brasil no ranking das economias que recebem investimento externo. Outra notícia também no Estadão diz que os empresários pretendem investir menos este ano. Estas duas notícias mostram a redução do interesse em investir na economia brasileira, notem que é um fenômeno observado no Brasil e no exterior. A próxima notícia trata do financiamento do investimento no Brasil, o Valor Econômico anunciou que fundos de investimento sacaram R$ 6 bilhões na semana passada e que este não é um fenômeno típico da época do ano. A última da série ajuda a explicar as anteriores ao dizer que o FED começou a reduzir os estímulos à economia americana.
A relação entre estas notícias está em um debate que (re)começou no Brasil lá por 2005, esquentou depois da crise de 2008, ficou ainda mais quente em 2010 e pegou fogo no governo da presidente. De um lado os que insistiam na agenda de reformas como forma de aumentar a taxa de crescimento da produtividade e a taxa de investimento no Brasil. Do outro lado os que acreditavam que uma intervenção direta para reduzir juros e desvalorizar o câmbio somadas a uma política de financiamento do investimento seriam o suficiente para elevar a taxa de investimento e aumentar o crescimento da economia brasileira. Até 2005 a turma das reformas dominou a política econômica, a partir daí a segunda turma, que vou chamar com alguma injustiça de desenvolvimentistas, passou a virar o jogo. Primeiro com a volta do BNDES como financiador do investimento e executor da política industrial (na realidade eu começaria pelo PAC, mas não quero mais polêmicas do que o necessário), depois, já no governo Dilma, conseguiriam as intervenções nos juros e no câmbio. Eu sempre estive do lado dos reformistas, mesmo em 2010 quando muitos saudavam a volta do BNDES como o responsável pelo sucesso da economia brasileira eu apontava que este sucesso não era confiável e nem duraria muito.
Meu argumento era que o crescimento da economia brasileira não era sequer devido ao BNDES ou ao incentivo ao consumo, mas a uma combinação favorável do fatores externos, quais sejam, os altos preços das commodities e as baixas taxas de juros internacionais. Não é preciso dizer que meus argumentos não foram exatamente bem recebidos por vários colegas dentro e fora do governo, afinal o argumento dominante era que o Brasil ia bem apesar do resto do mundo e não por causa do resto do mundo. Vale lembrar que os tais estímulos que hoje causam estragos pela simples ameaça de uma redução foram recebidos como guerra cambial pelo Ministro Mantega e como tsunami monetário pela presidente Dilma, deve ser o primeiro caso onde o fim de uma guerra e/ou de um tsunami causa mais estragos que o começo. Pois bem, as notícias acima não mostram que a turma das reformas estava certa, mas são fortes indícios de quem apostou na estratégia desenvolvimentista estava errado.
Para não perder o costume termino mais este post com a mesma ladainha. Se o Brasil quer aumentar a taxa de investimento, ficar mais produtivo e crescer mais tudo isto com melhora na distribuição de renda o caminho passa necessariamente por educação, melhora do ambiente de negócios e a reconstrução da infraestrutura. Para educação não basta prometer recursos e construir mais universidades, é preciso melhorar o ensino e transformar as universidades em pólos geradores de pesquisa e inovação. A melhora do ambiente de negócios passa pela redução do emaranhado de leis e regulações que tornam a atividade produtiva quase impossível, mais do que facilitar a abertura e o fechamento de firmas é preciso também facilitar o dia a dia das firmas. Os enormes custos de tocar uma firma no Brasil servem como uma barreira a entrada permanente a beneficiar as empresas existentes, particularmente as grandes. A reconstrução da infraestrutura não deve ser feito no estilo PAC com o governo como grande timoneiro dos investimentos, é preciso criar um ambiente favorável a este tipo de investimento. Note que em nenhum dos casos a solução passa por mais dinheiro, a solução envolve reformas que tem resistência de grupos de interesse bem estruturados e dispostos a enfrentar muitos custos para não abrir mão de seus benefícios.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Comentários a respeito do discurso da presidente em Davos

