domingo, 4 de agosto de 2013

Ah se nossos keynesianos fossem assim...

Janet Yellen é uma economista de tradição keynesiana que está cotada para a presidência do FED. Reparem nesta declaração dela:

"— Com o emprego muito longe de seu nível máximo e com a inflação abaixo da meta de 2%, acredito ser apropriado que o progresso do mercado de trabalho assuma o lugar central na condução da política monetária."

Repararam que ela condiciona uma política monetária visando emprego a uma combinação de desemprego alto e inflação baixa? Não me tornei keynesiano nem acredito que se resolva problemas do mercado de trabalho com política monetária. Mas venho tentando dizer faz tempo que o debate sobre o uso de política monetária para "aquecer" a economia só faz sentido em condições específicas e, no Brasil, com inflação alta e acima da meta e com desemprego abaixo da média (o contrário do que Janet Yellen descreveu para os EUA) usar política monetária não faz o menor sentido. Ah se nossos keynesianos fossem assim...

4 comentários:

  1. É o que sempre repito: caras tipo Krugman e Stiglitz nem apertariam a mão dos nossos keynesianos, mas os nossos keynesianos acreditam estar no mesmo "time" deles. Deveríamos pedir pro Krugman validar os diplomas de economistas que passeiam pelo poder no Brasil.

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  2. Ellery, aí é maldade usar o termo "keynesiano" sem as devidas qualificações. Tem keynesiano de tudo quanto é qualidade! Assim como tem o cristão fervoroso que se chicoteia na páscoa, tem aqueles que só comemoram o natal, sabe?

    Eu me considero keynesiano mas não concordo em nada com Dilma, Mantega, Beluzo, Bresser, etc. E concordo que estímulo de demanda agregada seja via política fiscal ou monetária só faz sentido quando a economia opera abaixo de sua capacidade natural/potencial.

    O que não é o caso da economia brasileira de hoje, com o mercado de trabalho apertado, inflação pouco abaixo do novo centro da meta (6.5%), próxima do teto da capacidade produtiva (apesar que a NUCI que eu me lembre não está assim tão alta, pra mim é meio que puzzle esse negócio... talvez a pressão não esteja fundamentalmente no setor industrial... não sei).

    Aliás, o próprio Keynes na bíblia.. quer dizer, na TG fala que depois do pleno emprego estímulos monetários só causam inflação. Tá lá escrito bonitinho. E o messias... eu digo, Keynes também fala que o papel do Estado é o de garantir um ambiente econômico propício ao investidor médio (o que não se consegue mudando regras, dando soco na mesa, mudando IOF a cada semana, etc.) - também tem as passagens sobre assumir um papel cada vez maior nos investimentos, mas deixa isso pra lá.

    "Give Keynesians a chance".

    Abraço

    Alexandre


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    1. A ideia era falar dos keynesianos do governo, que é diferente de keynesianos no governo. Conheço vários keynesianos respeitáveis na academia, no mercado e mesmo no governo, embora estes últimos ou tenham saído ou andem calados. Para ser absolutamente sincero, apesar de trabalhar com modelos RBC, em caso de crises grandes sou um dos que recorrem a Friedman e dizem: we all keynesians now! Abs.

      P.S. Você conhece este paper do Ohanian? http://ideas.repec.org/a/fip/fedmqr/y2008ijulp10-16nv.32no.1.html

      Segue o Abstract:
      This article analyzes Keynes's "Economic Possibilities for our Grandchildren"- an essay presenting Keynes's views about economic growth into the 21st century - from the perspective of modern growth theory. I find that the implicit theoretical framework used by Keynes to form his expectations about the 21st-century world economy is remarkably close to modern growth models, featuring a stable steady-state growth path driven by technological progress. On the other hand, Keynes's forecast of employment in the 21st century is far off the mark, reflecting a mistaken view that the income elasticity of leisure is much higher than that of consumption.

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    2. Entendi sua ironia, mas tive que defender a classe dos "keynesianos anti-manteguistas". Senão daqui a pouco vou ficar com vergonha de dizer que sou keynesiano!

      Não conhecia esse artigo. Interessante o argumento, vou dar uma lida nele.

      Abraço

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