Li o discurso que a presidente fez em Davos, gostei das linhas gerais, se fosse o discurso de uma candidata desconhecida talvez ganhasse meu voto, aí está a questão, não é o discurso de uma candidata desconhecida, é o discurso de alguém que está a mais de dez anos no poder, sendo os últimos três anos como presidente da república. Fica difícil entender porque a presidente não faz o que afirma ser importante em seu discurso. Abaixo coloco algumas partes do discurso junto com meus comentários. O discurso pode ser visto aqui, a transcrição do discurso completo está aqui, os trechos do discurso que decidi destacar estão em vermelho.
 "É imprescindível, entretanto, resgatar o horizonte de médio e longo prazos em nossas avaliações para dar suporte aos diagnósticos e às ações necessárias ao crescimento das diferentes economias. Nessa perspectiva, ainda que as economias desenvolvidas mostrem claros indícios de recuperação, as economias emergentes continuarão a desempenhar um papel estratégico. Estamos falando dos países com as maiores oportunidades de investimento e de ampliação do consumo."
Concordo, é o que os críticos do governo tem dito faz muito tempo. Porém poucos presidentes foram tão preocupados com o curto prazo quanto Dilma. Mesmo Lula, mentor político da presidente, não hesitou em fazer um grande ajuste fiscal e liberar o Banco Central para combater a inflação no início de seu mandato. Nunca entendi porque a presidente mesmo tendo altíssima popularidade e virtualmente sem oposição não fez os ajustes necessários em 2011 e 2012.
"O Brasil, por sua vez, vem experimentando uma profunda transformação social nos últimos anos. Estamos nos tornando, por meio de um processo acelerado de ascensão social, uma nação dominantemente de classe média. Alguns números ilustram essa realidade: os 36 milhões de homens e mulheres que foram tirados da extrema pobreza recentemente; os 42 milhões que ascenderam à classe média, que passou de 37% da população para 55% da população, apenas entre os anos a partir de 2003 até hoje. A renda per capita mediana das famílias brasileiras cresceu 78% no mesmo período. Nos últimos três anos, nós geramos 4,5 milhões de novos empregos."
Verdade. A transformação social pelo qual o Brasil passou nas últimas décadas é impressionante. Infelizmente, na ânsia de politizar tudo, o partido da presidente preferiu ir contra os números e a realidade e em vez de ver este processo como uma conquista da sociedade decidiu vender a ideia que era tudo mérito de um governo. Afirmar que as melhoras dos indicadores começaram antes da posse de Lula virou crime de lesa pátria. Talvez por acreditar nas lendas criadas por seu partido Dilma tentou desmontar as políticas econômicas que levaram às conquistas que ela lista. Minha esperança é que aparentemente ela percebeu o erro cometido.
"A inflação no Brasil permanece sob controle e, desde 1999, o Brasil segue o regime de metas. Nos últimos anos, perseguimos o centro da meta e, a cada ano, trabalhamos para lograr esse objetivo. Os resultados obtidos até aqui estão dentro do intervalo admitido por esse regime monetário. Reitero a vocês que buscamos, com determinação, a convergência para o centro da meta inflacionária."
Não é verdade que o governo tenha perseguido o centro da meta nos últimos anos. Nos últimos anos as previsões de inflação acima da meta não receberam a devida resposta do Banco Central. De teorias esquisitas sobre convergência longas e não-lineares a apostas que crises externas poderiam controlar a inflação o BC sempre se esquivou de assumir sua obrigação de perseguir o centro da meta. Todo mundo sabe disto, negar não é uma boa estratégia para ganhar confiança, melhor seria reconhecer o erro passado e assumir o compromisso para o futuro.
"Quero enfatizar que nós não transigimos com a inflação. A responsabilidade fiscal, por sua vez, é um princípio basilar da nossa visão de desenvolvimento econômico e social. No Brasil, as despesas correntes do governo federal estão sob controle e houve uma melhora qualitativa das contas públicas nos últimos anos. Conseguimos acentuada redução da dívida líquida do setor público, que caiu de 42,1%, em 2009, no início da crise, para 34% do PIB, em 2013. Mesmo a dívida bruta declinou neste mesmo período, passando de 60,9% para 58,5% do PIB."
Trecho mais infeliz do discurso. O atual governo com sua contabilidade criativa destruiu o significado de todos os indicadores fiscais brasileiros. Se é verdade que sempre existiu alguma criatividade também é verdade que nunca se abusou tanto desta criatividade. Mudanças de conceitos e operações estranhas desenhadas tão somente para alcançar resultados são a tônica no atual governo na área fiscal. Se há algo de bom neste trecho é que foi curto.
"A segunda alternativa é o reposicionamento dos bancos públicos na expansão do crédito ao investimento, possível, agora, graças ao aumento da participação do financiamento privado, do mercado de capitais e de outros novos instrumentos financeiros. Nós, no Brasil, possuímos um sistema financeiro sólido, com elevados níveis de capital, liquidez e de provisões, o que contribui para a expansão sustentável do crédito ao longo dos últimos anos. Esse sistema é também eficiente, com a participação harmônica de bancos privados e de instituições públicas, bancos privados nacionais e estrangeiros. Essas instituições desempenharam um papel importante nos últimos anos, em especial o sistema financeiro público nos períodos de turbulência dos mercados financeiros internacionais. Com a normalização dos mercados globais, a orientação estratégica do governo é para que essas instituições públicas retornem às suas vocações naturais."
Trecho confuso, se o objetivo é reduzir o ativismo dos bancos públicos, particularmente do BNDES, é um bom sinal. Mas se for isto mesmo o ideal era ter dito de forma clara e com todas as letras.
"Desde o início do governo, estamos conscientes da necessidade de avançarmos para uma nova etapa. Reiteramos nosso compromisso com a qualidade institucional, em especial com o respeito aos contratos existentes, juntamente com um ambiente econômico estável e atrativo aos investidores. O nosso objetivo é melhorar estruturalmente a economia brasileira, tornando-a cada vez mais competitiva. É imprescindível, para tanto, a gestão cada vez melhor dos recursos públicos, reformando o Estado e reduzindo a burocracia. Nesse sentido, medidas para a diminuição das exigências burocráticas são essenciais para o aumento da produtividade no Brasil. Cito um exemplo, que é o Portal Empresa Simples, a ser implantado este ano, com a meta de baixar o prazo de abertura de empresas para, no máximo, cinco dias.
Sobretudo, é necessário – e estamos determinados a promover – forte aumento de investimento em         infraestrutura, em educação e inovação. Com isso, aumentaremos a taxa de investimento em relação ao Produto Interno Bruto, fundamental para sustentar o crescimento de longo prazo."
Se o governo estava consciente devia ter agido. O que se viu não foi um avanço em direção a melhor qualidade institucional, melhor infraestrutura e a necessária reforma da educação. O que seu viu foi um retrocesso para o nacional-desenvolvimentismo com tentativa de usar o BNDES como indutor do crescimento, a manipulação do câmbio como indutor da competitividade, a redução forçada dos juros como indutor do investimento e o controle de preços como ferramenta de combate a inflação. Se a presidente de fato acredita que o caminho das reformas é o caminho eu fico feliz, mas melhor do que dizer que sempre soube seria reconhecer o erro e seguir em frente. É difícil confiar em quem não reconhece os próprios erros.
"Adotamos um novo marco regulatório para o sistema portuário, permitindo a ampliação da participação privada na oferta dos serviços portuários, com critérios de eficiência e aumento do volume de carga. Foram autorizados, já, oito portos privados, com investimentos de mais de US$ 1,5 bilhão. Em 2014, autorizaremos novos terminais privados e iniciaremos os arrendamentos em portos públicos."
A reforma dos portos foi o ponto alto deste governo e o ponto baixo da oposição. Na hora de apoiar uma mudança realmente boa para o país a oposição preferiu fazer política de baixo nível e criticar a medida, chegando até a incentivar baderna. Mesmo que existam críticas pontuais às mudanças nas leis que regem os portos a medida como um todo é boa e tem meu apoio. É um passo importante na direção certa.
"Fizemos três licitações de petróleo e gás neste ano que passou. O grande marco, nessa área, foi o leilão do mega campo de Libra, vencido por um consórcio entre a Petrobras e quatro grandes empresas petrolíferas que aliam competência técnica a recursos financeiros. O campo de Libra tem reservas estimadas entre oito a doze bilhões de barris de petróleo. Sua exploração deve mobilizar investimentos diretos de cerca US$ 80 bilhões nos próximos 35 anos. Seu efeito multiplicador incidirá sobre toda a cadeia produtiva de petróleo e gás. Com a exploração dos demais campos de potencial similar ao de Libra, o Brasil se tornará um significativo exportador de petróleo."
O leilão do campo de Libra não foi o sucesso que o governo quer vender, mas foi sim um passo importante e sinalizou um retorno de políticas equivocadas que o governo ameaçava levar adiante. Foi um avanço, não no sentido que estamos melhor do que estávamos no passado, mas foi um avanço no sentido que estamos mais distante de políticas muito ruins.
"Encerrando esse ponto, eu gostaria de falar aos senhores sobre um programa que eu tenho muito orgulho de ter sido feito no Brasil, que é o Minha Casa, Minha Vida, nosso programa de construção habitacional. Desde 2011, nós contratamos a construção de 2,24 milhões moradias; 1,5 milhão nós já entregamos. Com esse programa nós garantimos o acesso à moradia para as parcelas mais pobres da população, combinando recursos públicos e financiamento, no total de US$ 87 bilhões, e estabelecemos o que é importantíssimo: uma equação financeira que, considerando a renda da população, viabiliza o programa sem criar riscos para o sistema imobiliário."
Já disse em outros lugares e escrevo apenas para registar mais uma vez. O Minha Casa, Minha Vida é uma bomba relógio que, se não for desarmada com cuidado, ainda pode nos trazer muitos problemas.
"Quero fazer uma observação final. É hora de superarmos posturas defensivas e reconhecer o papel do comércio mundial na recuperação das economias. O histórico acordo global alcançado na Organização Mundial do Comércio (OMC) renova as esperanças de uma conclusão equilibrada na Rodada de Doha. O Brasil está pronto, está empenhado, também, nas negociações do Mercosul com a União Européia para um acordo comercial."
Mais uma vez o discurso se mostra muito melhor do que a prática. Vamos lá presidente, coragem, já passou da hora de superar as posturas defensivas. 
"O Brasil é, hoje, uma das mais amplas fronteiras de oportunidades de negócios. Nosso sucesso nos próximos anos estará associado à parceria com os investidores do Brasil e de todo o mundo. Sempre recebemos bem um investimento externo. Meu governo adotou medidas para facilitar ainda mais essa relação. Aspectos da conjuntura recente não devem obscurecer essa realidade." 
Presidente, uma política cambial que busca desvalorizar o câmbio para proteger a indústria local não é um bom sinal para o investidor externo. Salvo raríssimas que não me vem à mente, quem botou dinheiro no Brasil durante seu governo perdeu. A solução está no seu próprio discurso: deixa o câmbio flutuar.
Como tinha dito antes teria sido um bom discurso para um candidato de oposição, mas para quem está já faz tanto tempo no governo parece meio fora da realidade.


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Todo mundo sabe que a economia brasileira está com problemas... menos Luiza...

O vídeo onde Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza, afirma que, ao contrário do que dizia Diogo Mainard, a inadimplência está caindo e ainda se oferece a mandar os dados mostrando que está certa circulou ontem pela internet quase como um viral. Também ganhou destaque a notícia que a executiva de fato mandou o e-mail com os dados para Mainard. Para os que ainda não viram, o vídeo está abaixo:



De início não dei muita importância ao fato, Mainard não produz dados e considerei aceitável que estivesse com dados defasados, assim como considerei normal que uma empresária do setor tivesse dados mais atualizados. Minha impressão original foi que a festa com vídeo era mais uma vendeta do nacionalismo ofendido para com o autor de Contra o Brasil que, ainda por cima, não perde a oportunidade de dizer que “Os brasileiros têm os dois pés no chão… E as duas mãos também.”. Doce ilusão, em tempos de polarização petista nem mesmo o velho nacionalismo ofendido é sincero, a realidade era que o barulho em torno do vídeo vinha de governistas tentando mostrar que o Brasil está bem, uma espécie de reação à guerra psicológica deflagrada por analistas independentes, organismos internacionais, agência do próprio governo, os dados e tudo que ousa mostra que a economia brasileira está com problemas. Enquanto percebia a natureza da divulgação do vídeo coloquei o seguinte comentário no FB:

"Eu podia falar dos perigos em torno dos discursos de empresários afirmando que geram tantos mil empregos, eu poderia lembrar das inúmeras vezes que Eike Batista "destruiu" os ditos pessimistas, mas prefiro lembrar da história do sujeito que pulou do décimo andar e cada janela que passava dizia: até aqui tudo bem."

Pois bem, como a toda ação corresponde uma reação, logo vieram as notícias não tão simpáticas ao Armazém Luiza e sua presidente. A primeira que li dizia respeito a condenações na justiça do trabalho. Considerando a quase impossibilidade de cumprir com toda a legislação trabalhista que existe no Brasil não me impressionei muito com a notícia, se bem que parece estranho que a nova heroína dos apoiadores do governo do Partido dos Trabalhadores não consiga respeitar as leis trabalhistas. Depois vi a notícia que realmente me chamou atenção: Magazine Luiza diz que BNDES não dá atenção ao varejo. Nunca falha. Empresário comprando briga para o governo é sinal de que é ou quer ser empresário-amigo, o diagnóstico é tanto mais preciso quando o empresário aproveita para afirmar que gera tantos empregos. Ora, se o empresário é amigo e gera empregos nada mais justo e natural que ganhe empréstimos a juros camaradas, tudo por conta do contribuinte, é claro. O comentário do FB estava vingado.

Apesar dos acenos ao BNDES me explicarem boa parte do comportamento da empresária uma dúvida ainda me perseguia. Por que uma empresária de sucesso em um setor que, segundo afirmações dela, vive uma fase de ouro abriria mão de sua independência para ficar sob custódia do BNDES? Os juros camaradas são um forte atrativo, eu sei, mas intimidações com relações a demissões e outras ingerências tem um custo e, afinal, o Magazine Luiza tem se saído muito bem sem o BNDES. Para tirar minhas dúvidas fui ver como estavam as ações da empresa. O gráfico abaixo descreve o comportamento das ações do Maganize Luiza entre 19/7/2011 e 21/1/2014, foi a série mais longa que consegui.


Percebam que mesmo a recuperação no segundo semestre de 2013 não foi capaz de recuperar as perdas com a forte queda do primeiro semestre deste mesmo ano. No período total a queda foi quase 50%. Existem vários motivos para explicar tamanha queda das ações, um deles é uma crise na economia que prejudique o setor onde a empresa está inserida. Dadas as declarações do vídeo este não parece ser o caso. Outro possível motivo são problemas de gestão na empresa, não tenho como avaliar esta possibilidade. De toda formas ambas as hipóteses explicam os acenos para o BNDES e as declarações otimista quanto a economia recheadas de louvações às políticas do governo. Falta saber se todo este otimismo vai reduzir as perdas de quem confiou e investiu no Magazine Luiza, temo que não, a não ser, claro, que o BNDES dê uma ajudinha. Eu não ficaria surpreso, afinal o BNDES tem estudado muito o varejo, quem sabe em breve vamos saber dos efeitos encadeados, dos transbordamentos tecnológicos e das externalidade causadas pelo varejo.

P.S. Com o post quase pronto vi que Rodrigo Constantino escreveu a respeito dos preços das ações do Magazine Luiza, não fui ler até decidir que o post estava pronto, depois de pronto li, creio que concordamos nas linhas gerais do que está acontecendo.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Sorrisos... ou Se o cavalo morrer de sede o dono fica a pé

How do you know I'm mad?" said Alice.
"You must be," said the Cat, "otherwise you wouldn't have come here."
Quando a presidente Dilma decidiu que a taxa de juros no Brasil estava muito alta e tinha de cair, uma pessoa de bom que não conhecesse bem o Brasil podia pensar que o governo estava anunciando um ajuste fiscal ou alguma medida que mudasse a estrutura de mercado do setor bancário. Esta pessoa rapidamente descobriria que não apenas o pecado está ausente no lado de baixo do Equador, bom senso também é mercadoria rara ou inexistente por estas bandas. Na verdade a presidente estava anunciando que ia reduzir os juros por decreto, como se preços respondessem apenas à vontade dos poderosos de plantão. Não faltou quem tentasse alertar a presidente da futilidade de sua decisão, o alerta mais famoso veio de Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban, que lembrou a presidente que "você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não pode obrigá-lo a beber água". Sábias palavras que foram ignoradas, pior, foram vistas como uma provocação e não com um conselho. 

O governo acusou o golpe e por meio da imprensa e dos sites governistas vieram as mais tresloucadas repostas, uma particularmente interessante dizia que é possível deixar o cavalo morrer de sede. A alegoria de deixar o cavalo morrer de sede é simbólica de uma certa lógica que prefere ver o cavalo morto e seguir o caminho a pé do que ver seus desejos contrariados, a história está cheia de exemplos onde esta mesma lógica levou a desastres humanitários de proporções dantescas. Felizmente a presidente foi mais esperta do que isto, não sei se ela desistiu de fazer o cavalo beber água, mas certamente entre ficar a pé e recuar ela escolheu a segunda opção. Foi a decisão correta embora, como muitos, temo que tenha sido mais por conveniência do que por entender que preços não dependem da vontade soberana de ninguém. Seja lá qual for a razão é fácil ver que a presidente e seus economistas estão perdidos, o fracasso da tentativa de reduzir os juros na marra e de aumentar o investimento e salvar a indústria por meio de manobras cambiais deixou o governo sem rumo. Aqui é bom trazer de volta o risonho gato de Alice:

"Would you tell me, please, which way I ought to go from here?""That depends a good deal on where you want to get to," said the Cat."I don't much care where –" said Alice."Then it doesn't matter which way you go," said the Cat."– so long as I get somewhere," Alice added as an explanation."Oh, you're sure to do that," said the Cat, "if you only walk long enough."

A primeira parte da conversa é bem conhecida, o final da conversa é menos comentado. Se você andar o bastante chegará a algum lugar, a questão é que se você não sabe o caminho você pode chegar em qualquer lugar, inclusive em lugares piores do que o que você estava quando começou a andar. Neste exato momento a caminhada nos levou a um ponto onde podemos ver onde estávamos. Não é um bom lugar para se estar, a taxa de juros voltou a 10,5% ao ano, a inflação está cada vez mais resistente, a taxa de investimento não subiu, o crescimento foi medíocre, a balança comercial ficou positiva por obra e graça da criatividade, também por obra e graça da criatividade ninguém conhece a situação fiscal do país e até mesmo a posição de credor líquido é questionável. O sorriso do gato fica estampado na trajetória da taxa de juros conforme mostra o providencial gráfico de Giovanni Beviláqua que coloco abaixo.



Já passa da hora de escolher um caminho. Creio que o caminho certo é voltar até o ponto onde largamos a agenda de reformas. Uma vez neste ponto temos que parar e buscar pelas reformas mais urgentes para que possamos seguir um caminho que, mesmo com surpresas e sustos, nos leve para onde queremos ir. Como já disse várias outras vezes o caminho passa por: educação, melhora no ambiente de negócios e pelo destravamento do setor de infraestrutura. É preciso pressa, estamos atrasados.




sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Sobre tempo, dinheiro, juros e o "fim de uma era"

Blog do FT aponta saída recorde de dólares do Brasil como fim de uma era. Apesar de listar a desastrosa política econômica do governo o FT manda a conta da saída de dólares para o FED e aponta uma luz no fim do túnel com a chegada de investidores japoneses. Tomara que os japoneses venham mesmo e nos salvem do desastre completo.
Quando o FED começou a imprimir dólares no atacado nosso governo falou de tsunami monetário e guerra cambial. A preocupação do governo era com efeitos da valorização do real. Na época discordei e disse que a política monetária americana era boa para o Brasil. Meu motivo era simples: o Brasil é um grande importador de capitais, com o FED mantendo os juros nominais nos EUA próximos a zero teríamos acesso a capital barato. Bem utilizado este capital poderia ter financiado grandes transformações que deixassem a economia brasileira pronta para inevitável alta dos juros americanos. O governo preferiu seguir sua tese de cambial e mudou a política monetária para desvalorizar o câmbio. Conseguiu o que queria, Dilma começou seu mandato com o dólar valendo em torno de R$ 1,60 e hoje já vale R$ 2,40. Nenhum dos resultados previstos aconteceram: a taxa de investimento não subiu (e olha que fizemos os investimentos da Copa), a balança comercial piorou e a indústria continuou como estava.
Pois bem, agora que começam a aparecer ameaças de reversão da política monetária americana fica claro o que eu falava. Nos últimos anos, mais até do que as commodities, foram os juros internacionais baixos que garantiram o funcionamento da economia brasileira. Se este padrão de saída de dólares continuar nos próximos anos uma desvalorização do real será inevitável, se o câmbio estivesse a R$ 1,60 isto não seria problema, com o câmbio a R$ 2,40 é possível que a inflação responda e o BC tenha que aumentar os juros a patamares absurdamente altos, como na década de 90, simplesmente para evitar uma inflação acima de 10% ao ano. Mais ainda, como não fizemos a infraestrutura necessária para o país, inclusive a indústria, crescer vamos ter de fazer com juros mais altos. Qualquer pessoa que já reformou a casa tendo de pegar dinheiro emprestado sabe a diferença entre construir com juros altos e construir com juros baixos. Enquanto perseguíamos a saída mágica do câmbio também podemos ter perdido a chance de ajustar o sistema tributário e a previdência em um ambiente de juros baixos. Como são ajustes inevitáveis terão de ser feitos mesmo com juros altos, sob pena da economia continuar com crescimento medíocre e com inflação e alta e possivelmente crescendo. A lista de oportunidades perdidas e interminável.
E agora o que fazer? Temos de fazer o que não fizemos. Em primeiro lugar deixar o câmbio flutuar mesmo que isto signifique mais desvalorização do real, se a inflação apertar a saída é elevar os juros até onde dor preciso. Além do câmbio flutuante é preciso reconquistar a credibilidade do BC no combate a inflação e adotar um sistema de contabilidade pública transparente. Um ajuste fiscal tanto quantitativo quando qualitativo seria bem-vindo. Em suma, é preciso refazer o que foi desfeito a partir de 2006 e demolido no governo Dilma.
Depois é seguir buscando modelos de privatizações concessões capazes de estimular o investimento em infraestrutura no Brasil, precisamos de tudo: portos, aeroportos, ferrovias, estradas, usinas de energia, saneamento básico e etc; porém não precisamos de obras faraônicas que apenas burocratas do governo vêem como necessárias. Em paralelo a construção da infraestrutura é necessária uma reforma radical da educação, não é admissível que fiquemos nos últimos lugares de toda e qualquer avaliação internacional de ensino. É urgente um CIEP em cada bairro pobre do Brasil, porém além da infraestrutura é preciso que estes CIEPs tenham bons professores, um plano didático-pedagógico voltado para o ensino e não para a doutrinação e tenham excelentes gestores. Por fim temos de construir um ambiente de negócios que incentive a produção, não se trata de despejar dinheiro público nos cofres de uns poucos empresários-amigos. Hoje o Brasil é um dos países mais hostis ao livre mercado, é difícil abrir uma empresa. É quase impossível seguir todas as milhares de regras vindas de dezenas de órgãos que parecem ter como maior preocupação impossibilitar a atividade empresarial, pública e privada! Um jovem com uma idéia genial que em outros países poderia criar uma start-up que poderia vir a ser uma nova Google ou Microsoft no Brasil terá seus sonhos abortados em regras sanitárias, ambientais, trabalhistas, contábeis, fiscais, bancárias e todo um emaranhado de regras que torna tocar uma empresa no Brasil mais difícil do que ter uma boa idéia de um novo serviço ou produto.
É claro que tudo isto que falei precisa de tempo e dinheiro para ser feito. Todo iniciado em economia já foi apresentado aos juros como sendo o preço do tempo e/ou do dinheiro. Entendeu a razão do tsunami monetário americano ter sido bom para o Brasil? Precisamos de tempo e de dinheiro, quanto mais baratos estiverem o tempo e o dinheiro melhor estaremos.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Jogo no pano... jogo... feito!

Delfim Netto colocou suas fichas no petismo e ganhou. Em vez do ostracismo a que foram condenados os que participaram da ditadura recebeu os mimos destinados aos nobres da corte petista. Foi conselheiro privilegiado de Lula e de Dilma. Certamente foi um dos que desviaram o governo da agenda de reformas para o caminho do desenvolvimentismo que como bem observou Marcos Lisboa, Secretário de Política Econômica de Lula, nos condenou a um crescimento medíocre. Tenho de reconhecer a capacidade de Delfim de seduzir governos, seduzir aqui está no sentido de convencer alguém a fazer o que quer. Principalmente depois da crise de 2008 a política econômica do governo petista passou a ser quase igual à política econômica de Geisel, não fui o único a ver e dizer isto.

Como depois de Geisel veio Figueiredo, o governo Dilma acabou por fazer uma brutal desvalorização do real. Só não seguiu adiante porque, ao contrário da década de 1980, vivemos uma democracia e a população foi para rua gritar que não estava disposta a pagar a conta de outra aventura do tipo. Ainda não se sabe se o recuo foi feito a tempo de evitar o desastre.

Pois bem, Delfim reconhece o fracasso das políticas que foram em grande parte resultado da aplicação de suas ideias. Aparentemente ele não se sensibilizou com os artigos recentes da FSP (ver aqui e aqui, a excelente reposta de Alexandre Schwartsman está aqui) que nos explicam que só porque o governo não atingiu os indicadores propostos e previstos pelo próprio governo não podemos dizer que a política econômica da presidente fracassou. Em tempo, quem afirmou que crescer 1,5% em 2012 era uma piada foi o Ministro Mantega, no mundo real o crescimento de 2012 foi de 1%.

Se é verdade que ficha do governo caiu, quem acompanha o que eu escrevo sabe que eu já tinha apontado esta possibilidade, resta saber agora o que mais vai cair. O que vai acontecer com quem convenceu o governo de colocar as fichas no desenvolvimentismo? Vão continuar boicotando as reformas de dentro do governo ou vão ser mandados para casa enquanto um novo time tentará mais uma vez recuperar o tempo perdido na busca de soluções mágicas para problemas que pedem soluções reais? O tempo dirá. Espero que Marcos Lisboa e/ou outros do mesmo porte estejam disponíveis para o trabalho.



domingo, 5 de janeiro de 2014

História de Duas Américas Latinas

Ano passado escrevi um post comparando Brasil e Chile que chamei de "A História de Duas Cidades", hoje vi o WSJ falando a respeito de duas Américas Latinas ao comparar os países do Atlântico (destaque para Venezuela, Brasil e Argentina) com os países do Pacífico (destaque para México, Peru, Chile e Colômbia). O ponto é que enquanto os primeiros apostaram no protecionismo e no estado como indutor do crescimento os segundos seguiram o caminho de livre comércio e da abertura ao comércio exterior.
Pela reportagem do WSJ o grupo do Atlântico teve um melhor desempenho durante o boom das commodities mas este desempenho agora está ameaçado enquanto o grupo do Pacífico apresenta melhores perspectivas. Foi o que tentei argumentar no meu post, para garantir o crescimento no longo prazo, sem depender muito dos humores do mercado internacional, é preciso adotar uma agenda de reformas que tornem a economia do país capaz de competir com as economias dos países desenvolvidos. Esta é a realidade que precisa ser enfrentada. Usar de incentivos do BNDES, aumentar o protecionismo e manipular câmbio não resolvem o problema e, se estas políticas podem ter algum efeito positivo de curto prazo, no longo prazo adiam as reformas necessárias e condenam a economia a taxas medíocres de crescimento. Recentemente Gustavo Franco, um dos "pais do Real" foi taxativo ao afirmar que o Real funcionou porque os que estavam a frente do Plano decidiram atacar o problema de frente, para resolver o problema do crescimento precisamos do mesmo tipo de determinação que permitiu o fim da inflação descontrolada. Curiosamente este final de semana FHC, o político que mais apostou no Real, pediu pelo retorno da agenda de reformas como forma levar o Brasil ao crescimento de longo prazo.
Bem, os caminhos estão colocados. Atlântico ou Pacífico? Reformas ou saídas mágicas? Atacar a crise real ou continuar apostando em maquiagens? Façam suas apostas. Eu estou entre os que acreditam que sem reformas focadas na melhoria do ambiente de negócios, ampliação da infraestrutura e melhoria da educação nenhuma política macroeconômica levará o Brasil ao almejado crescimento de longo prazo e, na medida do possível, independente dos humores dos mercado externos. Na ausência de reformas o máximo que as políticas macroeconômicas podem fazer é garantir a estabilidade e para isto o ideal seria retomar o tripé da época de FHC/Lula posto que este já mostrou que funciona.

Variação do Valor da Petrobras nos Últimos Anos

Comentário a respeito de notícia comparando o valor da Petrobras hoje e em 2003.


Não é a primeira vez que aviso: a estratégia governista para as próximas eleições vai ser misturar os governos de Lula e de Dilma. Em termos econômicos o primeiro mandato de Lula foi excelente, para surpresa de muitos após a posse Lula aderiu a uma agenda de reformas e manteve o compromisso estrito com a estabilidade econômica. No segundo mandato, Lula cedeu as tentações do desenvolvimentismo e a história começou a mudar. Duas ressalvas importantes quanto ao segundo mandato de Lula: (i) apesar do BNDES e do PAC o compromisso da estabilidade foi mantido na medida do possível; (ii) até agora não sei como avaliar o papel da crise econômica na mudança de política, após a crise de 2008 praticamente qualquer governante teria usado de instrumentos fiscais, considero impossível avaliar como teria sido o segundo governo Lula sem a crise.
O desastre foi o governo Dilma. A presidente abandonou totalmente a política macroeconômica de FHC/Lula, reforçou o BNDES, tentou baixar juros a força e desvalorizou o câmbio para ajudar a "indústria nacional". As últimas duas políticas só foram parcialmente abandonadas com a pressão do povo na rua.
Dilma foi a única presidente pós-estabilização que não reduziu a inflação, apesar disto as taxas de crescimento durante o governo Dilma foram muito baixas mesmo quando comparadas com as de outros países da América Latina. É contra este governo que oposição se apresenta, creio que isto tem que ficar claro.
P.S. O viés da notícia está claro no momento em que se percebe que o valor de 2003 foi exposto em dólares e o atual foi exposto em reais. A notícia também ignorou a capitalização que ocorreu durante o governo Lula, como foi bem colocado na conversa no FB.

Mudanças no Blog

Ano novo, estilo novo para o blog. Além dos textos com análise de dados e referências a questões econômicas de longo prazo vou tentar colocar mais comentários rápidos a respeito de notícias que considero relevante ao estilo do que faço no FB. O objetivo é que o blog sirva também como registro de notícias e das impressões que tive sobre a notícia.